Mensagem do Amor Imortal (A)

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CAPÍTULO 10

DIAS SANTIFICADOS

Sem qualquer dúvida, a revolução da Boa-nova fazia-se vitoriosa, porquanto alcançava as diferentes latitudes da região elegida.

Aguardada secularmente, em face da revelação profética, ao chegar não encontrara solo propiciatório à sua expansão, por encontrar-se a sociedade vítimada pelos vícios ancestrais e pelo parasitismo a que fora atirada pela subjugação ao Império romano e à dureza da religião arbitrária e despótica.

O povo deixara de lutar pelos seus direitos, sucumbindo cada vez mais sob as condições miseráveis, procurando viver cada momento, sem esperança de um próximo.

As classes privilegiadas encontravam-se distantes das massas que as odiavam, enquanto eram também odiadas; não tinham qualquer interesse que fosse além dos impositivos egoísticos a que se entregavam.

Israel encontrava-se distante de ser o povo que se fizera eleito por presunção, experimentando as sevícias morais, políticas e sociais da sua devastação espiritual.

A ausência dos antigos e nobres condutores, que constituíam exemplos e comandos credores de respeito, contribuía para a desorganização que padecia: falta de líderes, de profetas, de missionários. . . . Somente permaneciam a desolação e a desconfiança.

Ninguém acreditava noutrem, cada qual vítimado pela insegurança reinante, recorrendo a qualquer recurso que pudesse auxiliar na sobrevivência, mesmo que através da ilicitude. . .

Já não havia sonho nem expectativa de melhores dias.

E nessa paisagem triste que Jesus aparece, revolucionando as mentes e ativando os sentimentos, que direcionava para uma nova ordem de valores.


Sua voz altissonante ecoava nas cidadezinhas e margens do Mar da Galileia, conforme anunciara o profeta:

— A terra de Zabulon e a terra de Neftali, caminho do mar, além do Jordão, Galileia dos gentios. . . O povo que jazia nas trevas viu uma grande luz, e aos que jaziam na sombria região da morte, surgiu-lhes uma luz A Exatamente na Galileia desprezada, considerada miserável e sem valor, gentia, em face dos seus filhos humildes, analfabetos, simples e desataviados, sem as complexidades da hipocrisia, mas autênticos e leais, trabalhadores e dedicados ao afã da honradez, é onde surge realmente a Luz.


Mateus 4:15-16 Em que melhor lugar para expandir-se a claridade do que o espaço em sombras? Onde mais se faz necessário o conhecimento, senão naquele em que predominam a ignorância e o desconhecimento?

Por isso, Jesus escolheu aquela região para iniciar o Seu ministério de amor e de libertação, oferecendo aos que nada tiveram a abundância da Sua misericórdia e compaixão.


* * *

Eles nunca foram agraciados com qualquer benefício. Sempre explorados e desrespeitados nos seus sentimentos mais caros, eram motivo de chacota e desprezo.

—Que se podia esperar da Galileia? — Interrogava com sarcasmo a tradição.

É, portanto, de lá, que se irradiará o Sol da Nova Era.

Jesus escolheu doze discípulos, e, curiosamente, onze eram galileus, sendo um único judeu - Judas, aquele que O traiu.

Agindo mais do que falando, o Seu amor atendia a dor física, imediata, a fim de alcançar a de natureza moral e leni-la, oferecendo confiança e alegria de viver a quantos se encontravam nas vascas da agonia por largo período.

Desse modo, iniciou o Seu ministério, curando as degenerescências do corpo, para alcançar os tecidos sutis do Espírito, e erradicar dele as mazelas que se transformavam em pústulas, cegueira, surdez, paralisia, loucura. . .

Nunca se vira nada igual e jamais se voltaria a ver algo que se lhe assemelhasse.

A revolução ideológica e saneadora dos males transpôs o Jordão e alcançou a Síria, de onde procediam magotes contínuos de enfermos e miseráveis, que desejavam beneficiar-se com o Mensageiro de Deus.

Partiam eufóricos os curados e chegavam soturnos, ansiosos, novos enfermos.

Inexcedível em bondade e compaixão, a todos Ele atendia, sem qualquer enfado ou reclamação, conclamando-os, porém, à mudança de conduta, a fim de que nada de pior lhes acontecesse, tendo em vista que os males procedem do imo, do Espírito e não do corpo.

Imediatamente, após demonstrar a Sua superior procedência, começou a falar a respeito do Reino de Deus, colocando as suas balizas nos corações ansiosos e nas mentes em despertamento.

Sabia que não encontraria imediata ressonância, em face do imediatismo a que se acostumaram aquelas gentes em rudes provas e dolorosas expiações.

A Sua, porém, era uma sementeira para o futuro da Humanidade, quando houvesse instrumentos que facultassem penetrar-lhe o âmago das informações, quando a Ciência e a Tecnologia alcançassem patamares elevados, facultando a decifração dos soberanos códigos da vida.

Não havia pressa. Antes, Ele enviara mensageiros, na condição de embaixadores capazes de orientar e de conduzir. Não ouvidos, desrespeitados uns e perseguidos outros, optara por vir, Ele mesmo, a fim de que não houvesse justificativas enganosas no futuro.

Por isso mesmo, iniciara o ministério revolucionário pela ação, para depois oferecer as informações capazes de gerar alegria perene e segurança permanente.

Já não havia dúvida. O Messias estava entre os filhos de Israel, que teimavam em não O receber, gerando impedimentos e criando embaraços, numa atávica e mórbida conduta de ser infeliz por prazer, embora fingindo anelar pela alegria e pela felicidade.

