Sementeira de Paz

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Capítulo XLIX

O altar doméstico

21/05/1947


Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, conferindo-lhes muita saúde e paz.

Rejubilo-me sentindo-os novamente reunidos no santuário doméstico, partilhando as bênçãos da tranquilidade familiar. Ainda ontem aqui estive, no culto de vocês, e acompanhei o nosso amigo em sua demonstração de amor fraterno.

Senti-me feliz com o material de interpretação que recolheram. é, sem dúvida, o maior receptáculo da luz divina. As lutas pequeninas das horas são júbilos para o espírito, como portadoras que são, de mais brilho, nos vasos do templo. Que Deus abençoe sempre a vocês, multiplicando alegrias em torno de seus passos. E estejam certos de que continuaremos, através do tempo e do espaço, a nossa bendita semeadura de amor. Os valores do espírito, como o próprio espírito, são eternos.

Felicito a você, Wanda, pelo êxito da viagem. Muita vez estive ao seu lado, apreciando as situações e as paisagens. Como você observou, minha filha, os problemas e organizações de ordem material são os mesmos, embora os povos se façam diferentes. As árvores do Rio Grande prosseguem deitando raízes pelo Uruguai adentro.

A natureza física em si mesma é acervo de substâncias idênticas. E no fundo, examinando desapaixonadamente o quadro, reconhecemos que os imperativos espirituais das nações perante o Cristianismo se identificam igualmente.

Sempre a necessidade de Jesus nos corações, as perspectivas de um futuro sublime com ele e as ameaças de decadência sem a sua influência divina. E o que nos assombra é a paciência do Senhor aguardando-nos no caminho. Por mais que pudéssemos raciocinar sobre isso, jamais chegaríamos à compreensão de sua grandeza em nosso presente estado evolutivo. Estou satisfeito por você haver começado e terminado tão bem o roteiro traçado, embora as modificações impostas ao mapa inicial.

Quanto a você, Maria, sentimo-nos todos contentes, em face de sua permanência com os que, no Rio, nos são queridos aos corações. Para o nosso amigo General Aurélio, a sua visita foi um acréscimo de forças, pelo incentivo que a sua atuação afetuosa consegue infundir-lhe ao espírito e para o Roberto sua cooperação representou um remédio salutar e oportuno.

Sua saúde ganhou muito e foi proveitosa a sua observação do fenômeno bucal, a fim de reconhecer que o problema não se radica à circulação. Já conversei com o nosso clínico amigo que me esclareceu tratar-se de uma deficiência muito pronunciada da vitamina C – embora o uso do Cantana esteja sendo observado – deficiência essa que se alia ao capítulo dos dentes, que devem continuar sob as vistas do odontólogo amigo, como se faz necessário.

Quando sobrevém pequena indisposição do fígado em suas atividades naturais, a situação se complica e a intoxicação surge à tona com mais força. O nosso amigo é de opinião que você use o Clorascorbs – aliado ao Cantana – para melhorar o suprimento vitamínico, e o Neo-Gorgesan para bochechar, como elemento de colaboração com o dentista. Se isso não bastar, então voltaremos a novas diretrizes nesse particular. Relativamente ao fígado, não convém traçarmos regimes de alimentação. É suficiente evitar os molhos muito excitantes e observar o mínimo de carne de porco e ovos, durante algum tempo. Nada mais. Sempre que possível, verduras frescas. A verdura auxiliará muito no reajustamento orgânico a que estamos nos reportando. Fique tranquila e vamos cuidar da questão com o otimismo e confiança em Jesus.

Rômulo, acompanhei a visita do pequeno-velho filósofo até vocês. Francamente, tive o desejo de ser-lhe útil, de alguma sorte. Não sei se ele voltará ao nosso campo de lutas edificantes, mas se isso acontecer, e se ele se colocar numa posição espiritual que mereça um amparo mais forte no setor de trabalho, não posso deixar de pedir as suas simpatias para o caso dessa criança, envolvida, tão cedo, nos meandros de missão tão complexa. Não convém oferecer-lhe coisa alguma, não só considerando os imperativos espirituais que nos regem, mas também a fisionomia humana da situação.

Registro o fato e não oculto os desejos que, aliás, são pessoalmente meus, em vista da importância das possibilidades de que ele se faz portador.

Não estou autorizado a identificá-lo, mas é companheiro do próprio Rousseau reencarnado, em compromisso de trabalho espiritual de alto porte. Mas você, hoje, sabe tanto quanto nós, que o trabalho dessa natureza depende em vastíssima percentagem do tarefeiro. Não podemos improvisar-lhe o clima cristão para o campo íntimo. Ele teria que se conquistar, centímetro a centímetro, adaptando-se àquele cuja luz é, presentemente, a razão de nossos mais sublimes ideais. Enfim, esperemos o tempo.

A Graça Divina descortinou-nos ao serviço horizontes verdadeiramente sem fim e em todos os lados para os quais nos voltemos encontramos o trabalho a fazer, de mil modos e com mil sugestões diversas em cada dia. Que Jesus nos fortaleça para o desempenho de todos os deveres conferidos aos nossos corações é o que peço ao Alto, em minhas preces sinceras. Despeço-me, agora, desejando-lhes, como sempre, os meus afetos do coração. Segundo o nosso culto interno, de ontem, atendamos ao governo iluminado da vida. A luz varre as sombras da estrada, a condução da luta garante a harmonia. Que a bênção da paz divina santifique o esforço de vocês em todas as horas da vida, são os votos do papai muito amigo de sempre,




Nota da organizadora: vovô faz referência à minha viagem até o Uruguai, na companhia dos tios 1acy e Oswaldo Benjamim de Azevedo.



A. Joviano
Francisco Cândido Xavier


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