Sementeira de Paz

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Capítulo XLVII

Cultuemos o dever, dia a dia

23/04/1947


Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, concedendo-lhes muita saúde e paz.

Partilhando-lhes as preces, em nossa hora de paz, formulo votos para que sejam muito felizes nas viagens que os levam à luta em setores diferentes. Estarei com vocês, em pensamento, seguindo-lhes de perto os passos, quanto esteja ao alcance de minhas possibilidades humildes.

Espero, Maria, que Wanda seja muito feliz, voltando enriquecida de experiências e novidades de elevação. O intercâmbio é imperativo da fraternidade. E a nossa alma requer alimento de emoções novas que nos renovem constantemente para o bem.

Tenho seguido, Rômulo, o curso de seus pensamentos nestes dias. Sinto-me satisfeito, identificando a serenidade que você vai adquirindo à frente das lutas que a Bondade Suprema reservou ao seu espírito na presente “estação terrestre”.

À medida que correm os anos, avolumam-se as responsabilidades e escasseia a colaboração para todos os que se propõem ao espírito de serviço no mundo atual. Ainda é característico da posição evolutiva da comunidade planetária. Procure despreocupar-se da responsabilidade e achará logo cooperadores em bando, que exaltem a primavera festiva sem cogitar do inverno que pode vir depois. Mas , e a assembleia dos companheiros visíveis é sempre menor. É natural. É a subida. E a escalada, meu filho, é muito diferente das carreiras na planície.

Sua experiência de administrador, a esta altura do trabalho, deve falar bem alto ao seu coração. Uma alegria ninguém conseguirá subtrair à sua alma – a alegria de haver servido a todos, em nome do Poder que os elementos atendidos não se preocupam em conhecer, o júbilo de haver criado padrões de trabalho edificante para muitos e muitos interesses da coletividade, o contentamento de haver projetado e concretizado tanto quanto tem sido possível a você na direção do bem comum, sem fronteiras divisórias e sem restrições de qualquer natureza.

Esse é um bem que inúmeros administradores que passaram aí, envergando condecorações e títulos diversos não chegaram, de leve, a conhecer.

Quanto ao mais, a luta não pode, efetivamente, ser outra. A árvore que se desenvolve passa a respirar em clima de solidão nas zonas mais altas. E as correntes que se movimentam em certa altura são muito diversas das que entretêm a vida embaixo, rente ao solo. Ajude a você mesmo, no sentido de aceitar essas realidades como são.

Lembremo-nos do próprio Cristo, ainda aqui, nestes comentários à vida habitual. Quando foi colocado à frente da turba, separado daqueles aos quais amava enternecidamente, julgado por todos e compreendido de ninguém, aparentemente sem o poder de curar e sem o título de salvador, distanciado das aspirações populares que lhe pretendiam a declaração revolucionária para que fosse coroado rei, só e distante mentalmente da multidão, foi apresentado por Pilatos como sendo o “homem”. (Jo 19:5)

Todos nós, em nossas tarefas construtivas, conhecemos esses momentos. Como que desconhecida voz fala conosco mesmo: “Eis o homem”. E você é feliz por sentir-se quitado com os seus compromissos.

Convertendo seu esforço humano em missão espiritual, você tem lucrado infinitamente e aqui não teço tais comentários para provocar pensamentos tristes e sim louvar a sua coragem e esperar sua calma bem-humorada para essas situações transitórias.

O salário interno que você acumulou é grande demais para que seu coração resvale para o pessimismo. Esse é o Plano no qual ainda estamos. Essa é a luta que o Pai nos confiou. Esses são elementos que seguem conosco. É melhor sempre acender uma vela que maldizer a escuridão, segundo nosso amigo André Luiz.

Não gaste muitas palavras, nem grandes emoções no acervo das experiências em curso. Trabalhemos e passemos. E creia que tudo isso, no fundo, é também redenção. Ninguém, e nisso esteja convencido, permanece dois anos em nossa companhia sem laços adequados para a concretização de boas experiências ou sem elos seculares e milenários que precisamos santificar.

