Mensagem do Amor Imortal (A)

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CAPÍTULO 15

E OS SAMARITANOS NÃO O RECEBERAM. . .

Mateus Lucas 9:51-56

Recordando-nos da figura incomparável de Jesus, da Sua presença na Terra, deambulando entre as criaturas atônitas, podemos considerar o acontecimento como um amanhecer ensolarado em noite plena de horrores com predominância de tempestades e desesperos. . .

Qual sublime Sol, lentamente banhava as trevas densas, anunciando claridade, facultando a visão real de tudo quanto se ignorava, ensejando alegria e compreensão dos acontecimentos, que antes sucediam mergulhados no sobrenatural e no maravilhoso, por desconhecimento da sua causalidade.

Sua existência excelsa foi semelhante a uma primavera ridente e formosa, após demorada e aparvalhante invernia, que parecia não mais terminar. . .

Ainda hoje ressumam essas claridades insubstituíveis do Seu amor, atenuando a escuridão moral que teima em permanecer dominando as paisagens dos sentimentos humanos.

As multidões desnorteadas naquela época, apenas dispunham de vagas notícias a respeito da Verdade, transmitidas pelos profetas da raça, respeitáveis pelas vidas extraordinárias e sofridas, enquanto aguardavam um Messias que fosse belicoso e cruel para as demais pessoas e sumamente generoso para o povo escolhido, recompensando-o pela sua fidelidade ao Deus Único. . .

Eram mantidas na ignorância, porque assim mais facilmente se tornavam manipuladas ao bel-prazer dos poderosos que as exploravam até a exaustão.

Em realidade, a decantada afeição e o fingido devota- mento a Deus eram mais formais do que reais, porquanto, divididos em seitas, que se detestavam reciprocamente, demonstravam mais a prevalência do orgulho e da soberba do que a indispensável submissão aos desígnios divinos.

Israel desejava um poderoso Messias que o exaltasse, libertando-o do tacão dominador do império de Roma que detestava. . .

Por isso, as intrigas e pugnas sucediam-se tão intermináveis quanto odientas.

Traições e conciliábulos torpes multiplicavam-se, sempre afogados em banhos de sangue abundante. . .

As arbitrariedades no comportamento do povo misturavam-se às aparências dos religiosos em formalismos rígidos, mais preocupados com a forma do que com o conteúdo da doutrina, atestando a indiferença quase total pelas tradições espirituais venerandas e pelos ensinamentos que vertiam do Alto em exuberância e frequência, direcionados a todos os judeus.

As denominadas classes altas, a dos privilegiados, dedicavam-se ao absolutismo do poder e à competição pela conquista dos altos cargos em lamentáveis processos de usurpação vergonhosa, sem qualquer respeito pelas demais criaturas, suas irmãs, que permaneciam marginalizadas.

Os outros povos somente mereciam escárnio e desconsideração, por não pertencerem aos clãs de Abraão, de Isac ou de Jacó. . .

Nada obstante, Deus pairava magnânimo acima das rudes circunstâncias e da infeliz prosápia dos enganados.

As divisões ridículas e a segregação dos samaritanos constituíam chaga moral purulenta, exsudando as torpes condutas que não se encaixavam nos programas estatuídos para o futuro.

Os preconceitos eram absurdos, sempre selecionando os indivíduos e dividindo-os em processos de impiedade e torpeza moral.

Jesus veio, naqueles dias, e uma aragem nova perpassou pelas massas sofredoras, anônimas e esquecidas. . .

Foi Ele o primeiro a dignificar a mulher ultrajada e submetida aos infames caprichos da vileza moral dos homens grosseiros, que se consideravam especiais na Criação Divina.

Coroando a Sua experiência de amor transcendente, elegeu uma sofredora renovada para aparecer-lhe depois da morte, mulher que antes vivia de maneira equivocada, dominada por Espíritos vulgares, que Ele libertou da desintegração emocional a que se entregava. Ao mesmo tempo, honrou as duas irmãs de Lázaro, que passaram a devotar-se-Lhe com extremado carinho. Dignificou uma samaritana, junto ao poço de Jacó, na árida região em que a água era escassa, explicando-lhe que Deus não habita o templo de Jerusalém, nem o do Monte do Gafanhoto (Garizim), mas reside no santuário dos corações e no altar da Natureza. . .

Posteriormente, honrando aquela raça que fora amaldiçoada, utilizou-se da figura de um dos seus membros - o samaritano - bom e nobre, gentil e cavalheiro, para lecionar o amor ao próximo de maneira invulgar, sem qualquer exigência de sangue ou de ancestralidade, tornando-o o símbolo da caridade incondicional.


