Mensagem do Amor Imortal (A)

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CAPÍTULO 2

THALITA

Marcos 5:35-43

O incomparável poder de penetração do Mestre no âmago das questões que Lhe eram apresentadas, assim como a Sua percepção profunda em torno da realidade, permitiam-Lhe o exato conhecimento daquilo que se passava no íntimo das pessoas como das causas que haviam gerado os problemas de que se queixavam.

Absolutamente consciente da Sua origem e do ministério que deveria exercer entre as criaturas humanas, a naturalidade com que agia e a compaixão de que se revestiam os Seus atos, tais eram as características com que atendia a dor e a ignorância das multidões que O buscavam.

A volumosa massa de pessoas miseráveis, desprezíveis e ociosas que se encontravam por toda parte, era-Lhe a grande paixão.

Dessa forma, onde quer que fosse, defrontava as necessidades e dores de variado porte, que d’Ele se aproximavam exibindo suas exulcerações morais, físicas, econômicas, rogando ajuda.

A Sua fama corria com a velocidade dos ventos em todas as direções, despertando inusitado interesse nesses esquecidos e excluídos da sociedade.

Mas não apenas esses, e sim, todos aqueles que tinham aflições e carência de saúde, de afetividade, de paz, de amor. . .

A todos Ele atendia com a mesma comiseração e paciência, despertando-os para a realidade da vida legítima, dos seus valores, dos seus objetivos essenciais.

Raros, no entanto, buscavam entendê-lO. Compreende-se a miserabilidade intelectual em que se debatiam os mais numerosos, desinteressados totalmente dos valores imperecíveis do Espírito imortal. Tinham necessidades, desejavam supri-las, e isso os bastava.

N´Ele viam apenas o equacionador, aquele que lhes resolvia os problemas e os aninhava no coração. Ainda hoje é, mais ou menos, assim. Os infelizes andam mais preocupados em ser recebidos e cuidados, do que em retribuírem com uma parcela sequer do que disputam conquistar. E parte do fenômeno da evolução, do estágio espiritual em que se encontram, ainda longe das legítimas aspirações que enobrecem e libertam.

A aridez do solo adusto bem representava a constituição das multidões que O buscavam, sedentas de amor, de pão e de saúde, mas sem recursos de bondade para que neles permanecessem os auxílios que recebiam.

Atendidas nas angústias mais pungitivas e imediatas, exultavam, aplaudiam-nO, e retomavam com avidez aos mesmos hábitos perversos em que se compraziam.

As palavras ouvidas não se lhes fixavam no íntimo de maneira que os renovassem, evitando-lhes futuras escabrosidades e desalinhos, e contentando-se somente com o que lhes acontecia no momento célere, que logo passava.

Apesar disso, havia também aqueles que ansiavam pelo Reino dos Céus, que anelavam conquistar, cansados que se encontravam sob o fardo opressor do mundo hostil.

Seguiam-nO, sinceramente tocados de esperanças e deixavam-se impregnar pelo magnetismo que d’Ele se exteriorizava.

As jornadas pelas cidades e aldeias às margens do Lago de Genesaré eram enriquecedoras, inolvidáveis.

A Sua palavra possuía um timbre especial que penetrava a acústica da alma e marcava-a; os Seus ensinamentos eram de fácil assimilação, embora de muito difícil experiência vivencial.

Numa época em que o poder da força, da traição e da covardia moral constituía fenômeno natural, a força do amor, da lealdade e da coragem da fé parecia tão impossivel, que poucos somente se atreviam a aceitá-lo como verdadeiro. O mundo dos gozadores estava repleto de triunfadores que esmagaram os outros, que tripudiavam sobre todos, enquanto os indivíduos honestos e probos permaneciam em plano inferior, dominados, espezinhados, sem possibilidades de soerguimento.

O discurso de Jesus era e prossegue dirigido a todos, sem dúvida.

Aos vitoriosos, advertindo-os da ilusão sobre a qual depositavam suas alegrias e esperanças e aos desconsiderados, convidando-os à renovação e ao refazimento de forças, em face da transitoriedade da ocorrência. E embora parecendo impossivel de reverter-se essa ordem de valores, não eram poucos aqueles que acreditavam nos Seus ensinamentos, anunciando-os a outros que os não escutaram.

Os fenômenos maravilhosos das curas, que tanto impressionam as criaturas, repetiam-se em um contínuo inusitado. Jamais aquilo acontecera antes e nunca mais voltaria a suceder.

