Tempo de Luz

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Capítulo IV

Na senda de luz


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Ante o anseio de luz em que te expressas,

Indagas, muita vez, alma querida,

Como seguir ao Cristo, entre as pedras da vida,

Varando tentação, desânimo, pesar…

Do que aprendi no mundo, posso apenas

Transmitir-te o que a Vida me dizia,

Nas difíceis lições de cada dia:

— Esquecer e servir, trabalhar, trabalhar…


Espíritos da Terra, herdando de nós mesmos,

Temos, quase nós todos, as raízes

De débitos e tramas infelizes

Que assumimos outrora, sem pensar;

Nos instantes de Hoje, o Tempo nos revisa

E, clamando ao colher de nossa plantação,

Eis que o Mundo nos pede ao coração:

— Esquecer e servir, trabalhar, trabalhar…


Não te lamentes, pois… Todos os seres,

Do abismo aos céus, da pedra ao homem,

Sem correções e lágrimas que os domem,

Nunca se arredariam de lugar;

Não há valor sem preço no caminho,

Toda ascensão exige esforço e luta,

Por isso a Vida fala e a própria Vida escuta:

— Esquecer e servir, trabalhar, trabalhar…


A planta aguarda a flor, a flor reclama o fruto,

A noite espera o Sol retomar o horizonte

O deserto suplica o bálsamo da fonte,

A fonte quer o rio e o rio busca o mar;

A gradação, porém, tudo acompanha e rege,

Na voragem do Tempo, a Justiça se esconde

E, ao tumulto da pressa, a Lógica responde:

— Esquecer e servir, trabalhar, trabalhar…


Assim também, alma fraterna e boa,

Aceita a prova justa, aguarda e pensa,

Deixe que, um dia, a dor te elucide e convença

A olvidar-te no Bem, a construir e amar;

Então compreenderás, nas forças do Universo,

Que o próprio Deus, na Lei, que Ele Mesmo estrutura,

Diz no imo do ser, em cada criatura:

— Esquecer e servir, trabalhar, trabalhar…




Maria Dolores
Francisco Cândido Xavier


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