Sementeira de Paz

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Capítulo LX

“No Mundo Maior”


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08/10/1947


Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, concedendo-lhes muita paz e saúde.

Assinalo com prazer, na experiência da semana, a visita que lhes fez a irmã Zaíra, dedicada colaboradora do bem. Aí no mundo, nos círculos de luta humana, criatura alguma pode deixar de ser humana, mas venturoso aquele que situa a mente no serviço edificante, convertendo o trabalho de cada dia num esforço incessante de melhoria, de erguimento definitivo, de elevação laboriosa e difícil, mas segura e confortadora. Nossa amiga, em seu serviço sacrificial aos leprosos, a esta altura da existência, é uma companheira do bem, digna de estima e de apreço. Na dor alheia, encontrou recursos de renovação incessante e com a sua coragem transformou-se num manancial de energia e esperança, resistência e bom-ânimo para muitos. As experiências que lhe são peculiares oferecem grande valor. São lutas vividas, experimentadas e gravadas para sempre. Deus a abençoe no ministério escolhido, assinalado de espinhos que crescerão com as suas próprias obras.

Registramos alegremente, não só de minha parte, como também da de muitos amigos nossos, a saída de “”, onde André Luiz, traduzindo os sentimentos e instruções de grande grupo de orientadores espirituais, oferece valiosa contribuição ao estudo do cérebro perispiritual, examinando causas de perturbação e estímulos ao reajustamento, fenômenos e acontecimentos diversos, alusivos à mente humana encarnada e desencarnada. Interpreto, perante vocês, o reconhecimento de muitos companheiros de luta, que formulam votos de paz e alegria a todos vocês que perseveram no trabalho espiritual e na oração.

Com o nosso agradecimento, agradecimento que nos emociona, assinalamos igualmente o amor que consagram à causa nas particularidades mínimas do esforço edificante e educativo. Reconhecemos o carinho que dedicam à obra da Espiritualidade e esse carinho nos é particularmente sagrado. Todavia, pedimos a vocês não se preocuparem com a cooperação dos nossos amigos outros. Emmanuel, de nosso lado, examina satisfeito a ternura que transparece dos comentários dos últimos dias e lembra-nos de que a única documentação que não deve ser corrigida ou refeita é a daquele “maior Escritor do mundo”, que “nada escreveu” a não ser algumas palavras numa página de areia. Se um dia, diz ele, observarmos o Evangelho alterado ou menosprezado, a título de ser corrigido, soframos e trabalhemos por rearticular-lhe a grandeza de algum modo, mas, quanto a nós, estejamos prontos ao concurso fraterno, onde estivermos.

Alguém nos recorda ainda que na marcha dos serviços escriturísticos que nos foram confiados seria impraticável qualquer incursão no reino dos gramáticos e dos filólogos. Não seria possível entregarmo-nos à revisão de serviço algum e somos constrangidos a deixar semelhante tarefa aos nossos amigos que trouxeram a missão de apresentar a palavra falada ou escrita. Permaneçamos certos de que eles, na instituição venerável que dirigem, estão autorizados a colaborar na indumentária da organização espiritual e estejamos convencidos de que não prosseguirão na tarefa quando o mandato lhes for cancelado. Às vezes, poderão, por entusiasmo, acentuar o concurso que lhes compete, aqui ou ali, no entanto, poderosas forças “de Cima” controlam-lhes os movimentos. Assim dizemos porque em muitas ocasiões a fagulha converte-se em incêndio e um dos mais belos e preciosos característicos da colaboração de Pedro Leopoldo é o desprendimento das considerações. Exigi-las seria desdouro para nós e prosseguir no trabalho por amor ao ideal é o melhor caminho de quem aceita o ministério do auxílio sem compensações no imediatismo da vida humana. Não conservem qualquer traço de contrariedade e em sendo visitados pelos irmãos que se esforçam pela missão do livro a distância não se refiram às notas de estranheza surgida nos primeiros instantes. São humanos como nós, meus filhos, e o que ocorre nasce mais do desejo incontido de prévia defesa da causa, ante os críticos, que mesmo do propósito deliberado de emendar desnecessariamente. As lutas passam e as ideias ficam, e nós somos servidores das ideias e não propriamente das lutas. Pedir a consideração alheia é mais desagradável que exigir proventos materiais, porque os bens materiais podem, no último caso, espalhar utilidades e benefícios com muita gente e a consideração solicitada, além de ser suspeitosa, não oferece vantagens a ninguém. Numa certeza me edifico: é que vocês conseguiram, com a graça de Deus e com amor à causa, alcançar a realização da promessa estipulada em trinta livros e acreditem que há dez anos os amigos espirituais, embora confiando sinceramente na dedicação do grupo ao serviço, reduzia a cota-promessa para a metade, atentos às dificuldades naturais do caminho terrestre. O esforço rico de bênçãos demonstra que vocês têm recebido a consideração de devotados companheiros da Espiritualidade Superior e, nesse capítulo, sou testemunha da alegria com que veem a prosperidade espiritual com que vão caracterizando a marcha vitoriosa. Preparemo-nos para ajudar sempre. Os grandes repositórios de força elétrica se precipitam nos abismos. Quanto mais fundo o obstáculo façamo-nos mais altos, a fim de que as energias suscetíveis de ser recolhidas em nossa atividade beneficiem o maior número. Considerado o problema nesse prisma, prossigamos para a frente e passemos. O essencial é que haja “pão do espírito” enquanto o Senhor nos permitir a dádiva de contribuir na distribuição dele.

Mais uma vez, desse modo, agradecemos o carinhoso devotamento que deram à tarefa. Marchemos para o “Mundo Maior”. Quem estimar o menor demore-se mais um pouco.

Despeço-me, recomendando à Wanda o uso de Ruta amanhã, caso a zona dentária esteja dolorida.

A você, meu caro Rômulo, tenho auxiliado magneticamente. O banho e a concentração para nós ambos, atualmente, são dois pontos de intercâmbio e entendimento.

Boa noite para vocês todos. Desejando-lhes muita paz e felicidade, deixa-lhes carinhoso abraço o papai muito amigo que não os esquece,




Nota da organizadora: Sobre Zaíra não nos foram dadas maiores informações.


Nota da organizadora: No mundo maior, psicografia de Francisco Cândido Xavier, pelo espírito André Luiz. Obra publicada pela FEB em 1947.



A. Joviano
Francisco Cândido Xavier


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