Elucidação

Depois da aula em que nos achávamos, eis que o amigo Jair Presente me aborda com a gentileza que lhe é característica, apresentando-me um livro datilografado.

— Se possível, pediria à sua bondade ler este nosso novo trabalho, externando a sua opinião. É um volume simples.

Tomei aquele conjunto de páginas com satisfação e li.

O título, porém, me intrigava: “Rapidinho”

— Jair, perguntei, o que significa a palavra “rapidinho” na Língua Portuguesa?

O rapaz articulou um sorriso de alegria e compreensão e aduziu:

— “Rapidinho” é o diminutivo da palavra “rápido”. Serve para designar textos curtos, informações ligeiras, diálogos sintetizados e narrativas reduzidas no tamanho, sem qualquer prejuízo nas palavras que tratem do objetivo por dizer. Costumamos repetir entre nós, os estudantes de nossa Faculdade: “este documento pode ser lido rapidinho” ou então para solicitar determinado favor a um colega: “por obséquio datilografe este bilhete para mim, é rapidinho”.

Sempre pensei compor algo leve, sem contorno desnecessário, entendendo-me com o leitor no mínimo de tempo. Pensei, pensei e produzi este livro, à maneira de opúsculo usando o mínimo de apresentação de minhas pobres conclusões e pensamentos, em torno de minhas observações e de fatos considerados sem importância.

Este pequeno volume me escapou da mente e do coração, com destino ao coração e à mente dos nossos irmãos que não dispõem de tempo bastante para se dedicar aos grandes livros.

Compreendo que os grandes livros são vigas notáveis da cultura e da inteligência, mas o senhor não julga importante promover as anotações dos serviços literários mais humildes, tão pequenos e desvaliosos quanto eu mesmo, para quem, muitas vezes, só consegue mobilizar alguns minutos para a leitura, quais os momentos em que é obrigado a se valer de um ônibus ou de um banco de metrô para atingir o lugar de serviço em que se encontra engajado?

Quem poderia contrariar os argumentos de Jair desde cedo habituado a refletir nas dificuldades alheias?

— Compreendo, acrescentei, todos os textos do seu livro são rigorosamente doutrinários. O leitor ganhará conhecimentos nobres, com a vantagem de aprender sorrindo… Tome o seu trabalho e promova os meios de divulgá-lo. O seu livro, aliás, é um respeitável companheiro, nas ideias que nos transmite.

Foi assim, amigo leitor que este volume nasceu de um coração juvenil em nosso benefício. Que as anotações e apontamentos sintéticos do autor possam enriquecer-nos a todos, de otimismo e de instrução, para seguirmos com mais segurança nos caminhos da vida, são os nossos votos.



Uberaba, 5 de fevereiro de 1989.



Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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