Astronautas do Além
Versão para cópiaProblemas da família
Em nossas tarefas e estudos da noite, O Livro dos Espíritos nos trouxe à meditação e ao comentário a questão 205, () alusiva aos problemas da família na Terra. O assunto inspirou vários apontamentos.
Cremos que a época dedicada mais especialmente ao Dia das Mães suscitou muitas observações sensatas da parte de vários amigos presentes. Ao término da reunião, diversos trovadores, presentemente desencarnados, escreveram as Notas do Lar.
Lar erguido unicamente Para o egoísmo de dois: Desilusão pela frente Com desespero depois. Lar às vezes lembra um campo De lutas indefinidas Em que pagamos com juros Os débitos de outras vidas. Lar no mundo transitório Por vezes lembra hospital, Pequenino sanatório De cura espiritual. Louvada seja a mulher Que esquece os dons femininos Para ser mãe dos enfermos E amparo dos pequeninos. Lar é núcleo de fusão, Cadinho renovador, Que apura no coração As qualidades do amor. Lar em que só se aproveite Interesse frio e inglório Começa com muito enfeite E acaba num purgatório. Lar é um cárcere querido Com que a gente se habitua. Onde se paga escondido O que se deve na rua. Na vida terrestre o corpo É a cela que nos isola, Família é a classe em lição E o lar é a bênçãos da escola. Amor — um rio gigante Que salta qualquer divisa. O sexo controlado É a força que o valoriza. Bendita seja a mulher Que busca o lar que não tem Nos lares da caridade Que acendem a luz do bem. Mulher em qualquer sentido Não há sombra que a degrade, A mulher é sempre mãe No apoio da Humanidade. |
A desagregação da família, de que tanto se fala em nossos dias, não é mais do que fenômeno social de mudança. Através dos tempos a família passou por mudanças diversas. Os que pretendem a sua destruição — sempre por motivos egoístas — são sonhadores desorientados, utopistas do absurdo. Porque o homem é um ser gregário que não pode prescindir de companhia e necessita de lar para o seu próprio desenvolvimento. Biológica, sociológica, moral e espiritualmente o ser humano depende da família.
A estrutura familiar sofrerá, naturalmente, muitas mudanças ao longo do processo evolutivo, adaptando-se às novas condições de progresso terreno. Mas mudança não quer dizer destruição e sim reajustamento. A mulher traz consigo o anseio da maternidade. O homem, por mais que se extravie nas suas tendências aventureiras e nas teorias egocêntricas, guarda sempre consigo o desejo secreto da paternidade. E todos temos, no mundo espiritual, criaturas amadas que precisam retornar ao nosso convívio na Terra.
Por tudo isso, o lar pode ser comparado a sanatório, campo de lutas, cárcere, escola, purgatório, como o fizeram os trovadores do Além. Mas a imagem talvez mais apropriada seja a de núcleo de fusão, cadinho renovador que Toninho Bittencourt nos oferece em sua trova. () Cadinho, esse pequeno vaso de metal ou argila, que nos vem da mais alta antiguidade, destina-se à fusão de metais. Entre gregos e romanos usava-se o cadinho de prata que melhor se compara ao lar. Um cadinho precioso em que fundimos os metais do nosso egoísmo para formar a liga do altruísmo.
No lar passamos pela experiência da interdependência humana. Aprendemos a amar aos outros e não apenas a nós mesmos. Pagamos dívidas de gratidão e abrimos créditos no mesmo sentido. A vida humana passa depressa, mas o espírito, que não morre, sai renovado e purificado do cadinho do lar. Por pior que seja o nosso lar, estamos nele para melhorar, o que vale dizer para nos humanizarmos.
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