Os filhos do Grande Rei
Versão para cópiaEsclarecimentos de Cipião
O bondoso velhinho parecia haver terminado, mas Dolores, a pequena estudiosa, cravou nele os olhinhos brilhantes, segurou-lhe nervosamente as mãos, e tornou a perguntar:
— Vovô, não é possível explicar tudo? Jesus não teria falado mais alguma coisa? quais eram os monstros que enganaram os príncipes? quais são os juízes que vieram da parte do Grande Senhor?
O narrador sorriu, visivelmente satisfeito com a interrogação, e comentou:
— Não cheguei a saber se o Divino Mestre prestou esclarecimentos finais às criancinhas de Cafarnaum; mas, de acordo com informações que recebi, farei a interpretação para vocês.
E, com voz pausada e firme, explicou:
— O Rei de todos os reis, bom e altíssimo Senhor, é Deus, Nosso Pai de Infinita Bondade.
Os impérios resplandecentes são os sóis numerosos e os numerosos mundos que se equilibram na imensidade, dos quais podemos fazer ligeira ideia, contemplando o firmamento iluminado.
Os príncipes, necessitados de sabedoria e amor, são os homens e as mulheres da Terra, herdeiros divinos da Criação.
Os conselheiros e cooperadores do Poderoso Senhor são os Espíritos Sábios e Benevolentes que nos auxiliam, em nome d’Ele, em todos os caminhos da vida humana.
A bendita escola construída para a educação dos príncipes é a Terra em que habitamos.
O vigoroso foco de luz, junto do qual foi edificado o nosso educandário, é o Sol que nos sustenta a vida física.
A lâmpada suave e enorme é a Lua.
As árvores e as ervas, as flores e os frutos, bem com os animais de variadas espécies, são os auxiliares dos herdeiros felizes.
Os rios e estradas constituem as comunicações que o Pai nos concedeu a fim de aproximar-nos uns dos outros.
O lar confortável é a casa acolhedora que nos abriga no mundo.
O uniforme ou roupa dos príncipes é o corpo carnal que varia de cor na Europa, na América, na Ásia e na África.
Os conselheiros monstruosos que os aprendizes criaram para si mesmos chamam-se orgulho e vaidade, egoísmo e ambição, ciúme e discórdia.
A rebeldia comum dos herdeiros, na escola terrestre, revela-se no propósito de dominar os semelhantes, através da maldade e da guerra, em que todos os poderes da inteligência são utilizados.
O primeiro juiz enviado por Deus é o sofrimento, que procura despertar a consciência adormecida; o segundo é a morte, que reconduz a alma às realidades do Grande Senhor.
A cegueira, que impediu o retorno dos filhos aos braços amorosos do Soberano Pai, é a treva do mal que se apodera do homem, destruindo-lhe a visão e o entendimento.
O regresso aos uniformes tão caridosamente autorizado pelo Rei Poderoso e Bom, a fim de que os príncipes recomecem o aprendizado, é a lei divina da reencarnação, com a qual aprendemos, em contato com o sofrimento e com a morte, os sagrados princípios da fraternidade, da justiça, do amor, da concórdia, da paz e do perdão.
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