Presença de Chico Xavier

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Capítulo XXXIII

“Não culpem o médico!”

1-12-1961.

Minha querida Marina, peço a Deus nos ampare.

Apenas um bilhete curto em que consigo pedir calma e paciência a você. Ajude-me. Não chore mais.

Ainda não pude acomodar-me à nova situação. Em verdade, a sua dor quase me anula. Ampare-me. Eu também sofro.

Não se destroem sonhos da infância que chegam à mocidade, como se apaga uma chama com simples sopro. Nosso noivado era também o meu futuro. Os planos e as esperanças que tecemos nós com todo o coração representavam comigo a verdadeira felicidade para a qual seguia confiante.

Contudo, Marina, antes de nós está Deus, Deus que é a Lei a presidir-nos a vida. Sabe assim o Senhor porque devia deixar meu corpo quando esperava continuar.

Ainda não pude assentar ideias. Ouço você e penso em nossas mãezinhas, à maneira de duas crianças amedrontadas.

Encontrei amigos, dentre eles, seu pai Eduardo, amparando-me. Mas estou enfermo, cansado.

Se você conseguir paciência, melhorarei mais depressa. Então, poderei dizer a você porque fui obrigado a deixá-la temporariamente tão cedo.

Por agora estou aqui sob o auxílio de vários amigos espirituais, para pedir socorro a você.

Ore, confiemos em Jesus. Não use entorpecentes. Não tente encontrar-me abandonando o corpo terrestre.

A saudade é também uma escola em que as lições são duras de aprender. No entanto, é pela dor que merecemos um dia a divina união.

Rogo a você e a todos os nossos não culparem o médico. Não houve imperícia. A operação cirúrgica era simples, mas, devia terminar como terminou, conferindo-me a inesperada renovação.

Rogo ao Osvaldo me auxilie, ajudando a você.

Não chore mais. Mantenha a atenção na assistência aos nossos que precisam de nós. Minha mãe, nossa mãe Angelina e todos os nossos necessitam de nossa paz.

Confio em você e espero que tudo se transforme em nosso caminho. Trabalhe, Marina.

Há quem sofra muito mais que nós mesmos. Repare os abandonados e os infelizes.

Seja você um raio de luz na noite das criancinhas doentes, uma flor no espinheiro dos que atravessam provações que nós dois não chegamos a conhecer.

Dê-me essa alegria. Seja a sua renovação o meu presente de Natal.

Esteja convencida de que, assim, estaremos nós mais juntos e você me sentirá ao seu lado, agora mais do que antes.

Confiando em você, peço a você receber a esperança e o carinho do seu


Anélio

Elias Barbosa


Nota — “Folha de Poços”, de Poços de Caldas, Minas, Ano XVII, nº 2.053, de 23-1-1962. Segundo nos informa o jornal de onde retiramos a presente mensagem, o comunicante Anélio Gilbertoni era natural de Taquaritinga, e sua desencarnação se deu a 21 de setembro de 1961. Chico Xavier psicografou a mensagem na Comunhão Espírita Cristã, de Uberaba, na noite de 1-12-1961, estando presentes, dentre outras, as seguintes pessoas de Poços de Caldas: Ayrton Gouvêa, Lola Henrique, Elza Henrique, Hélio Opípati, D. Yolanda Cardilo, D. Ema Cardilo e o Sr. Basílio Rodrigues de Oliveira, além da noiva de Anélio — Srta. Marina 5eloce, seu irmão Osvaldo Veloce e esposa, “os quais afirmaram-se católicos, e não haviam sido apresentados ao médium”. Após a transcrição integral da mensagem, a redação do jornal colocou a seguinte NOTA: — Marina, após a sessão, relatou que seu noivo consultou-a se ele devia ou não operar de uma úlcera que trazia consigo, opinando a jovem que o rapaz devia aceitar a intervenção aconselhada. Acontece que em São Paulo, na Beneficência Portuguesa, foi Anélio operado, vindo a falecer dias depois.



Anélio
Francisco Cândido Xavier


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