Há Flores no Caminho
Versão para cópiaDIVALDO P. FRANCO
As Nações, que se fazem solidárias umas com as outras, quando vítimadas por cataclismos sísmicos e tragédias inesperadas, não trepidam em fomentar guerras lastimáveis de destruição irracional, em que dizimam povos, arruínam cidades e economias, derruindo-se também. . .
A prepotência arma a audácia e o pavor campeia no mundo moderno.
Procurando evadir-se da triste realidade terrena, em que a civilização malogrou, desde quando a ética moral sucumbiu, soterrada sob as próprias ruínas, que foram produzidas pelo descalabro da cultura e a volúpia dos prazeres dos sentidos exacerbados, a criatura tenta encontrar sinais de destruição nos astros que se alinham, sem dar-se conta de ser ela própria a autora das inomináveis calamidades que varrem o planeta em todas as direções.
Os gabinetes de pesquisas extraordinárias multiplicam-se e os engenhos técnicos enxameiam nas fábricas, enquanto robots admiravelmente equipados são colocados à disposição das indústrias, substituindo os homens, que vagueiam nas vielas escuras do desemprego, a um passo da rampa da alienação.
A supervalorização da inteligência tem produzido o esfriamento da solidariedade, enquanto as ruas do mundo se abarrotam de jovens desvairados, que se reúnem em magotes, à espreita, esfaimados de pão, de paz, de amor, prontos para a hecatombe, cujo caldo de cultura fermenta. . .
Dois mil anos de Cristianismo e uma tão parca messe de luz!. . .
Vinte séculos de sementes abençoadas e insignificante sega de fraternidade!. . .
Contrastando com os pântanos que a tecnologia transformou em searas ricas e os desertos que se tornaram pomares, multiplicam-se os jardins que se fazem áridos e os trigais que são vencidos pelo sarçal.
As estradas da esperança jazem ao abandono e as rotas da solidariedade permanecem esquecidas.
A Boa Nova de Jesus, neste momento grave, é a segura diretriz, a solução para todos os problemas do instante que se vive.
O homem sem Deus, que penetra na fissão nuclear, faz-se deus do horror e é ameaça à vida, numa antevisão apocalíptica de destruição sem par.
Não obstante as aflições a apreensões existentes na consciência humana quase generalizada, a mensagem do Cristo permanece viva, e obreiros do seu Evangelho levantam-se para proclamar a "hora chegada", o amanhã melhor.
Nem todos enxergam a beleza que já reponta na Terra sofrida.
Há flores no caminho, aguardando os homens que estejam dispostos a vencer as distâncias emocionais e espirituais que os separam, a conquistar os espaços morais!
O convite é o mesmo que ontem Ele nos fez e agora nos chega sob óptica nova, profunda, compatível com a época em que nos encontramos.
Decisivo, é penetrante; atual, é libertador.
Não dá margem a equívocos, nem faculta evasões.
Responsabiliza e dignifica uma abrangência de amor capaz de sensibilizar o caráter mais refratário e o sentimento mais empedernido.
Hoje é o dia e agora o momento de decidir, de optar: Cristo ou César!
Comentando acontecimentos daquele tempo em que Ele esteve na Terra, colocamos problemas da atualidade em versão evangélica, de modo a facultar enfoques modernos próprios para as necessidades vigentes.
Não têm sabor de novidade, nem poderiam possuí-lo.
A palavra de Jesus é sempre atual com o mesmo tom de libertação, sem margem de interpretação dúbia.
Nossa cooperação insignificante, no empreendimento da construção do mundo novo, objetiva participar da obra, de alguma forma com as flores do caminho por onde avançam os servidores decididos.
Esperando haver feito o melhor ao alcance — e quem faz o que pode, produzir o máximo —, suplico ao Jardineiro Infatigável que a todos nos abençoe, envolvendo-nos em paz.
Amélia Rodrigues
Salvador, 10 de junho de 1982.
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