Presença de Chico Xavier

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Capítulo VII

Um filho que volta

Minha querida mamãe, meu pai, estou melhorando.

Rogo me auxiliem. Abençoem-me e não se esqueçam de que continuo na posição de um filho necessitado.

O corpo ficou nas águas, naquela mesma paisagem onde pretendia descansar dos estudos em Mongaguá, mas estou vivo — vivo como sempre — e como sempre dependendo de casa para ficar tranquilo.

Estou muito cansado ainda, minha querida mãezinha! É uma fadiga que não sei explicar, entretanto, posso dizer que não vem daquilo que chamamos “morte”. É o reflexo da vida mesmo.

Vejo seu rosto sem parar, todo banhado de lágrimas sobre o meu e sua voz me alcança de maneira tão clara que pareço carregar ouvidos no coração!

Ah! Mamãe! eu não tenho direito de pedir ao seu carinho mais do que sempre recebi, mas se seu filho pode pedir mais alguma cousa à sua dedicação, não chore mais. Estamos tão ligados, como se eu estivesse em seu colo, precisando de movimento livre para viver.

Suas palavras da alma chegam sobre mim e vejo que a sua ternura está sob rude aflição, atormentada, querendo morrer para me encontrar. Não faça isso, mãezinha! A Vida é um dom de Deus.

E meu pai? E os outros filhos? Umberto, Mauro, Patrícia estão ao seu lado, esperando a sua proteção e o seu carinho. Não duvide da Bondade de Deus! Ore com a sua confiança de sempre.

Aconteceu comigo o melhor que eu podia ganhar da Providência! Então, mamãe, depois de tanta confiança em Jesus, seu coração vai perder tudo, desistir, desanimar, desertar? E Jesus?

Aqui está comigo o vovô Manoel que lhe pede orações e recorda que hoje todos os cristãos estão lembrando Jesus ressuscitando para a Vida Eterna… Não podemos esquecer estas verdades que nos garantem a confiança no reencontro.

Não estou desamparado e nem nossa casa. Deus está conosco.

Não imaginem que eu poderia ter evitado o que sucedeu. Não foi descuido, foi o coração que falhou… Quando me aproximei da água, senti que minhas forças esmoreciam… Depois caí como num sono… Onde estive ainda não sei. É muito pouco o tempo de minha renovação… Sei apenas que acordei num quarto muito limpo de hospital e com os enfermeiros alguém cuidava de mim, como se fosse a senhora mesmo…

Tanto carinho naquelas mãos que me acariciavam de leve, tanto amor naquelas palavras que me pediam dormir…

A princípio pensei que nós dois estávamos juntos numa casa de saúde, depois do desmaio que eu havia sofrido, mas, muito a pouco e pouco percebi que era outra pessoa aquela figura carinhosa de mãe que me amparava…

Quando comecei a escutar sua voz a me chamar com tanta angústia e a ver o seu semblante sobre o meu encharcando o meu rosto de lágrimas, indaguei sobre o que me acontecera e só então vim a saber que aquela outra mãe era a vovó Abadia, de quem tantas vezes ouvi falar em casa.

Compreendi, por fim, toda a verdade! E se venho aqui com tanto auxílio é para suplicar ao seu coração, mãezinha, viver e viver, ajudando-me a reviver!

Não creia que perdi o meu curso ginasial! Vou estudar aqui também e vou ajudá-la com o auxílio de Deus!

Não fique triste! Lembre os meninos e o trabalho bendito que Jesus nos deu a fazer.

Meu pai precisa de sua coragem, como ocorre comigo. Rogo ao seu carinho conformar-se e confiar.

Tudo passa e, um dia, nos reencontraremos. Creia, porém, mãezinha, que ainda estou dependente de sua força. Ampare seu filho e não deseje morrer. A vida continua. Esperemos trabalhando para cumprir as nossas obrigações, a fim de merecer a felicidade.

Mãezinha querida, meu querido papai, não posso ser mais extenso. Confiemos em Jesus e creiam — mas creiam com todo o coração — que não morri.

Os amigos que me ajudam recomendam-me o ponto final. Obedeço, entregando-lhes todo o carinho e todo o reconhecimento do filho que lhes beija as mãos e não poderá esquecê-los jamais.

Muito reconhecido o vosso


Alberto

Elias Barbosa


Nota: Na noite de 28-3-1970, ao final da reunião pública da Comunhão Espírita Cristã, o médium Chico Xavier psicografou esta mensagem perante o pai do jovem comunicante — Alberto Teixeira Duarte, que nasceu em Rio Verde, Estado de Goiás, a 19-9-1950, e desencarnou em Mongaguá, Estado de São Paulo, em 18-12-1969, — Sr. Juvenil Nogueira Duarte, industrial de São Paulo, e D. Célia Teixeira Duarte, além dos irmãos citados na página mediúnica. A família visitava pela primeira vez a mencionada instituição espírita de Uberaba. Alberto era funcionário do Banco Brasileiro de Descontos S.A., agência de Vila Maria, São Paulo, e iria concluir o curso ginasial no Colégio 9 de Julho, em dezembro de 1969, quando desencarnou em pleno banho de mar, na Praia Grande.



Alberto
Francisco Cândido Xavier


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