Em sua missão administrativa, os remanescentes do passado são numerosos. A maioria já passou e rendamos graças a Deus por haverem passado à frente de sua tolerância e sincero propósito de servir.

No comércio divino da vida, só o amor paga as contas. E amando suas realizações você tem colocado seus deveres acima de quaisquer preocupações exclusivistas. Louve a Jesus por haver sabido desenvolver esse patrimônio. Representa graças e socorros do Alto, que nem todos sabem receber. Procure, desse modo, desligar sua mente das perturbações que as circunstâncias estabeleçam em seu jogo incessante.

Preserve sua saúde psicofísica e recorde que suas possibilidades de servir são imensas, não só aí, onde a luta procura instituir o desânimo em seu espírito, mas em outros setores diferentes, em que os seus valores podem crescer cada vez mais. Não convém desancorar o navio para enfrentar a tempestade. Afinal de contas, o Senhor tudo dispôs para que façamos sempre boa viagem.

Dar excessivo preço a mercadorias precárias não é de bom parecer. Não quero com isso menoscabar ninguém. Todos os homens são portadores de imensos patrimônios potenciais. Desejo apenas que você transite pelo “mercado espiritual” de cada dia sem inquietações e desapontamentos. Ofereça constantemente os bons artigos de seus sentimentos mais elevados e se outrem desejar expor elementos menos superiores, que o faça sob a fiscalização do Governo Divino. Tudo está nas mãos de Deus. Essa, meu filho, é a grande verdade e Deus põe em nossas mãos o que pedimos para cultivar.

Relativamente ao Fausto, peço a você não se impressionar em demasia. Cremos que a licença é de bom alvitre. Poderá, talvez, refazer as energias psíquicas e melhorar o quadro geral de suas disposições. Faça o que você puder. Você sabe que o meu coração de pai é sempre o mesmo. Peço a Jesus conceda a ele suficientes recursos para restaurar a visão, o entendimento e a saúde.

Se eu pudesse, infundir-lhe-ia todos os bens que eu desejo, mas, como você sabe, há situações em que o amor não pode operar senão com a prece. Tenho receio de que ele se afaste de sua influência direta. É um perigo entregar-se o homem, ainda não muito seguro da espiritualidade mais elevada, a si mesmo.

O trabalho é um refúgio para que a mente não desperta de todo possa sair de si mesma em procura de alimentação renovadora. E você sabe que a hora do Fausto é difícil, em vista dos compromissos assumidos com a organização doméstica. Contorne a zona nevrálgica e ajude-o como se o fizesse você a qualquer um outro. Será melhor assim para que o sentimento não experimente dilacerações com “palavras do tumulto”.

A luta pela Terra é assim mesmo. Não se aflija. Continue comandando sua batalha, valorosamente, até que Deus modifique seu gênero de serviço. Mas prossiga satisfeito e contente consigo mesmo. O otimismo e o bom-ânimo dão saúde e precisamos de sua saúde em boa forma.

Agora, despeço-me. Com os meus votos de felicidade, aguardo para nós todos a bênção de Deus.

Ainda em tempo, aconselho-lhes cuidado com os dentes – Maria com a vitamina C para defender-se e você providenciando o trabalho de reforma, com calma, que necessita.

Que Deus os abençoe e fortaleça é o voto muito sincero do papai que não os esquece,

A. Joviano

Minhas carinhosas lembranças ao Roberto.


Papai


A. Joviano
Francisco Cândido Xavier


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III Joao 1:5

Amado, procedes fielmente em tudo o que fazes para com os irmãos, e para com os estranhos,

3jo 1:5
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João 19:5

Saiu pois Jesus fora, levando a coroa de espinhos e o vestido de púrpura. E disse-lhes Pilatos: Eis aqui o homem.

jo 19:5
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