Somente Amor
Versão para cópiaAlimento e vida
Disse Jesus na Terra: “Eu sou o pão da vida”. E ansiando seguir os passos do Senhor, Quis ser, de minha parte, a migalha sem nome De algo que alimentasse a estranha fome Dos que morrem no mundo à carência de amor. Indaguei do mentor que me assistia, Quanto a ideia de que me via presa E ele apenas me disse: “Se procuras Nutrir o coração das criaturas, Ouve as informações da Natureza”. Interroguei a Terra e a Terra falou calma: — “Para a manutenção dos seres que acalento Preciso tolerar enxadas e tratores E abrir-me em golpes dilaceradores Sem que ninguém me veja o sofrimento”. Velho tronco explicou-me: “Vivo ao tempo, Trabalhando sem perda de minutos, Renovo o ar, produzo fartamente, Mas padeço agressões de muita gente, Sem que eu possa contar meus próprios frutos”. Entrevistando o Trigo, ei-lo a dizer-me: — “Devo entregar-me sem explicação À mó que me constringe e me tritura, Fazendo-me farinha clara e pura, Que assegure na mesa o júbilo do pão”. Em tudo achei no alento para a vida O extremo sacrifício em constante processo Plantas gemendo em todos os instantes E óleo a queimar-se em máquinas gigantes, Sustentando a energia do progresso. Reconheci então ser preciso esquecer-me, Apagar-me ao servir, alegrar-me na dor, Aprender humildade, amparar sem barulho E despojar-me, enfim, de todo o humano orgulho Para ser luz e paz, auxílio e amor. |
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