Sementeira de Paz

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Capítulo XXXII

Magnetismo curador

11/12/1946


Meu caro Rômulo, Deus o abençoe e fortaleça, iluminando-nos o caminho para as necessárias realizações.

Quero felicitar a você pela nova porta que se abriu ao porvir do Roberto. Venceu ele uma fase difícil da mocidade. Meu abraço a todos, todavia, deixarei o assunto para outra oportunidade, a fim de estender-me por mais algumas linhas como desejo.

Estou muito agradecido a Deus e a vocês. As suas aplicações de ao próprio organismo vêm sendo coroadas de maravilhoso êxito. Sua posição física melhorou de maneira considerável e espero que você não abdique desse poder, movimentando-o quanto esteja ao seu alcance em benefício de você mesmo e dos nossos semelhantes.

Acompanhei suas considerações de ordem mental, de ontem para hoje, no que se refere ao nosso amigo do Rio, que adoeceu tão gravemente, no campo das energias psíquicas. Noto a propriedade de suas perguntas acerca dos poderes da mente e da palavra, e sinto-me satisfeito com as suas indagações. Sim, é mais razoável tratar o companheiro por enfermo, conforme vocês ainda agora leram claramente na epístola do apóstolo Rm 14:1, no versículo 1 do Cap. XIV

Nosso velho camarada de lides espirituais precisa de amparo, de modo que lhe advenha a necessária melhoria.

Quanto à sua impressão de que poderemos utilizar facilmente o manancial verbalístico dos amigos encarnados nos serviços de edificação, há que ser refundida para não supor você que isso se verifique extensamente. Podemos influenciar apenas os que se encontrem sintonizados conosco. Fora disso, o esforço é muito difícil, quase impraticável. No bem ou no mal, as inteligências desencarnadas que atuam nos homens se contam por dezenas e centenas, por vezes. Há muitos pregadores da própria religião, em seus diversos aspectos, que se entregam a forças menos edificantes. Nesse sentido, o próprio Cristo aconselhou orarmos e vigiarmos incessantemente para não cairmos em tentação.

Relativamente aos desvios ou acidentes com elementos brilhantes do caminho, elementos que refulgem como estrelas da palavra, não somos nós, os desencarnados, que nos utilizamos indebitamente deles e sim eles que abusam indebitamente dos patrimônios que lhes são facultados. Você compreende que a admissão de um companheiro ao serviço representa sociedade espiritual nos interesses coletivos da oficina em que nos movimentamos. O administrador dará o que possui de melhor ao subalterno, ensinar-lhe-á a ciência do ofício, aparar-lhe-á as arestas, imprimindo-lhe novo brilho aos hábitos, ao verbo e à personalidade. Mas se o servidor ainda alimenta as raízes da vaidade, dia virá em que se revela, imprevidente, sob o verniz brilhante e benéfico.

A necessidade de cooperadores no plano invisível estabelece a admissão de muitas inteligências que prometem e que chegam, efetivamente, a fazer muito, mas inteligências falíveis, suscetíveis de adormecer sobre os louros conquistados. Quando o servidor nada fez, o desvio também nada representa, mas se tomou os encargos e os cumpriu. Ainda que parcialmente, a modificação inferiorizante é grave, e por grave nos merece mais atenção e mais carinho, embora incluamos a vigilância como programa de todos os minutos.

Quanto aos problemas da palavra, tão sublime em suas manifestações, é muito triste, meu filho, quando a vaidade cega os videntes da vida humana, impedindo-lhes a justa apreciação das coisas. Nesse capítulo, o Evangelho está repleto de observações generosas que fazem muita luz sobre os nossos raciocínios. Quando o trabalhador não se prepara à frente das eventualidades do caminho, o ânimo desprevenido pode ser vítima de verdadeiros desastres.

Estamos perante um caso de oração, porque a árvore é grande, robusta e respeitável. Em virtude de haver abrigado a muitos, reclama-nos veneração, mas como se elevou tanto na atmosfera da cultura sem raízes no solo do amor o abalo que lhe move as bases é perigoso e requisita vigilância.

O quadro é simbólico. E esteja você convencido de que se o homem visita o Evangelho com os olhos e com os raciocínios e não permite que o Evangelho lhe visite o coração e os sentimentos, mesmo depois da morte é suscetível de quedas alarmantes.

Você disse bem quando se expressou há momentos afirmando que enquanto os nossos companheiros ingleses perseguem as demonstrações da sobrevivência da alma como escopo básico do Espiritismo nós procuramos estabelecer o reconhecimento da existência do espírito. Nossa vanguarda relaciona o problema da eternidade à frente de todas as questões que se tornam satélites naturais no sistema da verdade imperecível. Nesse entendimento, portanto, ajudemos ao nosso amigo com as nossas preces. Ele adoeceu em plena vida, em plena eternidade, e se restabelecerá nesses mesmos círculos sagrados do Universo. Que o Senhor o abençoe e proteja.

Fazemos votos ardentes para que os nossos façam boa viagem de regresso a casa. Estaremos com vocês na luta de cada dia.

Com referência ao braço, o nosso clínico amigo é de opinião que você pode usar os medicamentos aconselhados por mais 8:10 dias. A manifestação úrica está cedendo, felizmente. Às vezes, o uso reiterado do peixe provoca esses pequenos fenômenos que a irritação costuma dilatar e agravar. Nada de importância. Com o auxílio divino, venceremos na boa batalha de sempre.

Boa noite e que Deus o abençoe. Receba afetuoso abraço do papai muito amigo de sempre,




Nota da organizadora: Romanos 14:1 – “Mas acolhei o que é fraco na sua fé, não para discutir as suas dúvidas.” Tradução pela Sociedade Britânica e Estrangeira – 1942. “Ao que é fraco na fé, acolhei-o sem discutir opiniões.” Tradução da Bíblia Sagrada pelo Padre Matos Soares, Porto, Portugal, 1933.


Nota da organizadora: sobre o “amigo” em questão não nos foram dados maiores informes.



A. Joviano
Francisco Cândido Xavier


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ORA, quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas.

rm 14:1
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