Relicário de Luz

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Capítulo XCIV

Alma e corpo

Disse a Alma, chorando, ao Corpo aflito:

— Por que me prendes, triste barro escuro,

Se busco o Espaço imenso, se procuro

O império resplendente do Infinito?


Por que me deste a dor por sambenito

No caminho terrestre áspero e duro?

Por que me algemas a sinistro muro,

O coração cansada, ermo e proscrito?


Mas o Corpo exclamou: — Cala-te e ama!

Eu sou, na Terra, a cruz de cinza e lama

Que te serve de ninho, templo e grade…


Mas dos meus braços partirás, um dia,

Para a glória celeste da alegria,

Nos castelos de luz da eternidade!…




Anthero de Quental
Francisco Cândido Xavier


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