Amar e Servir

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CAPÍTULO 43

POSSESSIVIDADE

Um dos maiores empecilhos à libertação dos Espíritos humanos é a ilusão da propriedade, o sentimento de posse.

Ricos e pobres, quase todos os terrícolas se presumem donos de alguém ou de alguma coisa, e tentam exercer, sobre tais presumidos bens, direitos que lhes parecem inalienáveis.

Desde priscas eras, o homem terrestre se arrogou o dom de senhorio sobre tudo quanto pôde usar ou dominar, a ponto de instituir como leis, dignas e justas, certos direitos que chegaram a ser de vida e morte sobre os seus semelhantes.

Até bem pouco tempo atrás, era legal no mundo a posse e a compra e venda de escravos humanos.

É tal a exacerbação desse conceito de propriedade que diariamente, em todos os continentes do orbe, se mata e se morre pela posse de títulos e bens de riqueza material, e até por presunção de titularidade exclusiva de afetos alheios, nos chamados crimes passionais.

Mesmo no capítulo das grandes ideações filosóficas, o mundo político se divide hoje em torno do entendimento sobre o direito de dominação do próprio solo planetário e dos instrumentais do trabalho das pessoas.

No entanto, a lição do Espiritismo, calcada no Evangelho e no bom senso, é clara e insofismável, no sentido de que tudo no mundo pertence substancialmente a Deus.

Os homens, precários e transitórios, não passam nunca de simples detentores provisórios de todos os bens da vida, tanto os materiais como os afetivos, pois ninguém há que se possa perpetuar em qualquer parte, nem deter a ordem natural renovadora de tudo.

O Mestre Divino alertou constante e objetivamente os seus discípulos a esse respeito, fazendo-os considerar o perigo da posse de riquezas, a impossibilidade de servir alguém, ao mesmo tempo, a dois senhores, e a necessidade fundamental da busca ao Reino de Deus e de sua justiça, condicionando a isso todos os acréscimos da dadivosidade celeste.

Apontou-nos o exemplo dos lírios do campo e das aves do céu; louvou o administrador infiel da parábola, por ter sabido conquistar amigos com as riquezas da iniquidade, e declarou bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus.

Vigiemos, pois, para evitar que o nosso Espírito se prenda demasiado aos recursos transitórios e exteriores da existência, ainda quando o Senhor nos conceda a mordomia de administrá-los para o bem geral.

Não nos esqueçamos de que o próprio Cristo, que se confessou Mestre e Senhor, e disse que tudo o que tem o Eterno Pai igualmente lhe pertence, passou pelo mundo, na grandeza e na glória do seu sublime messianato, sem ter onde reclinar a cabeça.


Áureo




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