Capítulo XVIII

“Meus amigos, meus amigos, trabalhemos e trabalhemos”


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Servílio Marrone

Meu caro Durval, Deus nos guarde e ilumine.

Se pudesse, materializaria meu próprio coração, diante de vocês, os irmãos de Campinas, para dizer-lhes o amor e a fé viva em que todos nos reunimos. Devo, porém, conformar-me ao lápis singelo e dele me valho para saudar a vocês todos.

Sim, é o trabalho no bem a única diretriz! Sigamos, desse modo, sem vacilar, para a frente, consagrando a melhor atenção à nossa sementeira de luz.

Doutrina Espírita não é uma legenda de simples convicção. É apelo ao serviço de nosso próprio burilamento, escala de perfeição, oficina de luta, campo de bênção…

E esses dons de Deus, meus amigos, devem ser traduzidos em nós como atividades edificantes.

Não aguardem a morte para verificar, porque a morte é exame, conta, acerto, renovação…

Todos os nossos companheiros de construção, no Mundo Espiritual, acusam balanço deficitário. Todos se queixam de tempo perdido.

Isso, porque, de todos os ricos da fé, somos realmente os mais ricos, porquanto os esclarecimentos da Vida Eterna e da Eterna Justiça permanecem conosco.

Atendamos, pois, meus irmãos, às tarefas que a Esfera maior nos concedeu, na atualidade. Sigamos agora no rumo da plantação valiosa do livro espírita.

Não esmoreçam. Doemos à mensagem dos nossos princípios um lar, ainda que humilde, no coração da nossa cidade. E sirvamo-lo.

Uma página espírita é luz no caminho. Façamos essa claridade sublime, na senda de nossos irmãos em necessidade maiores que as nossas.

Mas façamos a obra com humildade e renúncia. Se ataques surgirem, saibamos perdoar e compreender. Se escárnio e perseguição aparecerem dentro do nosso esforço evangélico, procuremos abençoar.

E que a união verdadeira seja o nosso clima de cada dia, na certeza de que a bênção do Mestre nos acompanha, toda vez que nos convertamos em fiéis instrumentos de seu infinito amor.

Sobretudo, na hora presente, ajudemos nosso irmão Benedito na obra assistencial, incentivando-lhe a fibra de lutador pela vitória do bem. A realização nos pertence.

Onde esteja a Doutrina Espírita, aí permanece a mão de Jesus chamando-nos ao trabalho.

Nesse sentido, rogo a vocês todos auxiliarem aos nossos jovens que se preparam, atualmente, para a grande reunião de fraternidade. São eles nossos filhos do coração. Amparemos a iniciativa em que procuram fazer o melhor.

Se possível, cooperem com a nossa irmã Therezinha, sobrecarregada de responsabilidades para atender ao movimento, ao lado dos companheiros da juventude.

Saibamos expressar a nossa confiança espírita em nossa ação incessante pelo triunfo esperado de nossa causa, que, em tudo, é a causa do Evangelho Renovador. Guardemos, assim, esperança e lealdade, serviço e contentamento.

Não se creiam sozinhos. Conosco, antigos pioneiros de Campinas oram nesta noite, rogando a Jesus nos ampare. Nossos irmãos Alfaia e Sousa Ribeiro estão comigo e estendem-lhes as mãos.

. Hoje, vocês desfrutam a possibilidade de semear. Amanhã, como nós, estarão na hora de recolher.

Lembrem-se de que o velho amigo, que lhes endereça estas palavras, voltou quando menos esperava o regresso!…

E que a lembrança de nossos compromissos palpite em nossa memória, sempre mais pura.

Recebam, portanto, com esta carta despretensiosa, nascida em meu coração, o abraço do servidor e amigo de sempre,


Servílio Marrone

Por permanecer inédita em livro a belíssima página acima, de Servílio Marrone, dirigida aos espíritas de Campinas, Estado de São Paulo, que na noite de 18 de janeiro de 1960, em caravana, visitavam o médium Chico Xavier, em Uberaba, concitando-os a permanecerem em constante trabalho de renovação espiritual, humildade e renúncia, em prol dos irmãos em provações maiores do que as nossas, motivo por que resolvemos incluí-la neste volume, servindo-nos dos mesmos dados de que nos valemos na organização de , graças à gentileza do Sr. Gabriel Espejo Martinez, residente naquela progressista e culta cidade paulista.

Nasceu Servílio Marrone em Campinas, a 26 de abril de 1912, aí desencarnando, a 4 de janeiro de 1955.

Um dos baluartes do Espiritismo, na terra de Carlos Gomes, ministrava aulas de Evangelho aos jovens da Mocidade Espírita Allan Kardec, tomando-se um dos mais dedicados médiuns passistas, procurando, com desvelo, atender os enfermos incapacitados de se dirigirem ao Centro Espírita, em suas próprias casas.

Juntamente com Gustavo Zanardine Marcondes (1900-1968), um dos fundadores do Centro Espírita Allan Kardec, de que foi Secretário até o dia de seu retorno à Espiritualidade, tendo colaborado na construção do prédio próprio do referido Centro Espírita, sito à Rua Irmã Serafina, n° 674.

Afirmando-nos que o trabalho no bem é a nossa única diretriz; de que a Doutrina Espírita não é legenda de simples convicção, mas apelo ao serviço de nosso próprio burilamento, escola de perfeição, oficina de luta, campo de bênção; de que a maioria dos espíritas desencarnados, acusando balanço deficitário, se queixam de tempo perdido, roga aos companheiros de ideal de Campinas e a todos nós, a divulgação da Doutrina, de ânimo forte, ajudando os jovens espíritas “nosso filhos do coração” —, os futuros dirigentes das Casas Espíritas, deixando claro que o triunfo de nossa causa, em tudo, “é a causa do Evangelho Renovadora.

Que possamos repetir-lhe estas palavras de incentivo, pelo menos mentalmente, às pessoas que partilham conosco a Seara de Luz do Espiritismo:

— Meus amigos, meus amigos, trabalhemos e trabalhemos.


Elias Barbosa


Francisco Cândido Xavier, Elias Barbosa, Gabriel Casemiro Espejo (Espírito), Gabriel, IDE, Araras, SP, 1ª edição, 1982, pp. 41 e 96.



Servílio Marrone
Francisco Cândido Xavier


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