Jesus conhecia o ser humano em profundidade, no âmago da sua essência, e, por essa razão, não se afligia, não se impunha, não se inquietava.

A revolução chegara a Jerusalém, e os combates travavam-se solertes, às ocultas e às claras.

Dividiram-se os grupos e os interesses em jogo definiam os rumos.

A mesquinhez que se apega aos valores mortos das paixões materiais urde e executa planos que se caracterizam pela sordidez.

O farisaísmo cínico, o sacerdócio hostil, o convencionalismo hipócrita uniram-se para combater o Mensageiro da Verdade, para submeter a Luz às suas odientas sombras. . .

Como a claridade jamais teme, Jesus alcançara a cidade que matava os profetas e aniquilava os santos, onde também Ele deveria morrer aureolado pela grandeza da Sua pulcritude.

Difícil era enfrentá-lO, suportar o Seu olhar tranquilo e penetrante, manter a pusilanimidade. . . . No entanto, acostumados à farsa, eles O desafiavam, mediante processos manhosos e interrogações maliciosas, dúbias.

O Mestre conhecia-os mais do que eles a si próprios.

Era um sábado, e a tradição considerava-o sagrado, totalmente dedicado ao repouso, em homenagem a Deus que jamais repousara.

Os outros não seriam dias consagrados ao amor, ao dever, ao progresso espiritual, mas somente ao trabalho, às cargas de preocupação e de labor exaustivo. . .


Entrando na residência de um fariseu destacado, e conhecendo-lhe a dubiedade de caráter, sob a curiosidade geral e acurada observação dos Seus inimigos, não demonstrando nenhum receio, pelo contrário, afirmando a Sua coragem, o Mestre, que tinha diante de si um hidrópico, interrogou os legistas e os demais fariseus:

— É permitido ou não curar no sábado?


Mas todos ficaram calados. Tomando então o homem pelas mãos, curou-o e mandou-o embora, desafiadoramente. Depois, disse-lhes:

— Qual dentre vós que, se o seu filho ou o seu jumento cair num poço, não o tirará logo, ainda que seja em dia de sábado? E, a isto, não puderam replicar.


Lucas 14:1-6 E muito fácil estabelecer-se no calendário das ações um dia para a ociosidade dourada, disfarçada de atividades religiosas, no bojo de um Universo em incessantes e contínuas transformações.

A astúcia humana sem limite, programa comportamentos esdrúxulos que lhe facilitem a inutilidade, disfarçando-se de cumpridores de outros deveres, como se apenas o sábado fosse a Deus consagrado, em detrimento de todos os demais dias estabelecidos para o crescimento espiritual e moral da criatura humana.

Jesus, que não respeitava convenções, por conhecer- -lhes o despropósito e a vacuidade, especialmente elegeu o sábado para curar, para movimentar-se, demonstrando que o importante são as ações do bem e não as convenções estúpidas da insensatez humana.

Afinal, é mais fácil repousar no sábado, do que sarar moléstias, curar desaires morais, libertar das obsessões cruéis, seja em qual dia for.

A revolução que se iniciara entre as massas sofredoras agora alcançava os grupos selecionados pela riqueza, pelo poder, pela situação política, para sacudir as suas estruturas colocadas sobre areia movediça, portanto, fáceis de desmoronamento.

Não podendo impedir o idealismo do Messias, nem silenciar a proposta libertadora, os anões morais resolveram por intimidá-lO, e não o conseguindo, tomaram a decisão de matá-lO, como se, em toda revolução, a morte não se encontrasse presente confraternizando com a vida!

Era, portanto, um sábado, mas nem por isso o amor deixou de produzir bênçãos!


Paramirim-BA, em 26. 07. 2005.


AMÉLIA RODRIGUES




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Isaías 9:1

MAS a terra, que foi angustiada, não será entenebrecida. Ele envileceu, nos primeiros tempos, a terra de Zebulom, e a terra de Naftali; mas nos últimos a enobreceu junto ao caminho do mar, além do Jordão, a Galileia dos gentios.

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Mateus 4:16

O povo, que estava assentado em trevas, viu uma grande luz; e aos que estavam assentados na região e sombra da morte a luz raiou.

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Mateus 10:4

Simão Cananita, e Judas Iscariotes, aquele que o traiu.

mt 10:4
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Mateus 10:4

Simão Cananita, e Judas Iscariotes, aquele que o traiu.

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Marcos 3:19

E a Judas Iscariotes, o que o entregou.

mc 3:19
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Lucas 14:3

E Jesus, tomando a palavra, falou aos doutores da lei, e aos fariseus, dizendo: É lícito curar no sábado?

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Mateus 4:15

A terra de Zabulom, e a terra de Naftali, junto ao caminho do mar, além do Jordão, a Galileia das nações;

mt 4:15
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Lucas 14:1

ACONTECEU num sábado que, entrando ele em casa de um dos principais dos fariseus para comer pão, eles o estavam observando.

lc 14:1
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Lucas 14:2

E eis que estava ali diante dele um certo homem hidrópico.

lc 14:2
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Lucas 14:4

Eles, porém, calaram-se. E tomando-o, o curou e despediu.

lc 14:4
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Lucas 14:5

E disse-lhes: Qual será de vós o que, caindo-lhe num poço, em dia de sábado, o jumento ou o boi, o não tire logo?

lc 14:5
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Lucas 14:6

E nada lhe podiam replicar sobre isto.

lc 14:6
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