Relicário de Luz
Versão para cópiaCarta de outro mundo
Não aceites por ventura Prazer que te desconforte. O peixe nada à procura Da isca que o leva à morte. A cantiga sem cautela Desce a abismo inesperado. Alçapão abre a janela Ao pássaro descuidado. Trabalha e atende ao porvir. Contudo, pensa primeiro. Formiga vive de agir Mas não sai do formigueiro. Não uses a liberdade Gozando a inércia do bruto. Se queres a eternidade Não desprezes teu minuto. Faze o bem. Não sejas louco, Aprende no amor cristão. Inteligência é bem pouco No dia da salvação. Sem Deus, não busques na Terra, Luz e paz em parte alguma, Há mais angústia e mais guerra Quando a mentira se esfuma. Evita o abono e a licença Em que a preguiça se escuda. Ferrugem é a recompensa Da enxada que não ajuda. Dos males que andam na estrada, Aquele que mais domina É a mente desocupada Que vive sem disciplina. Despreza a ciência avessa. É dolorosa irrisão Ter mil livros na cabeça E gelo no coração. Perdoa a mão que te prende A tropeços escarninhos. Muita rosa se defende Pela abundância de espinhos. Foge aos gozos aparentes. Toda flor cai ao monturo, Mas o fruto dá sementes Que seguem para o futuro. Mas a glória que se inflama, Sem Jesus-Cristo no fundo, Quase sempre é treva e lama Nos caminhos do outro mundo. Não te exponhas ao perigo Da tentação que te agrade, Mas se tens Jesus contigo Não temas a tempestade. |
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