Volta Bocage

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Capítulo X

Soneto 10

(Psicografado em 4/12/1946)


Pobre vate de vão merecimento,

Que viveste a esbanjar talento e rimas,

Foge ao sonho mendaz que desestimas,

Nem procures Harpias do Tormento.


Chora, Bocage, a perda que lamento

— O desprezo do tempo em vários climas,

Dura lembrança que também lastimas,

Na paz buscando imoto esquecimento.


O que é da Terra, clama, tudo passa:

Tanto a flor veludosa da Ventura,

Quanto o acerado acúleo da Desgraça.


De Citereia foge a formosura;

E enquanto o escrínio vil é dado à traça,

Os empíreos vergéis a alma procura!


Du Bocage

O poeta lastima o esbanjamento de seu talento e de suas horas. Tudo isto, clama-nos, lhe foi sem proveito, pois tudo é fugidio neste planeta, onde ilusórias são a aura da Ventura e o furacão da Desgraça. Nem a uma, nem a outra devemos dar importância maior; cumpre-nos fruir a efêmera felicidade, como suportar os não menos fugazes reveses, com o olhar posto em esferas mais elevadas, para onde o Espírito voa, deixando à destruição o invólucro provisório. Construamos, pois, com vistas à Eternidade; nem a obra do Senhor de todos os seres se firmaria em tão perecível fundamento, quais as ilusões da Terra.


L. C. Porto Carreiro Neto


Du Bocage
Francisco Cândido Xavier


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