Mensagem do Amor Imortal (A)

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CAPÍTULO 3

DOENTES DA ALMA

Mateus 14:35-36

Depois que Ele entrou no barco os ventos acalmaram. . .

A tormenta não fora total, mesmo assim as águas do mar ficaram agitadas e aqueles que se encontravam navegando foram tomados de justo receio.

O mar, em verdade, é um grande lago que não pode ser considerado como um dos maiores. O seu volume de águas é menor do que o da Baía da Guanabara, no entanto, em face da ausência de águas na região, era altamente considerado naqueles tempos, e ainda hoje. . .

Aqueles eram dias de grande efusão de júbilos, de exaltação e de encantamento. Por onde Ele passava, as multidões afluíam refertas de mutilados do corpo e da alma, que recebiam o Seu concurso estelar, recuperando- -se e glorificando-O.

Os episódios que se sucediam eram ricos de misericórdia e de amor, saturando as vidas com as bênçãos da esperança, do reconforto e da paz.

Há pouco, Ele houvera liberado o endemoninhado gadareno da força ultriz que o afligia. Deixou-lhe a paz ao lado da certeza de que também era filho de Deus, pois que se beneficiara, recuperando a saúde mental, quando tudo se lhe afigurava tragédia e infelicidade.

Logo depois, os companheiros viram-nO andando serenamente sobre as ondas eriçadas do mar, naquela noite de leve tormenta. A princípio, supuseram que se tratava de um fantasma e apavoraram-se até o instante em que Ele os tranquilizou. . . Também haviam observado a falência da fé de Simão, o amigo que desejara abraçá-lO sobre as águas encrespadas, e depois de dar os primeiros passos ante o vento que açoitava, acovardou-se e temeu, quase afundando, ficando todos comovidos com a Sua magnanimidade, amparando o discípulo temeroso. . .

Agora, depois que Ele entrou no barco e os ventos acalmaram, restituindo a serenidade ao mar, rumaram no sentido oposto ao lugar de onde vinham, seguindo em direção da pequena Genesaré, que parecia uma imensa pérola engastada nas areias claras da enseada do generoso mar. . .

Ao chegar, reconhecido por alguns que ali residiam, logo a notícia se propagou com a velocidade do relâmpago e os necessitados acorreram de todo lado. Eram estropiados, cegos, surdos, mudos, leprosos, paralíticos, endemoninha- dos, todos quantos são considerados como a borra social, naturalmente excluídos dos círculos privilegiados, que exibiam as suas torpezas na expectativa de receberem qualquer benefício.

Sem alarde ou exclusão, Ele os recebia com infinita misericórdia, minorando as suas aflições, curando as suas enfermidades desagregadoras.

Após o atendimento, todos O louvavam, sorridentes e emocionados.


Apesar do socorro em quantidade, muitos outros que chegavam, ainda suplicavam-Lhe:

—Deixa-nos tocar, ao menos, a fímbria dos Teus vestidos, e temos a certeza de que nos recuperaremos.

O poder da fé ao lado da disposição feliz de alcançar a renovação ajudava-os na reconquista da saúde.

O magnetismo que d’Ele se exteriorizava reconstruía os tecidos apodrecidos e produzia alteração nos processos de recuperação moral.

As doenças procedem do Espírito endividado, vil- mente comprometido com a sua retaguarda em razão dos atos ignóbeis e das torpezas praticadas.

Jamais Ele deixou de amparar aqueles que O buscavam, porque para o mister de amor viera. Tornava-se necessário enunciar-lhes a palavra não verbal, que se traduz como ato de compaixão e socorro imediato.

Nada obstante, os enfermos da alma, logo recuperados dos desgastes físicos, retornavam aos conflitos e comportamentos infelizes, sem aproveitarem a oportunidade de reconstruir a vida ditosa.

Imantados à matéria, os indivíduos de então como os de hoje, apenas pensam nos resultados concretos, evitando assumir o compromisso de realizarem uma radical mudança de conduta mental e moral, estabelecendo novos parâmetros para a autorrealização, aquela que conduz à paz.

Aqueles eram, pois, dias muito difíceis. A mensagem chegara para libertar as criaturas do servilismo às paixões degradantes, do jugo escuso da sordidez. . .

Jesus, porém, reconhecia que aquele era um estado de infância psicológica em que os homens e mulheres se encontravam, e, por isso, na Sua condição de Educador por excelência, oferecia-lhes conforme o desejavam, porém, assinalava quanto à necessidade de seguirem além na busca do essencial, daqueles valores que não se perdem e têm sabor de imortalidade.

Mesmo hoje, no atual estágio da cultura e da civilização, pululam as multidões que desejam milagres, que anelam por ter resolvidos os seus problemas, e não procuram compreender a necessidade de insculpirem nos refolhos do ser os propósitos de espiritualização e de sublimidade interior.

Considerando o mar humano tumultuado pelas aflições superlativas, torna-se indispensável que a criatura reflexione e permita que Jesus se lhe adentre na alma, para que os ventos agitados das paixões dissolventes se acalmem.

Somente, então, haverá paz e libertação das doenças da alma, encontrando-se, por fim, a saúde integral.


Érico Cardoso-BA, em 11. 07. 2002.


AMÉLIA RODRIGUES




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