O caminho oculto

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Capítulo VII

A vaca doente

Retirou-se para as vizinhanças do curral, onde sua atenção foi solicitada por uma vaca doente.

A pobrezinha arfava de cansaço. Tinha uma perna quebrada e várias feridas no corpo. Apelava para ele, com o olhar muito triste, como a suplicar-lhe uma gota d’água.

O animal tinha sede, muita sede. Era Brinquinha.

Não pôde furtar-se às recordações de seus bons serviços. Fornecia leite saboroso pela manhã e deixava-se ordenhar, mansa e humilde, parecendo satisfeita em atender às necessidades de toda a casa. O tratador separava-a do bezerro, que chorava, a distância, vendo-se prejudicado no carinho materno. Brinquinha, porém, pousava nele o olhar calmo de mãe, pedindo-lhe, talvez, paciência e boa vontade, até que pudesse satisfazer o ordenhador.

Leonardo recordou-lhe os gestos de bondade e renúncia, mas, mesmo assim, não se animou a socorrê-la.

O animal só faltava falar-lhe diretamente com palavras humanas. Confiante, mostrava-lhe a boca sedenta e a língua seca. Entretanto, o rapazinho conservou-se indiferente.

Chegou a buscar um chicote com que pudesse atormentá-la.

Felizmente, não encontrou o que procurava e, longe de compadecer-se, fez um gesto de ingratidão e disse à vaca enferma, em alta voz:

— Fica-te, por aí, cheia de manhas! Receberás a boa sova de que precisas!




Veneranda
Francisco Cândido Xavier


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