Luz no Caminho

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Capítulo III

O problema da mediunidade

Meus caros amigos, muita paz vos desejo.

O terreno da mediunidade apresenta os campos mais diversos de ação.

Forçosamente, tereis notado que as expressões fenomênicas do Espiritismo vão cedendo ao esforço de ordem doutrinária, dentro das novas ilações religiosas e morais, na restauração dos princípios evangélicos às luzes do Consolador, mesmo porque outra não era a finalidade dos grandes acontecimentos mediúnicos, em suas experiências materiais e tangíveis, senão essa, elevada e sublime, de convocar todos os Espíritos encarnados para a doce filosofia da fé, em sua eternidade vitoriosa.

Todas as expressões religiosas estavam obscurecidas pela demagogia inconsciente e desesperada do século XIX.

As igrejas fechavam as suas portas desalentadas e frias, enquanto as multidões, ávidas de conhecimento, se apoiavam nos postulados positivistas para os seus novos surtos de progresso.

As ilusões da fé aviltada pelos maus sacerdotes, não podiam satisfazer o intelectualismo da época, sendo, desse modo, imprescindível a manifestação direta das energias do Além-Túmulo, concitando os estudiosos de todos os matizes a uma nova análise geral das velhas doutrinas, de modo que o raciocínio humano pudesse sondar a fé com o escalpelo de sua razão.

Surgiram dessa maneira os fenômenos impressionantes, aptos a empolgarem o aparelho sensorial das criaturas mergulhadas na descrença e no materialismo, mas, haveis de convir conosco em que essa fase passou.

Os grandes véus do sepulcro foram levantados por experimentadores, tendo ficado a profunda lição, como se o Céu, desejoso de salvar o patrimônio das crenças terrestres, houvesse deliberado salvar do naufrágio as antigas concepções doutrinárias do mundo com o esforço abençoado do Consolador, que é o Espiritismo.

Assim, então, meus amigos, ficou para a civilização esse sublimado reajustamento de suas energias morais mais santas e mais profundas, ficando para nós outros a oficina grandiosa do esforço em favor de quantos necessitam da misericórdia do Pai Celestial.

Os fenômenos tangíveis conduziram o entendimento humano ao campo das eternas realizações com Jesus-Cristo, o Verbo de Luz do princípio…

A semeadura, portanto, é imensa. Sem examinarmos a sua complexidade, dentro de suas características educativas, caminhemos para a frente e para o alto, conscientes de que o Mestre Divino é o Senhor da Seara e o Jardineiro Divino de todos os corações da Terra.

Dentro desse campo infinito de trabalho e realização, cada qual tem a sua tarefa e, em graus diversificados, todos os trabalhadores são médiuns do bem e da misericórdia do Divino Mestre.

E o grande imperativo do serviço divino é que cada um de vós outros sejais não somente um canal para a consolação ou para o esclarecimento de outrem, mas, reservatório desse conforto bem-aventurado pela fé e pela esperança, porque, represando em vós mesmos essa força divina, podereis beneficiar todos os operários do mesmo esforço, sem desfalcardes a provisão de vossos bens espirituais.

A mediunidade, portanto, caminha, cada vez mais, para o terreno das realizações lidimamente espirituais, sendo justo, assim, que a nossa irmã prossiga em seus afazeres, aguardando novas expressões de desenvolvimento.

Os melhores médiuns não são aqueles portadores das mais ricas faculdades, mas sim, aqueles que sabem guardar a lição do Mestre no coração, transformando-a em pensamentos, em palavras e em obras do amor.

Estes são aqueles aos quais se referia Jesus, como: “Que conhecem a vontade do Pai e a põem em prática”. (Mt 7:21)

Esperemos, então, que os nossos amigos sigam o mesmo caminho de nobres realizações na oficina evangélica de Campos.




(Página dirigida a um grupo de amigos de Campos, RJ., solicitantes de uma mensagem, em 16-2-1936).



Emmanuel
Francisco Cândido Xavier


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Mateus 7:21

Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.

mt 7:21
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