Vida em vida

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Capítulo XXVIII

Jornadas no tempo


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Vejo-lhes, muita vez, os grupos rumorosos…

Rogam socorro a Deus, em suplício profundo.

Querem renascimento, a fim de se esquecerem

Da culpa que os mantém presos ao chão do mundo.


Espíritos no Além que passaram na Terra,

Estendendo a ambição e o domínio sem peias,

Recolhem, de retorno, as obras que fizeram,

Plantando espinheirais nas estradas alheias.


Suplicam renascer, em extrema penúria,

Pedem expiação que os corrija e reprima,

Rogam corpos em chaga, ostracismo e abandono

Com a perda integral de toda a humana estima.


Imploram regressar em condições amargas,

Anelam revelar na luta que lhes doa

A nova compreensão de quem se emenda e sofre,

Bendizendo o infortúnio em que se aperfeiçoa…


O Senhor lhes concede a bênção suplicada

E ressurgem na Terra, entre almas sofridas,

Devem buscar na paz, no amor e na humildade

A força de apagar os erros de outras vidas…


Conquanto as exceções, no entanto, novamente,

Crescendo para o mundo em sombras de ilusão,

Ei-los a repetir equívocos de outrora,

Rebeldia, vaidade, orgulho, ostentação…


Não escutam a fé que lhes pede trabalho

Na obediência à luz que lhes vem da rotina,

E a vasta multidão se transvia em protestos,

Complica-se a gritar, padece, desatina…


Atentos ao passado a que se voltam,

Tentam fugir de Deus que os ampara e os escolta…

Pobres seres que varam vida e tempo

Entre o frio da treva e o fogo da revolta!…


Alma querida, escuta!… Se na Terra

A provação é sombra que te alcança,

Não temas… É o pretérito de volta…

O presente aflitivo é a nossa própria herança…


Sofre sem reclamar, serve, prossegue…

Além da própria angústia, alma sincera,

Encontrarás, chorando de alegria,

A luz da vida nova que te espera…




Maria Dolores
Francisco Cândido Xavier


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