Palavras Sublimes

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Capítulo XLVIII

Nenhum esforço nobre é perdido


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Ismael amigo, Deus te guarde o coração no campo da luta.

É um consolo suave rememorar o pretérito, de espírito voltado para o futuro, através do trabalho e da realização em cada dia. Não precisamos, meu caro, estacionar em lamentações pelos companheiros que se distanciaram do serviço, nem comentar, sentidamente as incompreensões daqueles que ainda hoje fogem amedrontados da esfera de luta. Apraz-nos tão-somente a permuta do nosso abraço cheio de fervorosa confiança nos tempos do porvir. E é com alegria que te conchego ao coração nestes momentos rápidos de reencontro para dizer-te do meu júbilo de companheiro. O velho guarda-livros de Ubá vem reverenciar-te a valorosa coragem. O companheiro dos anos que passaram regressa do Mundo Maior para expressar-te a mesma confiança afetuosa de todos os dias.

Esperanto e Espiritismo foram as duas aspirações maiores de minha vida última e vejo com alegria que são as duas causas supremas de teus sonhos de realizador. Continuemos 1smael, na edificação da fraternidade espiritual. Se a vida não cessa, o trabalho é também permanente e incessante.

Ainda não encontrei motivos para buscar o descanso beatífico dos que olvidam as realizações para a eternidade. Colmeias imensas de trabalhadores movimentam-se aqui, estruturando celeiros de luz e sabedoria, amor e paz, com vistas à humanidade encarnada e desencarnada. A escada evolutiva suporta bilhões de seres em diferentes degraus. Escolas diversas multiplicam-se ao infinito. Círculos de trabalho sucedem-se uns aos outros, interminavelmente. Como é possível, meu amigo, fugir ao grandioso espetáculo do serviço? Por que processo tentar o acesso ao paraíso dos que repousam em suposta paz sem fim se apelos à luta edificante surgem de todos os lados? Nosso maior desejo, na espera atual de serviço, é o fazer sentir aos companheiros encarnados o caráter sublime do esforço gradativo e incessante. O plano divino foge às interpretações apressadas dos homens, ainda mesmo quando esses homens sejam apóstolos da filosofia puramente humana. A morte do corpo faz-se acompanhar de revelações mais altas e mais vastas. A existência secular reduz-se à gota minúscula de tempo e só a realização espiritual, eterna e sublime, pode atingir a verdadeira sabedoria, conferindo ao homem sua herança de divindade.

Nós, os companheiros esperantistas e espiritistas, prosseguimos na luta abençoada, incentivando a fraternidade humana e a redenção espiritual. Podes crer, meu amigo, que , nenhum trabalho para o bem escapa à justiça das compensações naturais. Quanto estiver em tuas mãos e possibilidades, distribui o entusiasmo, a esperança e a alegria no grande campo do Esperanto e do Espiritismo no Brasil.

Aqui se forma diferente mentalidade para a Terra do milênio futuro. Novas expressões de espiritualidade renovadora surgirão no recanto planetário que nos é tão querido, sazonando o fruto da compreensão humana. O mundo tem sede de união e de universalismo. As igrejas, ainda mesmo as de bases cristãs, cerram-se no sectarismo político e religioso, impedindo o acesso das almas ao manancial da divina Revelação. Rios de ouro correm entre as nações mais poderosas, como torrentes de riquezas banhando continentes de condenados. Faltam a fé viva, a esperança redentora e a certeza da vida vitoriosa. E o Esperanto e o Espiritismo constituem as duas alavancas do porvir no terreno da legítima aproximação fraternal entre homens e povos.

Trabalhemos, pois, meu amigo, ainda e sempre! Recordemo-nos de que o Mestre dos mestres até hoje trabalha mais intensivamente que todos os apóstolos do bem reunidos no mundo inteiro! Ondas de renovação surgem de toda parte. Algumas trazem consigo suor e lágrimas, desenganos e golpes aparentemente fatais. É a reconstrução necessária, a reestruturação planetária, cuja obra, em verdade, ainda não terminou. Unamo-nos, pois, em Cristo, o divino Condutor, que nunca desfalece. A noite ainda é muito espessa, entretanto, não podemos duvidar da aurora próxima. Que sejas, meu amigo, o trabalhador otimista e devotado de sempre, suportando as responsabilidades da hora que passa, como quem transporta bandeiras de alegria e luz para os exércitos da fraternidade terrestre que desfilarão no radioso amanhã da humanidade.

São os votos do velho amigo de todos os tempos,




Reformador — Julho de 1946.


Segundo consta do original, a mensagem foi psicografada em 11 de abril de 1946, sem referência de local. Desencarnado em 5 de outubro de 1914, João Ernesto, nascido em Ubá, Minas Gerais, foi um pioneiro do Espiritismo e do Esperanto, sendo seu divulgador incansável, principalmente entre os pobres. Autodidata, foi guarda-livros, famoso maestro e compositor, poliglota, e vezes sem conta atuou como promotor de Justiça por nomeação dos juízes de Direito de sua cidade natal. No início do século XX, escreveu para os jornais O Cinzel, A Folha do Povo, dentre outros, textos sobre Espiritismo e Esperanto, além de livros sobre esses assuntos, sob o pseudônimo “Discípulo de Jesus”. Da data da recepção da mensagem e sua desencarnação haviam se passado 32 anos.



João Ernesto
Francisco Cândido Xavier


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