Volta Bocage
Versão para cópiaSoneto 7
(Psicografado em 1.° de dez. de 1946)
Doce a contemplação do empório santo; Favônios matinais soprando avenas; Há dilúvios de rosas e verbenas De resplendente luz, no ebúrneo manto. Terna revelação, sublime encanto! Longe da sombra de mundanas penas, Cantam vozes de dúlcidas Camenas, Liras de Orfeu, em plácido quebranto. Tudo sonhos e amores inocentes; Nada recorda as cóleras da guerra Que extermina os humanos descendentes! No sublime concerto tudo encerra O júbilo dos bons, a paz dos crentes Que venceram nas lágrimas da Terra. |
Se a revolta contra as leis divinas, o cultivo do orgulho, da vaidade, das vis paixões, da ausência de fé, a repulsa voluntária da luz interna, que deveria aclarar-nos o caminho, nos trazem aflição e tristeza, o amor fraternal, a bondade e a fé sincera nos conduzem, em contraposição, ao sonhado Éden. Existem, pois, recompensas e castigos, de acordo com o nosso procedimento ditado pelo livre-arbítrio. Neste soneto o poeta nos descreve as delícias puras, que fruirão os Espíritos vencedores de suas provas na Terra: é o contraste entre o bem, agora focalizado, e o mal, que ele pintara, em seu estilo tão característico, nos versos anteriores.
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