* * *

Aqueles dias aproximavam-se da fase dos testemunhos a que Ele seria submetido.

A sinfonia de bênçãos seria agredida pelos ruídos das tragédias sucessivas, e Ele deveria rumar a Jerusalém, a cidade santa e maldita, que matava os profetas e glorificava os criminosos que conseguiam vitórias. . .

Ele mandou que alguns dos Seus discípulos fossem, à frente, a fim de prepararem hospedagem, aplainando os caminhos ásperos, embora soubesse antecipadamente o que Lhe estava reservado.

Entre a Galileia e a Judeia encontrava-se a Samaria, agreste e sofredora.

Quando Ele chegou ali, porém, foi informado de que os samareus daquela aldeia por onde passava, recusavam-se a recebê-lO, porque Ele rumava a Jerusalém, onde estavam proibidos de entrar.

Era na Samaria que deveriam adorar a Deus e não em Jerusalém, ou vice-versa, a depender do lado em que se encontrava a questão, pensavam, igualmente soberbos. . .


Tiago e João que O anteciparam, tomados de ressentimento e cólera, propuseram:

— Senhor, queres que digamos que desça o fogo do céu e que os consumai Ele, porém, irretocável e majestoso, ao invés de punição contra aqueles que O recusavam, distendeu misericórdia e compaixão.

Deteve-se, mesmo ante a obstinação do povo e a muitos curou das suas mazelas, diminuindo-lhes a aflição e os sofrimentos.


* * *

Os samaritanos constituem, na Boa-nova, o exemplo paradoxal da conduta leviana e mesquinha.

Desprezados e detestados, não desenvolveram os sentimentos de elevação, de altruísmo, permanecendo nos revides insensatos e na pequenez em que se refugiavam.

Diante da luz que lhes chegou, fecharam os olhos para ignorá-la, sem dar-se conta dos benefícios que poderiam ser hauridos.

Recebendo a abundância, fixavam-se na escassez, sem permitir-se enriquecer da sabedoria que liberta e felicita.

Convidados à plenitude, optaram pela avareza.

Não quiseram receber Jesus, mas se permitiram beneficiar da Sua excelsa magnanimidade.

A aldeia ficou no anonimato, quando poderia haver florescido, reverdecendo o solo adusto dos corações ante o sopro fértil do Semeador.

Seu exemplo de egoísmo e de rebeldia permanece caracterizando outras vidas, muitas vidas que vieram depois, e que também não O receberam. . .


* * *

Entre a Galileia e a Judeia espraiava-se a Samaria dos renegados que se tomaram renegadores. . .

Ele seguiu a Jerusalém, onde foi traído, entregue aos Seus inimigos, imolado na cruz entre menosprezo e ódio perverso, nada obstante, três dias após a Sua morte, ressurgiu, retornando para atender as necessidades intimas todos aqueles que preferiram continuar na treva, ao inundar-se da luz inefável da Sua presença.


Paramirim-BA, em 21J


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Lucas 9:51

E aconteceu que, completando-se os dias para a sua assunção, manifestou o firme propósito de ir a Jerusalém.

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Lucas 9:52

E mandou mensageiros diante da sua face; e, indo eles, entraram numa aldeia de samaritanos, para lhe prepararem pousada,

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Lucas 9:54

E os seus discípulos, Tiago e João, vendo isto, disseram: Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como Elias também fez?

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Lucas 9:55

Voltando-se, porém, repreendeu-os, e disse: Vós não sabeis de que espírito sois.

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Lucas 9:56

Porque, o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. E foram para outra aldeia.

lc 9:56
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Lucas 9:57

E aconteceu que, indo eles pelo caminho, lhe disse um: Senhor, seguir-te-ei para onde quer que fores.

lc 9:57
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Lucas 9:58

E disse-lhe Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.

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Lucas 9:59

E disse a outro: Segue-me. Mas ele respondeu: Senhor, deixa que primeiro eu vá a enterrar meu pai.

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Lucas 9:60

Mas Jesus lhe observou: Deixa aos mortos o enterrar os seus mortos; porém tu vai e anuncia o reino de Deus.

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Lucas 9:61

Disse também outro: Senhor, eu te seguirei, mas deixa-me despedir primeiro dos que estão em minha casa.

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Lucas 9:62

E Jesus lhe disse: Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás, é apto para o reino de Deus.

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Lucas 9:53

Mas não o receberam, porque o seu aspecto era como de quem ia a Jerusalém.

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