Presença de Chico Xavier
Versão para cópia“Ao meu caro Quintão”
Quintão, eu sei da saudade Que te aperta o coração, Dos nossos dias passados, Que tão distantes se vão. Vassouras!… belas paisagens Cheias de vida e de cor, Um céu azul e estrelado Cobrindo uns ninhos de amor. Árvores fartas e verdes Pela alfombra dos caminhos, A ermida branca e suave De ternos, doces carinhos. O nosso amigo Moreira E a sua barbearia, Onde uma vez me encontraste Na minha noite sombria. Detalhes cariciosos Da vida singela e calma, Vida de encantos divinos Que eu via com os olhos d’alma. Meus pobres versos — “Singelos”, “Aves implumes” da dor, Que traduziam no mundo O meu pungente amargor. A minha pobre Carlota, A companheira querida, O raio de claridade Da noite da minha vida. Os artigos do Bezerra De outros tempos, no “O País”, O mestre da Velha Guarda, Unida, forte e feliz. A tua doce amizade À luz do Consolador, Teu coração generoso De amigo, irmão e mentor. Ah! Quintão, hoje os meus olhos Embebedam-se de luz, Pelas estradas sublimes Da santa paz de Jesus! Mas não sei onde a saudade É mais forte nos seus véus, Se pelas sombras da Terra, Se pelas luzes dos Céus. |
Esta poesia singela e, por assim dizer, intimamente pessoal; foi recebida em circunstâncias imprevistas e timbra episódios velhos de mais de 30 anos, que o médium não podia conhecer, atento mesmo a sua banalidade. Singelos e Aves Implumes são títulos de dois pequenos volumes de versos publicados em começos do século. Carlota é o nome da esposa do poeta cego, também cegada de uma vista, por acidente, depois de casada. (Nota de M. Quintão).
“” Fed. Esp. Brasileira, 8ª edição, págs. 191 e 421. E às págs. 224 e 234-5 da 10ª edição.
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