Somente Amor

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Capítulo VIII

Sonho e trabalho


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Alcei ao Alto o olhar, um dia,

Como quem desejasse adivinhar

Que prodígio de sóis encontraria

No celeste esplendor do Eterno Lar…

Vendo constelações e nebulosas

Lançando irradiações maravilhosas,

Indaguei do mentor que seguia a meu lado:

— “Na faixa de trabalho a que me abrigo,

Quereria saber, prezado amigo,

Se todo este Universo que entrevemos,

Astros e luzes pelos Céus supremos,

Vem a ser limitado ou ilimitado…

Onde se ocultaria a rútila nascente,

A luz primeira da primeira fonte

Do Universo esplendente,

A vibrar e a fulgir, acima do horizonte?”


Na bondade que marca os grandes instrutores,

Ele apenas me disse: “Irmã Dolores,

Conhecimento exige gradação,

Não faças do porvir um ponto de aflição…

Sigamos, passo a passo,

Sem antecipações do Tempo, ante as forças do Espaço.

Aprimora-te, estuda, informa e ensina,

Mas fitando as Alturas,

Não tentes alcançar em visões prematuras,

Todo o excelso fulgor da Grandeza Divina…”


Interrompeu-se um tanto, ao pisarmos na Terra,

E prosseguiu depois, em tom profundo:

— “Nota, irmã, este nosso antigo mundo…

Quantas lições encerra!

Quem nos explicará, conscientemente,

O segredo interior de uma simples semente?

Que força existirá na flor que desabrocha,

Como entender a formação do mar

E a gênese da rocha?

É preciso, porém, caminhar, caminhar,

E servir por dever…

Outros pesquisarão na luz da inteligência

Os princípios celestes da existência…

Quanto a nós, entretanto,

Vendo tantos irmãos em dura prova,

Sem mágoa e sem espanto,

Cabe-nos acender a luz da vida nova

E construir o bem ao suprimir a dor.

Busquemos o trabalho que nos chama,

Não há tempo a perder…

Vemos, por toda parte, o mundo que reclama:

— Quanta cousa a fazer!…

Por agora, é impossível

Definirmos, por nós; os mundos de alto nível;

Mas podemos ouvir, do palácio à choupana,

Toda a tribulação que atinge a vida humana…

Quantas mães, temos hoje a confortar,

Marcadas pela dor que lhes aflige o lar?

Quantos homens leais aguardam fortaleza,

A fim de prosseguir na luta que os retém

Sustentando no mundo a batalha do bem?

Quantos irmãos doentes sem defesa?

Quantos pedintes amargando crises?

Quantas crianças tristes e infelizes?

Quantos amigos jazem mutilados,

Quantos deles se arrastam desprezados?

Quantos barracos tombam sob o vento?

Quantas mansões guardando o sofrimento?

Quantos homens, tentando a deserção da vida?

Como paralisar tanto impulso suicida?”


Na pausa do instrutor que silenciara, atento,

Fitei de novo, a luz do firmamento

E de olhar retomando à vastidão do mundo,

Eis que em meditação e em prece me aprofundo…

E concluí, de mim para comigo:

— Deus de Infinito Amor, por tudo te agradeço,

Não me deixes, porém, pensar em céus que ainda não mereço!…

Dá-me forças na estrada em que prossigo,

A Terra que nos deste é o nosso imenso lar…

Faze-me trabalhar!…

Ajuda-me, Senhor,

A espalhar a esperança, a cultivar amor

E deixa-me aceitar e compreender

Tanta gente a lutar, tanta cousa a fazer!…




Maria Dolores
Francisco Cândido Xavier


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