Sementeira de Paz
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04/06/1947
Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, conferindo-lhes muita saúde e paz.
, como não podia deixar de ser, e consigno as visitas últimas de quarta-feira passada até a presente para considerar com vocês a tempestade que vai soprando de rijo, estrada afora, ameaçando os missionários da ordem material.
Vocês sabem que as grandes naus sofrem mais intimamente os golpes da perturbação. Reinam por aí tamanhas aflições que o culto tranquilo à prece é um refúgio abençoado para o coração. Demo-nos por felizes na viagem o calma, através do roteiro de serviço digno. O Senhor, por intermédio de seu poder infinito, dá sempre de acordo com as nossas rogativas. E os que pedem excessivamente, mobilizando as forças do desejo, muita vez se encontram assoberbados pelos compromissos. A impressão que nos causam os visitantes que receberam é a de “quase lástima”, para não dizer “piedade”.
A palavra “piedade” envolve, na maioria dos casos, algo de presunção descabida. E digo “quase lástima” porque esses nossos companheiros, embora respeitáveis em seus planos de serviço, brincam com o “fogo da responsabilidade”.
Dirão vocês, com razão, que tais obras exigem mentalidades corajosas à altura e que semelhantes realizações reclamam sempre criaturas que desconheçam a timidez. Entretanto, se isso é insofismável verdade, efetivamente eles não conheceram a tempo a necessidade de visão sobre a balança de aquisições e promessas. Prometeram demasiadamente e encheram a embarcação com tudo o que poderia favorecer-lhes os interesses imediatos. E, no instante da realização das promessas, o navio, com excesso de carga, sofre estranhos fenômenos desequilibrantes. Deus se compadeça de todos os nossos amigos que, apesar de crentes na Espiritualidade Superior, se agarram à expressão mais obscura da Terra, com todas as suas forças.
Na verdade, quando chamados à aferição dos valores positivos da vida, revelam-se tateantes e juvenis. Possuem de tudo para a hora que passa, mas “nesta hora que passa” se encontram encarcerados nos grilhões do mundo, nas grades da posse em que presumem tudo encontrar, sem visão libertadora e renovadora para a hora que virá.
Não me refiro a isso aqui para fazer comentários melancólicos em torno deles. Não. Estão em experiências tanto quanto nós. E chegarão à luz divina, como esperamos chegar, por nossa vez.
Apenas desejo salientar que vocês têm sabido escolher aquela “melhor parte” a que se referiu Jesus nos Evangelhos. Não basta estender as posses humanas ou multiplicar responsabilidades em derredor do espírito. Necessário saber como viver e possuir para o bem comum.
Relativamente ao caso do pequeno candidato ao serviço em sua companhia, meu caro Rômulo, creio que o seu programa mentalizado está excelente. Se ele souber e quiser aproveitá-lo, grandes benefícios recairão sobre as suas possibilidades latentes. Como aluno, você terá oportunidade de observá-lo mais demoradamente antes de assumir compromisso mais forte em seu coração.
Faça do caso um problema comum. Ao que me parece, o pequeno traz um instinto de autoritarismo que o torna menos desejável nos círculos mais íntimos e, por isso, convirá a observação minuciosa com a assistência precisa à sua renovação. Esperemos o tempo.
Se ele suportar o clima disciplinar que as suas necessidades espirituais estão exigindo, então os horizontes do futuro dele serão mais claros e mais propícios. Não estabeleçamos qualquer plano definitivo quanto a realizações espirituais. O momento é apenas de exame indispensável. Vejamos se o seu sentimento “está pronto” para aceitar as bases da tarefa. Se não estiver, restitua-o à escola do mundo, com a mesma serenidade dentro da qual estamos comentando o assunto. No seu programa de condições a ser oferecido, acrescente mais: “abstenção de conversações sobre matéria política ou religiosa”.
E, sobretudo, convém afastá-lo do trabalho mediúnico indiscriminado. O momento dele é de disciplina, trabalho e estudo. Só essa trilogia, aceita de boa vontade por seu coração de menino (embora a velhice espiritual), poderá salvá-lo de perder uma sementeira que será rica de bênçãos porvindouras. Não considere o meu pedido e o meu cuidado, levando longe o desejo de atender. Não. Iniciemos uma experiência tranquilos. Se não der perspectivas de serviço produtivo inicialmente, entreguemo-la ao tempo. Você e eu temos coisas mais urgentes para cuidar.
Sobre as suas indagações no serviço de assistência magnética, mais tarde comentaremos suas lembranças nessa matéria. De início, apenas recordo que um grande avental branco, com botões igualmente brancos, à maneira do médico operador ou do enfermeiro-chefe, lhe faz falta. Mas isso é providência para quando vocês estiverem numa casa maior, contando com um pouco mais de espaço, o que esperamos para breve.
Por agora, o trabalho ali há de ser o de um “pronto-socorro” sem grandes preocupações pelas particularidades. O instituto de vocês é mais uma “casa de misericórdia” como é conhecido em nosso meio que propriamente um centro espiritualista. Aguardemos o tempo. A vestimenta branca é mais adequada para o trato com os doentes de qualquer espécie, do corpo ou da alma. Noutra ocasião, seremos mais claros.
Meus “parabéns” a vocês pelos vinte e quatro anos de compromisso assumido para a felicidade e para o bem. Não pude falar-lhes nisso na quarta-feira última.
Boa noite. Meu afetuoso abraço a todos. E pedindo a Jesus pela saúde e pela paz de vocês, abraça-os muito afetuosamente o papai que não os esquece,
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