Mensagem do Amor Imortal (A)

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CAPÍTULO 22

O ENCANTO SUBLIME DO AMOR

Mateus 5:43-48

A inefável sinfonia apresentada no Monte continuava esplendorosa, altissonante. . .


* * *

Os inimigos de Jesus em todos os tempos sempre procuraram inculpá-lO, afirmando que Ele nada houvera trazido de novo à sociedade, sendo um simples repetidor do que já fora dito.

Referem-se, fâmulos que são do cepticismo e da indiferença, que pensadores eminentes e fundadores outros de seitas religiosas do passado, foram os verdadeiros autores dos pensamentos de que Ele se apropriara.

Na falta de argumentos mais sólidos para combatê-lO, apelam, insensatos, para a fantasia, o recurso da imaginação pobre de artifícios.

Novos fariseus e saduceus pusilânimes, dispõem de tempo e de astúcia para deturpar todas as informações que podem chocar-se contra a sua conduta asquerosa.

Recorrendo-se, porém, à História, em suas páginas mais formosas, antes d’Ele, podem-se encontrar conteúdos literários e poéticos ricos de beleza e sabedoria, originados em muitos daqueles que O precederam, obviamente na condição de preparadores do Reino que Ele viera instalar na Terra.

Desde o sábio chinês Me-Ti, que recomendava o amor, a gentileza, a bondade para com todos, como recurso em favor de uma vida feliz, a Fo-Hi, a Lao-Tsé e Confúcio, especialmente o último, que recomendava a vivência do amor filial, assim como o uso da benevolência, enquanto os outros estabeleceram nobres códigos de conduta em relação à família, à sociedade, aos amigos. . .

Nessas nobres lições, no entanto, os inimigos eram deixados à margem, sem nenhuma referência.

Zaratustra, na Pérsia, igualmente orientou o seu povo a respeito da honradez, do respeito às leis, ao amor entre os familiares e amigos, a ação da bondade em relação àqueles que constituíam os seus afetos.

O príncipe Siddartha Gautama, no imenso amor a tudo e a todos os seres sencientes, prescrevia o amor aos inimigos, a fim de ser superado o sofrimento, mergulhando-se, mais tarde, no Nirvana, no Aniquilamento.

Moisés e os profetas referiram-se ao amor apenas aos familiares, aos amigos, aos membros da mesma grei religiosa, com desprezo pelos gentios e principalmente o revide aos inimigos. Posteriormente, à medida que a legislação mosaica evoluiu, surgiram as primeiras propostas em favor dos estrangeiros, que deveriam ser tratados com benignidade, como se também pertencessem à sua raça, isto, porém, em memória do período em que os judeus estiveram escravos no Egito, sendo, portanto, estrangeiros lá. . .

Na Mitologia grega, por exemplo, Zeus era o protetor dos estrangeiros e de todos aqueles que passavam pela Grécia, e a maioria dos filósofos não tinha a menor preocupação com o amor.

Sócrates, Platão e Aristóteles, no entanto, sugerem que se tratassem bem os inimigos, não lhes revidando mal por mal, apesar disso, estabeleciam que os criminosos devessem ser julgados conforme as leis vigentes, aplicando-se-lhes a punição que merecessem.

No panteão dos deuses de todos os povos, a vingança em relação àqueles que se tornavam inimigos, sempre teve um papel relevante, desde que os deuses confundiam-se muitas vezes com as criaturas humanas no seu comportamento apaixonado.

O amor era desconhecido na Antiguidade, por tratar-se de uma conquista espiritual de alto significado, que somente alguns missionários, então, possuíam.

O amor era fruto dos interesses sórdidos, das paixões sexuais, do protecionismo aos membros do clã em detrimento de todas as demais criaturas, todo feito de egoísmo e de volúpia.

Ninguém, porém, como Ele amou.

Não Lhe bastava o amor, mas também o perdão ao inimigo, bem como o esforço para fazer-lhe todo o bem, na razão inversa do mal recebido.

As criaturas não compreendem que os maus, os inimigos são doentes em Espírito, quase cadáveres que exalam decomposição moral. Ambicionam o que não têm, e quando não o conseguem, acusam e ameaçam, caluniam e perseguem aqueles com quem não podem competir de maneira elevada, ou não simpatizam.

Não merecem revide, antes necessitam de socorro que se negam receber.

— Tendes ouvido que foi dito: amarás o teu próximo, e aborrecerás o teu inimigo.


Fez uma pausa muito suave, e dando uma entonação de ternura à voz melodiosa, exclamou:

-Eu, porém, vos digo: Amai aos vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai que está nos céus; porque Ele faz nascer o Seu Sol sobre maus e bons, e vir chuvas sobre justos e injustos. Pois, se amardes aos que vos amam, que recompensa tendes? Não fazem os publica-nos a mesma coisa? Se saudardes somente aos vossos irmãos, que fazeis de especial? Não fazem os gentios também o mesmo? Sede vós, pois, perfeitos, como vosso Pai é perfeito.

