Dois Maiores Amores, Os

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Capítulo XVIII

Com todo amor


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Era sim. Eu era a teimosia em pessoa.

Lembra-se, Mãezinha, de quando me ocultava para fugir de você?

Escutava seu gritos, suas palavras ternas: — “Venha cá. Mamãe está chamando…”

Ouvia tudo e arrancava-me para longe.

E quando me achava de novo em casa era bastante que o seu olhar indagador me fitasse para que me pusesse a agredir:

— “Você, Mamãe, não me entende… Nunca entendeu… Nada. Quero viver minha vida que é diferente da sua. Deixe-me em paz…”

Percebia que os seus olhos se erguiam para mim, molhados de lágrimas que não chegavam a cair, sem qualquer palavra de reprovação ou de queixa.

Hoje que a experiência me renovou, creio que o seu silêncio devia ser uma conversa com Deus a meu respeito, que eu não procurava, nem queria compreender.

Agora, porém, anseio confessar que todas as minhas frases tocadas de aspereza e de ingratidão eram mentira pura.

Por que passaria tanto tempo sem que eu lhe dissesse isto? Em verdade, nunca encontrei um amor igual ao seu.

A vida nos separou com a rudeza da tesoura que corta um ramo florido da árvore em que nasceu. Qual sucede à flor arrebatada aos braços da fronde, muitos disseram que eu ia para a festa…

Entretanto, de todas as festas a que o mundo me conduziu, sempre me retirei com mais sede da sua ternura, da sua ternura transitoriamente perdida.

Seu amor está em meu coração, como a vida que se entranha em minhalma. Seus gestos de carinho permanecem comigo como estrelas no céu noturno.

Perdoe-me pelas cruzes de aflição que dependurei no seu peito, mas ouça, Mãezinha!… Deus não permitirá que o seu sacrifício tenha sido em vão.

Venho beijar-lhe os cabelos que a prata do tempo começou a enfeitar de luz e, ao rever-me no espelho cristalino do seu olhar, observo quanto mudei!

Ampare-me, não me abandone!… E se posso pedir alguma cousa com o pranto de meu reconhecimento, rogo incline os ouvidos para os meus lábios. Anseio revelar um segredo… Unicamente entre nós. Você e eu…

Isto agora é tudo quanto quero falar:

— Você, Mamãe, sempre me compreendeu… Sei agora que nunca nos separamos. Abrace-me… Está sentindo? Meu coração está pulsando pelo seu coração.

Abrace-me… Mais ainda!… Tenho fome do seu amor… Abençoe-me, ensine-me a conversar também com Deus e deixe que eu diga que nunca serei feliz sem você.




Maria Dolores
Francisco Cândido Xavier


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