Senda para Deus

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Capítulo XIV

Sacrifício de mãe


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Guardo-te, mãe, a voz suave e mansa:

“Fala o nome de Deus, minha querida!”

Repete: “Deus é a luz de nossa vida!…”

Como choro ao rever-te na lembrança!


Beijavas-me, depondo-me na rede…

Depois corrias ao fogão de brasa.

Sopa era o pão de sempre em nossa casa

E eu te olhava a chorar com febre e sede.


Mandaste-me ao estudo com mesada,

Pedias mais serviço aos teus clientes

E nunca vi teus braços doentes

De tanto costurar na madrugada.


Entrei no clima da cidade grande…

Quanta humildade no que me escrevias,

Narrando-me tristezas e agonias,

Entretanto, a secura se me expande.


Vieste ver-me e comentando a viagem,

Reprovei-te o roupão de seriguilha…

Eu vestida de seda — tua filha —

Corrigia-te os erros de linguagem.


Ficaste triste, andando a passo lento,

E regressaste logo ao teu recanto.

Notando que saías, vi-me em pranto,

Alma ralada no arrependimento…


Hoje, mãe, quero ouvir o teu perdão!…

E por mais que te chame, chore e brade,

Só vejo em mim a sombra da saudade

Que me oprime e retalha o coração!…




Maria Barreto
Francisco Cândido Xavier


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