Mensagem do Amor Imortal (A)

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CAPÍTULO 18

EM PLENO MINISTÉRIO

A manhã estava esplêndida.

O Astro rei vestira-se de ouro e dardejava os seus raios sobre a Terra em expectativa de luz.

Suaves perfumes eram carreados pelos ventos brandos, ao tempo em que discreta musicalidade perpassava pelo arvoredo exuberante.

Tratava-se de um amanhecer especial, que talvez não mais se repetisse.

A revolução há pouco iniciada, alargava o seu campo de ação, envolvendo maior número de combatentes que recebiam apoio ou que se renovavam emocionalmente, mudando de atitude perante a vida.

Eles, os revolucionários da frente de batalha, ainda não se haviam dado conta do movimento que os arrancara dos seus deveres habituais, simples e modestos, para os precipitarem nesse torvelinho de acontecimentos e emoções.

Eram pessoas do povo, sem maiores aspirações, que se contentavam com a rotina a que se entregavam.

Ele surgira, há pouco, inesperadamente, em suas existências e os arrebatara, fazendo que tudo largassem para segui-lO, sem mesmo saberem o porquê ou para quê.

Ainda não se haviam conscientizado a respeito do Reino a que Ele se referia.

Alguns sabiam das promessas dos antigos, das profecias, e julgavam que fosse a hora de vê-las cumpridas. Somente que não entendiam como fariam para apressar-lhe a instalação na Terra.

Discutiam, quando sem a Sua presença, e não chegavam a uma conclusão correta que os satisfizessem. Mas confiavam n’Ele e Lhe dariam a vida se lhes fosse pedido, tal a força emocional que os dominava naqueles momentos. . .

Acontecera rapidamente demais, sem aviso prévio, sem que tivessem tempo de amadurecer reflexões, conforme sucedia em tudo quanto Ele apresentava, fugindo ao habitual, ao diferente do comum.

Naquele mágico amanhecer, após as instruções iniciais e preparatórias, Ele fora terminante ao propor-lhes: — Restituí a saúde aos doentes, ressuscitai os mortos, curai os leprosos, expulsai os demônios. Dai gratuitamente o que gratuitamente haveis recebido.


Mateus 10:8 A princípio, ficaram aturdidos.

Deslumbravam-se sempre quando Ele o fazia, mas não acreditavam que fossem capazes de realizar tal ministério, com essa envergadura.

Estranho temor assaltou-os e ficaram aflitos.

A serenidade d’Ele, porém, acalmou-os.

Ele jamais os defraudara. Tudo quanto dissera, havia feito com naturalidade incomum.

Não havia dúvida que Ele era o Filho de Deus conforme se afirmava.

Suavemente, então, deixaram-se arrastar pelo Seu magnetismo e não apresentaram qualquer interrogação.

Pulsavam-lhes nos sentimentos emoções desconhecidas, enternecedoras, como se fossem crianças ingênuas nos braços do amor.

Depois desse momento, não mais foram os mesmos.

Eram homens ignorantes, que desconheciam as sutilezas do convívio social e religioso. Viviam dos labores humildes e contentavam-se com isso, não se atormentando por ter mais ou conseguir destaque nas comunidades onde residiam. A Natureza pródiga tudo lhes facultava e eles sabiam retirar-lhe o necessário para si e para os familiares, aos quais amavam.

Não eram, porém, Espíritos rudes e brutos.

O corpo amortecera-lhes os recursos de que se encontravam investidos, os valores que armazenaram no curso das reencarnações.

Vieram preparados para aqueles momentos, embora não o soubessem conscientemente.

Ignoravam, certamente. No entanto, algo interior impulsionava-os ao avanço e a atração que Ele exercia, arrastava-os.

Ainda eram assinalados pelas humanas fraquezas, todavia fortaleciam-se na labuta, como ocorre com os minérios que se depuram nas altas temperaturas em que adquirem maior resistência.

