Relicário de Luz

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Capítulo LXVII

Mãe, não chore mais!


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Querida mamãe: Peço ao seu carinho me abençoe como sempre.

Com o auxílio de Jesus, estou ao seu lado, continuando no abençoado esforço da prece, para conquistar humildade, paz, fortaleza e compreensão diante da Divina 5ontade.

Suas manifestações de carinho, nos pensamentos de todos os dias, ajudam-me a restauração gradual.

Quando me volto para os dias que se foram, ocupando a mente com as lembranças do círculo de lutas que deixei, a aflição ainda me domina; contudo, se me empenho em conservar a esperança, tudo se modifica.

Neste meu novo mundo, o sentimento é mais vivo que as palavras. No corpo, às vezes, falamos, em muitas ocasiões, daquilo que realmente não estamos sentindo; mas, na vida de nossa alma, o coração parece caminhar à, frente de nós. Não é possível ocultar, como aí acontece, o que nos vai por dentro. Por isso, tenho tido muito cuidado comigo mesmo, para não perder as lições.

Até certo ponto, creia a senhora, que a minha situação é a de um menino recém-chegado na escola, com muita cautela no próprio comportamento para errar o menos possível.

A senhora não imagina o bem que me fizeram os estudos ligeiros que pude realizar, dentro do Espiritismo, nos meus tempos últimos.

Aí, por várias vezes, me surpreendi, indagando de mim mesmo por que sentia tão de repente inclinado à fé! Perguntava se meus impulsos nesse terreno não eram apenas o propósito de cooperar com a senhora ou se algo me renovava instintivamente para a vida espiritual!… Hoje, vejo melhor.

Nossos amigos prepararam-me o regresso, e, generosos, não se resignaram a sentir-me desabrigado no temporal.

Nossas orações, nessas palestras, leituras e reuniões, tudo, tudo que nós dois vivíamos com tanto encantamento e fervor, agora constitui para mim uma espécie de valioso crédito espiritual que vou gastando aos poucos, na construção de meu futuro diferente.

A senhora guiou-me na Terra, auxiliando-me a entrar na luta e, com as suas virtudes de heroína de Cristo, no lar, ajudou-me a sair dela, no rumo da Vida Maior.

Mamãe, como lhe sou reconhecido! Um dia, com o socorro de Deus, conseguirei retribuir à senhora tantas bênçãos. Até lá, não se incomode pelo aumento incessante de minhas dívidas.

Preciso ainda e sempre do seu apoio e da sua coragem para batalhar e vencer.

Batalhar com a minha própria natureza para vencer os inimigos que ainda trago dentro de mim; e, vencendo-os, ao preço de meu esforço, poder servir a Jesus, como agora desejo, com todas as fibras do meu coração.

Não chore mais, peço-lhe. Seus olhos confiantes não podem nublar-se para que seus filhos não errem a estrada.

Não se acredite sozinha ou menos feliz. Admito que hoje posso dar-lhe alegrias mais nobres mais seguras, que aquelas de minha permanência na carne.

Tudo passa, mamãe! O corpo é assim como leve casca de noz em que viajamos no furioso mar das provas terrestres. Tudo se altera quando menos esperamos. Tenhamos, contudo, nossa fé concentrada em Jesus e caminhemos!

Agradeço, por intermédio da senhora, aos nossos amigos, os preciosos recursos com que me amparam em minha nova fase de luta. A amizade é uma fonte de água cristalina, a refazer-nos as energias na longa peregrinação espiritual para Jesus.

Mamãe, confio na senhora, em sua fé, em sua compreensão e em seu valor. Do Alto, virá o suprimento de forças e bênçãos de que necessitamos,

Minhas lembranças e saudades a todos e peço, à senhora, receber todo o coração do seu




Antônio
Francisco Cândido Xavier


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