Volta Bocage
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(Psicografado em 28/11/1946)
Volta, Bocage, ao mundo e grita ao Fado Que a Fama vil padece desengano, Que a carícia de Ismene é fogo insano Depois do escuro Estige atravessado. Antes viver no exílio sem agrado, Sofrer de Goa o beleguim tirano, Beijar fusco Hidal-Khan por soberano Que ser presa de gozo desmarcado. Preferível guardar ervadas setas Da calúnia que mata pouco a pouco, Sucumbindo entre as dores mais abjetas, Que morrer, de olhar baço e peito rouco, Na miserável chusma dos patetas E acordar no outro mundo como louco. |
Combate a vaidade que aspira à fama e glória entre os homens. Todos os sofrimentos, todas as humilhações são preferíveis à sede de admiração mundana; esta nos enche de orgulho e de ilusões e nos projeta num mundo de dores atrozes, após o desligamento do Espírito, longe da multidão ignara que nos incensava. Ainda nos acautela contra as falsas delícias amorosas, que, após a morte do corpo, se transformam em chamas torturantes para o Espírito.
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