Sabiam que, ao entregar-se-Lhe, nada mais os deveria preocupar, porque Ele a tudo previa e provia.

Quase sem o perceberem, começaram a atender os doentes, minimizando-lhes as dores, liberando-os das aflições.

A cada sucesso conseguido tornavam-se mais entusiasmados e encorajados.

Os debates com os obsessos, no entanto, afligiam-nos pela obstinação dos seres apegados ao Mal em que se com- praziam nas odientas perseguições. . . . Embora confiassem no poder de que se encontravam investidos, temiam-nos, por certo, como efeito das correntes superstições a respeito dos demônios.

Os confrontos com esses verdugos da Humanidade eram-lhes penosos, porque, zombeteiros e cínicos, desafiavam-nos, tentavam ridicularizá-los, irritando-os com as farpas que lhes atiravam impiedosamente. . .

Nada obstante, enfrentavam as suas sórdidas armadilhas e libertavam aqueles que eram mantidos como prisioneiros nos seus enredos.

A morte sempre inspirou respeito, quando não pavor, em face do desconhecido em torno do que haveria ou não logo depois. . .

• Como se encorajariam a arrancar-lhes das sombras misteriosas a que foram atirados nesse reino terrível e ignorado?

Inspirados, no entanto, perceberam que nem todos os mortos estavam mortos.

Havia os mortos para as questões espirituais, os escravizados ao mundo e às suas imposições, como ocorria com os descendentes de Sadoc, ateus e negadores da imortalidade.

Outros existiam que morriam no estado de sono cataléptico em que a vida, porém, não os abandonava.

O Mestre havia-os informado, após receber a notícia da morte de Lázaro e após meditar, que ele dormia.

Ao visitá-lo no túmulo da sua casinha em Betânia, despertou-o, chamando-o para que saísse do sono e viesse para fora. . .

Por fim, havia aqueles que, mortos, somente ressuscitariam em espírito, não mais no corpo. . .

Ele referia-se, sem dúvida, aos dois primeiros tipos de mortos. . .

Acender a luz da verdade na consciência adormecida e arrancar do grande letargo eram tarefas que poderiam realizar e o conseguiram.

Limpara lepra dos corpos apodrecidos, ao largo dos dias, tornara-se-lhes um fenômeno natural. Sentiam desprender dos seus corpos a energia reparadora que recuperava os feridos e os imundos.

Não entendiam como isso acontecia, o que, afinal, não era importante. O que interessava eram os resultados felizes.

O Mestre concedera-lhes poderes que teriam de aplicar em favor da expansão do Reino de Deus.

Vendo, seria mais fácil aos incrédulos mudar de opinião.

Experimentando o que neles se operava, mais facilmente os cépticos davam-se conta do que realmente estava acontecendo de inabitual e extraordinário. . .

(. . .) Mas nem todos que se beneficiavam, seguiam as diretrizes para alcançar a plenitude!

(. . .) E como a morte real é uma fatalidade inevitável, foram retirados do corpo no seu devido momento, havendo perdido a oportunidade ditosa que lhes facultaria a glória na imortalidade. . .

(. . .) E por isso, prosseguem renascendo e recuperando-se na esteira do tempo.

Teriam que fazer tudo, porém, gratuitamente, porque assim haviam recebido.

Os tesouros dos Céus não têm preço na Terra, nem recurso algum existe que os possa comprar.

Só o amor pode conquistá-los, para que sejam doados.


* * *

Na manhã esplendorosa, Ele deu-lhes poder que nunca mais perderam.

Restituir a saúde aos doentes, ressuscitar os mortos, curar os leprosos, expulsar os demônios, tudo, porém, gratuitamente, conforme gratuitamente haviam recebido, permanece sendo o impositivo para ser-Lhe emissário na imensa e sofrida mole humana, que Ele abraçou para proporcionar alegria, saúde e paz.


Salvador-BA, em 03. 12. 2007.


AMÉLIA RODRIGUES




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