Os mais estranhos acontecimentos se concretizavam com a Sua presença. Surdos, cegos, mudos, paralíticos, leprosos, loucos e endemoninhados recuperavam-se ante a Sua determinação, refazendo o corpo ulcerado, que volvia a movimentar-se, readquirindo a função perdida. Todos, por mais rudes fossem as suas provações, tinham-nas amenizadas, diluídas pelo Seu verbo de luz e pelo Seu sentimento de incomparável amor.

Antes d’Ele ninguém jamais se atrevera a adentrar-se pelo misterioso mundo da Morte, de lá arrancando aqueles que haviam sido recolhidos. Mas Ele, sim.

Acabara de atender a mulher hemorroíssa e a multidão era volumosa, estava ávida de novos e incessantes milagres, quando, desesperado, o Chefe da Sinagoga tentava falar-Lhe. Foi nesse comenos, que alguns dos Seus servos desesperados vieram dizer-lhe que já era demasiado tarde, que não necessitava incomodar o Mestre, pois que, sua filha houvera morrido. . .

Uma imensa consternação tomou o pai aflito e alguns que o conheciam.

Escutando a informação, o Amigo daqueles que não tinham amigos, dirigiu-lhe a palavra de alento, prontificando-se a visitar a criança.


Chegando a casa, convidou apenas os discípulos mais íntimos a entrarem e contemplou a menina que jazia hirta. Porque alguém informasse que ela estava morta, o Senhor da Vida elucidou que a mesma se encontrava dormindo. . . E, convidando os seus pais e aqueles reduzidos amigos para que permanecessem, solicitou que todos os demais saíssem, após o que, jovial e sábio, determinou:
— Talitha, Koum! (Menina, levanta-te e anda!) Erguendo-se do leito, e inundada de vida, a menina foi retirada dali, enquanto Ele propunha:

— Deem-lhe de comer!

(. . .) E saiu como um raio de sol que acabara de inundar de luz as trevas existentes.


* * *

O episódio envolvendo a menina que dormia é portador de grande significado para todas as criaturas, especialmente para aquelas que estão amortalhadas no sono da indiferença ou da ignorância em torno da realidade existencial.

Há aquelas que se comprazem no letargo, distantes da responsabilidade, enquanto outras optam pelo sono da negligência para não se darem ao esforço da renovação moral.

Dormem milenarmente, e quando se lhes fala sobre a finalidade do despertar, escusam-se, rebelam-se, agridem e não cedem um passo na postura adotada. Estão inconscientes dos objetivos existenciais e preferem permanecer neles. Despertarão, sim, um dia, queiram-no ou não, porquanto é inevitável o fenômeno do crescimento interior na direção de Deus.


Outras, que ainda não se deram conta, por ignorância ou estupidez, já percebem que lhes é impossivel continuar dormindo, e predispõem-se a aguardar a doce-enérgica voz, impondo-lhes: -

Desperta e anda! . . . (4)


Paramirim-BA, em 09. 07. 2002.


AMÉLIA RODRIGUES




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Marcos 5:35

Estando ele ainda falando, chegaram alguns do principal da sinagoga, a quem disseram: A tua filha está morta; para que enfadas mais o Mestre?

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Marcos 5:36

E Jesus, tendo ouvido estas palavras, disse ao principal da sinagoga: Não temas, crê somente.

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Marcos 5:37

E não permitiu que alguém o seguisse, a não ser Pedro, e Tiago, e João, irmão de Tiago.

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Marcos 5:38

E, tendo chegado à casa do principal da sinagoga, viu o alvoroço, e os que choravam muito e pranteavam.

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Marcos 5:39

E, entrando, disse-lhes: Por que vos alvoroçais e chorais? a menina não está morta, mas dorme.

mc 5:39
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Marcos 5:40

E riam-se dele; porém ele, tendo-os feito sair, tomou consigo o pai e a mãe da menina, e os que com ele estavam, e entrou onde a menina estava deitada.

mc 5:40
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Marcos 5:41

E, tomando a mão da menina, disse-lhe: Talita cumi ? que traduzido, é: Menina, a ti te digo, levanta-te.

mc 5:41
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Marcos 5:42

E logo a menina se levantou, e andava, pois já tinha doze anos; e assombraram-se com grande espanto.

mc 5:42
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Marcos 5:43

E mandou-lhes expressamente que ninguém o soubesse; e disse que lhe dessem de comer.

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