Presença de Chico Xavier

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Capítulo XXXIX

“Rogo abençoem a filha que não morreu”


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Meu querido papai, minha querida mãezinha, estou forte, tranquila, quase feliz se não fosse o sofrimento natural da grande separação.

Rogo abençoem a filha que realmente não morreu.

Venho até aqui amparada por muitos amigos, mas especialmente por tia Maria, a fim de pedir-lhes coragem e paciência.

Não pensem na morte. Não aceitem desânimo no coração. Pensemos na vida, na beleza da vida, com fé em Deus.

Estou melhor, menos abatida, menos aflita.

Nós temos agora uma família maior, os que sofrem mais do que nós.

Não se acreditem sozinhos. Sei que lastimam agora fosse eu uma filha só em casa. Não chorem por isso, porque Jesus nos dá por filhos as crianças sem lar.

Não suponham que poderiam ter tido mais filhos, que teria sido melhor a família maior, a casa mais cheia. Não, mãezinha, tudo está certo.

A senhora fez o melhor. Quis juntamente com meu pai que a sua filha estudasse e crescesse para uma nobre tarefa.

Deram-me tudo, em nossa felicidade familiar. Mas o Senhor por suas leis resolveu de outro modo.

Isso não impede nosso trabalho de amar as crianças menos felizes daí, vamos acrescentar a felicidade onde estivermos.

Não chorem mais. É verdade que a primeira série de meus estudos estava firme e sinceramente eu queria ter ficado, viver com vocês dois…

Sonhava também ajudá-los, retribuir as dádivas de amor com que me enriqueciam as horas… Mas a leucemia no corpo estava no programa.

Ao vê-los aflitos, desconsolados, fiz tudo para aproveitar os remédios, entretanto, mãezinha, a minha cura tinha de ser espiritual e não física.

Hoje sinto-me renovada e quero que se renovem. Auxiliem-me com a paz. Lembrem-me viva, satisfeita, estudando com alegria.

As lágrimas com que me recordam caem no meu coração por chuva de fogo.

Desculpem-me ser assim tão franca. Mas é verdade, o que digo, o pensamento é uma ligação, que ainda não sabemos compreender.

Quando estiverem com as nossas lembranças mais vivas, comemorando acontecimentos, não se prendam à tristeza.

Embora separados estamos juntos em nosso íntimo. Explicar isso ainda não sei.

Posso, porém, dizer-lhes que estou com vocês dois, assim como alguém que carregasse no ouvido um telefone obrigatório. Não estou em casa mas ouço e vejo quanto se passa.

Nossos amigos daqui me esclarecem que isso passará quando a saudade for mais limpa entre nós.

Saudade limpa!… Nunca pensei nisso. Mas dizem que a saudade que se faz esperança no coração, é assim como um céu claro, mas a saudade sem paciência e sem fé no futuro é semelhante a uma nuvem que prende com sombra e tristeza aqueles que lhe dão alimento na própria alma.

Agradeço as preces e as vibrações de ternura com que me ajudam, mas não percam a confiança.

Quando vier o Natal não chorem mais como fizeram da última vez. Sofri muito ao vê-los em aflição.

Há quase um ano estou aqui na vida diferente e desejo melhorar-me, aprender, progredir.

Não acusem a leucemia não. O que houve, conforme aprendo agora, foi resgate em mim mesma.

Vim a saber que em outro tempo, confiei-me ao veneno, extenuando a vida em mim própria. Renascendo, passei pelos resultados. Tudo está bem, se compreendermos que Deus só nos deseja o Bem.

Não posso escrever mais.

Agradeçam à tia Maria e ao vovô Joaquim, o que fazem por mim.

Agora vocês podem fazer isso. Orem, e na prece, falem a eles do bem que nos trazem.

Papai, mãezinha, a saudade pode ser grande, mas a esperança é maior. Confiemos na Bondade de Deus e recebam o coração da filha que lhes pede a bênção,


Marilda

Elias Barbosa


“Mensagem Espírita”, Porto Alegre, Rio Grande do Sul Ano I, nº 4, agosto de 1969, págs. 3-4. Mensagem recebida na noite de 20-6-1969, em Uberaba, Minas, dirigida aos pais da jovem comunicante, Sr. Walter Menezes e D. Cândida Menezes, residentes na cidade de Igarapava, Estado de S. Paulo.



Marilda
Francisco Cândido Xavier


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