Sementeira de Paz

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Capítulo LXXVI

Nas lutas espirituais de quase três lustros

17/03/1948


Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, aumentando-lhes a saúde, a alegria e a paz.

Novamente para os “nossos reencontros escritos”, elevo inicialmente os meus votos paternais ao Alto, pedindo a proteção das forças superiores para o Fausto.

Como podem observar comigo, sucessivos amparar a família consanguínea é serviço titânico, em nos faltando bases para um entendimento mais elevado. Não me refiro tão somente a ele, mas também aos demais que temos no Rio, esperando por maiores oportunidades. Depois de um passo para a luz, muitos passos de quase recuo a pretexto de se garantir a tranquilidade entre a mente e a paisagem exterior. Lidemos com a graça que nos foi concedida, cheios de esperança e fé renovadora.

As dificuldades humanas correm apressadas para o fim e os trabalhos do corpo costumam cessar de repente, e se não possuímos suficiente claridade na lanterna íntima podem acreditar que a noite será noite e a sombra será sombra. Unamo-nos em nossas orações e roguemos a colaboração do Alto para todos eles. Eu sei que vocês cooperam comigo em pensamento e em prece, quanto desejo e preciso, e agradecido como sempre peço-lhes continuem a despeito de todos os obstáculos.

Quanto ao livrinho projetado, meu caro Rômulo, talvez não me tenha expressado com a clareza precisa. Não se trata de um trabalho relativo à influenciação magnética e à ação dos passes, para o que teria de preparar-me intensivamente ainda. Constituir-se-á o serviço de páginas destinadas a despertar noções de espiritualidade superior na mente infanto-juvenil, com característicos populares mais acessíveis. A ideia nasceu-me em nosso esforço conjunto na sessão de socorro magnético, sob a sua responsabilidade atual, vendo a infantilidade de tanta gente que ali se congrega, sem trazer nem mesmo qualquer rudimento de oração. Tenho observado ali, ao seu lado, tantas almas necessitadas de arrimo no setor do conhecimento mais alto que, sinceramente, sinto doer-me o coração. Os que chegam dispondo de vastos cabedais de inteligência, bem personificados na convenção comum, são de lastimar quando testemunham semelhante posição de ignorância, porque, evidentemente, estão menosprezando o tempo e as possibilidades, mas as mães sofredoras, os operários humildes, os lavradores e os jovens sem assistência espiritual mais elevada me comovem sobremaneira. O trabalho, pois, destina-se a eles. São nossos pequenos alunos analfabetos do Evangelho a atrair-nos qual nos acontecia no magistério terreno quando nos chamava a atenção o infortúnio dos mais desfavorecidos. Serão 40 a 50 pequenos capítulos comentando o trabalho, a fé, a confiança e, sobretudo, a necessidade de aproveitar-se a boa luta humana a serviço da redenção própria. Esse serviço poderá ser apresentado com mais modéstia pela instituição a que temos o prazer de servir, de modo que, em aparecendo, se faça acessível a todos. É um projeto, por enquanto. Que Jesus no-lo abençoe. Se a permissão superior nos aprovar, iniciá-lo-emos em princípios de abril, pensando na possibilidade de tê-lo em circulação pelo Ano Bom. Esperemos. O Pai nunca nos empobrece e devemos confiar, acima de tudo, em Seu divino amor.

Creiam que o nosso trabalho espiritual é também a construção de uma casa abençoada e feliz. Com júbilo, acompanho-lhes os planos do novo domicílio. Não esmoreçam. Vocês são dignos de um castelo repleto de bênçãos, não só porque trabalham corretamente na Terra, mas porque dia a dia erguem novo fragmento na edificação da fé viva com que servem ao Céu e nele confiam. Jesus estará conosco.

Esperando que a paz e a alegria permaneçam em companhia de vocês, em todas as particularidades do caminho, pede ao supremo Senhor nos fortaleça a todos e nos ilumine cada hora o papai muito amigo que não os esquece,




A. Joviano
Francisco Cândido Xavier


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