Amar e Servir

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CAPÍTULO 37

CEIFA

O joio é uma erva daninha, de tal modo semelhante ao trigo, que, ao brotar e crescer ao lado dele, dificilmente pode ser identificado de pronto.

A esse propósito, contou Jesus significativa parábola, na qual alguns trabalhadores dedicados foram dizer ao seu senhor que a sua seara estava infestada de joio, oferecendo-se para extirpá-lo desde logo. "Não! – disse-lhe o amo. Deixai que o trigo e o joio cresçam juntos, para que não aconteça que, arrancando o joio, arranqueis junto com ele o trigo. Quando chegar a época da ceifa, eu vos direi: Arrancai agora primeiramente o joio e atai-o em feixes, para ser queimado. Recolhei depois o trigo em meu celeiro. " É também assim na seara do mundo. Ao dado das sublimes e promissoras plantações do amor e da verdade, prolifera o joio da maldade e do ódio, do egoísmo e da violência, sufocando os corações desavisados, atemorizando os espíritos indecisos e impondo, não raramente, a prevalência da iniquidade e da justiça.

Diante desse triste quadro de realidades aflitivas, muitos há que chegam a duvidar do Poder Celeste, por não conseguirem entender por que Deus permite essa aparente vitória do mal em quase toda parte.

Entretanto, já é chegada a hora da grande ceifa, e o joio do mundo já começou a ser arrancado e atado em feixes.

Tão escandalosamente aberrante e despudorada é agora a face da perversão, que não há mais o menor risco de se confundi-la com a virtude ou com o bem, por mais sedutores que sejam os seus disfarces.

E é necessário que esse joio se mostre a descoberto, para que os Anjos Ceifadores livrem dele este sofrido planeta, e para que venha e se firme em seu lugar a Nova Jerusalém da Nova Era.

Também é assim com cada qual de nós, porque ainda guardamos ciosamente em nosso íntimo sentimentos venenosos, longamente acalentados através do tempo, que vicejam ao lado dos nossos mais belos e luminosos ideais.

É igualmente chegada, para nós, a hora da ceifa, porque já amadurecemos o suficiente na experiência e no conhecimento, e não podemos continuar indefinidos e sem opção em face da Vida Superior.

É tempo, portanto, da separação definitiva, também em nós, do trigo e do joio. Se por nós mesmos não realizarmos, em termos de renúncia efetiva, o expurgo das plantas daninhas que ainda se enraízam em nossa alma, os Ceifeiros do Senhor se encarregarão de arrancá-las, para librar-nos o Espírito à glória e à felicidade de nosso próprio amanhã.


Áureo




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