O silêncio fez-se profundo, ouvindo-se apenas as onomatopeias da Natureza em primavera festiva.

Encerrava-se a canção incomum.

Os ouvintes não podiam imaginar a revolução que Ele propunha nesse discurso, mediante a morte do homem velho, dos seus conceitos morbosos e cruéis, para dar lugar ao homem novo, renascido, iluminado pela inextinguível chama do amor.

O amor jamais houvera sido exaltado a tal ponto.

Tolerar o inimigo, suportar-lhe a infâmia, não revidar-lhe o mal que fazia com outro equivalente, já significava um esforço, um sacrifício quase impossivel de ser realizado.

Amá-lo, porém, era demasiado, ultrapassava todos os limites da compreensão do povo sofredor.

O amor, no entanto, é bênção de Deus, que permite ao ser humano adquirir a perfeição que lhe está destinada, tomando o Pai como modelo, certamente inalcançável.

As emoções defluentes do amor produzem paz naquele que o experiência e especial clima de ternura propiciadora de júbilos internos profundos.

É normal pensar-se no revide ao mal, no entanto, essa reação vincula a vítima ao seu perseguidor, transforma-se em tóxico mental a envenená-lo lentamente.

Quando se consegue perdoá-lo, rompem-se os grilhões da perturbação, mas quando se ama esse algoz, faz-se com que ele se erga do abismo de si mesmo. Todavia, é necessário fazer mais: retribuir-lhe com o bem todo o mal que ele engendrou e produziu.

Ninguém como Jesus, para fazê-lo em totalidade de compaixão, conforme ocorreu durante a Sua existência terrestre, compreendendo os Seus adversários, e no momento final, na cruz, a todos perdoando de Sua parte e intercedendo ao Pai para que os perdoasse também, na infinita ignorância e crueldade em que se encontravam.

Aceitou o beijo da traição de um amigo, indo buscá-lo depois da própria morte nas regiões abissais das trevas para onde se arrojara covardemente. Entendeu a negação de outro amigo, por três vezes, a quem apareceu vivo, envolvendo-o em afeição profunda. Não se ressentiu com o abandono de quase todos aqueles aos quais se dera e com quem convivera em família especial, que fugiram amedrontados ante o Seu testemunho. . .

Como se não bastasse tudo isso, voltou a sustentá-los, quando abatidos e temerosos, tornando-os mártires c heróis incomuns, numa época de selvageria e primarismo.

Os poemas que cantou em palavras, não constituem uma repetição de algo antes enunciado, embora muitos dos Seus conceitos já houvessem chegado à Terra, a fim de preparar-Lhe o advento.

A melodia com que foram enunciados, a vivência de todos eles, ninguém lograra experiênciar como Ele o realizou.

As aragens amenas e perfumadas que perpassavam pela multidão em êxtase, naquele sublime dia, não mais repetiríam a música dos Seus lábios ou abençoariam outros ouvintes como aqueles, que deveriam seguir futuro afora, levando a Mensagem à posteridade. . .

Somente o amor, portanto, para sublimar o ser humano, apagar as nódoas da inferioridade ancestral, dignificá-lo.

Amor, porém, em plenitude.

Certamente inicia-se como uma fagulha insignificante, embora, na sua pequenez, ateie um incêndio.

Exercitando-se a tolerância e a compaixão pelo próximo infeliz, instala-se no íntimo a amizade, que socorrida pela benevolência e compreensão desata os pródromos do amor adormecido, proporcionando-lhe plenitude na etapa final do processo.

— Ouvistes o que vos foi dito. . .

— Eu, porém, vos digo. . .

A autoridade de Jesus, imensurável, deriva-se do Seu amor às rebeldes criaturas de todos os tempos.

O sermão inolvidável vem ecoando nos passados quase dois mil anos, lenindo as ulcerações físicas e morais dos desesperados, erguendo os caídos e sem esperança, e retirando das traves invisíveis todos aqueles que se permitiram crucificar nos vícios e nas paixões inferiores que cultivaram por prazer.

— Eu, porém, vos digo: amai aos vossos inimigos e fazei-lhes todo o bem possivel.

Não há outra alternativa para a conquista da felicidade, senão através do amor.


Salvador-BA, em 16. 01. 2008.


AMÉLIA RODRIGUES




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Mateus 5:43

Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e aborrecerás o teu inimigo.

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Mateus 5:44

Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem;

mt 5:44
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Mateus 5:45

Para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos.

mt 5:45
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Mateus 5:46

Pois, se amardes os que vos amam, que galardão havereis? não fazem os publicanos também o mesmo?

mt 5:46
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Mateus 5:47

E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? não fazem os publicanos também assim?

mt 5:47
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Mateus 5:48

Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.

mt 5:48
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