Há Flores no Caminho
Versão para cópiaPrimavera em pleno inverno
Era um inverno rigoroso e duplo.
Não apenas uma quadra hibernai, fria e de céu escuro, como também de expectativas nos corações.
Os receios se misturavam com as ansiedades e a boca da intriga fomentava situações embaraçosas, precursoras de tragédias futuras.
A primavera da mensagem evangélica ainda não conseguira enflorescer-se nas almas convidadas ao banquete da Boa Nova.
Despreparados para os grandes voos, porque se negavam à ascese libertadora, os homens preferiam o marasmo à sublime aventura, o vale sombrio às cumeadas gloriosas.
Rastejavam, quando poderiam plainar acima, nos horizontes infinitos.
A jornada do Mestre fazia-se entre inquietações e surpresas.
Ele sabia o roteiro e conhecia os caminhos a percorrer.
Os companheiros simples, ora se deslumbravam com os fenômenos que Ele produzia, ora se perturbavam, ante a grandiosidade do cometimento que, vez por outra, se davam conta.
Em verdade, não tinham ideia de que as sementes daqueles dias, plantadas na terra fértil da história da Humanidade, reverdeceriam o planeta para sempre.
Não se davam conta de que jamais se apagariam os seus nomes, na constelação dos mensageiros da luz, servidores da claridade libertadora.
Aquele era um momento insuperável; eram dias não mais repetidos em todos os outros dias do futuro.
Há instantes que são eternidades no tempo e infinitos no espaço.
E aqueles, eram esses instantes.
A luz da verdade cindira a treva para sempre.
A palavra, a obra estavam lançadas. Iniciavam-se as bases, os alicerces da nova civilização.
O reino se fazia conhecer e os seus ministros, no entanto, careciam da indispensável lucidez para melhor explicá-lo e vivê-lo.
Possuíam as credenciais, porém as ignoravam.
Haviam sido chamados para o grande combate, depois do qual seriam escolhidos a fim de exercerem o relevante ministério.
Jesus acabara de referir-se à Sua condição de pastor das ovelhas.
Afirmava ser a porta por onde todas se adentrariam pelo redil.
Mais de uma vez identificara-se. Isso escandalizara os fomentadores da mentira, que se comprazem na intriga, construindo uma cortina de fumaça com que, perturbados, supõem encobrir a verdade, mais se equivocando.
Os arquitetos da ilusão transitam em névoa, observando os fatos com as lentes embaçadas, que distorcem as imagens, dando-lhes uma visão incorreta da realidade, o que, aliás, preferem.
Havia tanta claridade no ensino do "Filho do Homem", que difícil se tornava não O identificar. Apesar disso, mascaravam o conhecimento para ocultar-se na acomodação irresponsável.
Aquela quadra invernosa poderia ser primavera para as almas, no entanto, tornava-se prenunciadora de borrascas irreversíveis para o futuro.
A verdade é luz que, não dosada, cega.
É claridade, mas pode conduzir às trevas.
Pão, se não digerido, enferma.
Linfa, que não absorvida com cuidado, afoga.
Licor, cuja quantidade deve ser equilibrada, a fim de não embriagar.
Para conhecer a verdade basta possuir "olhos de ver" e "ouvidos de ouvir".
Para senti-la e vivê-la, são necessárias maturidade e preparação.
A avidez excessiva prejudica tanto quanto a indiferença contumaz.
Jesus o sabia e por isso ensinava-a com método, alimentando as almas com parcimônia, Ele que se fazia abundância.
Não obstante, a Sua fortuna de amor, mesmo quando doava migalhas, esparzia recursos excessivos.
Vez por outra falava para o futuro.
A semente de vida eterna deveria ser plantada de uma vez.
O gesto audaz, irreprimível, chocava a conivência social e religiosa.
Abraçados aos interesses transitórios, os seus empertigados representantes sentiam-se no dever de impedir a luz.
Detentores das coisas, detinham-se atados a elas.
Embriagados pela presunção de que davam mostras, pensavam conduzir as rédeas do veículo do progresso, obstruindo a estrada do futuro ou domando os fogosos corcéis do amanhã.
inevitavelmente, tombavam em desastres clamorosos, já que ninguém pode deter o carro do Sol. . .
Provocadores quão insensatos, tumultuavam a turba que os incensava em sua loucura — alimento de que a vaidade necessita para sobreviver
—, a mesma multidão que um dia se atirou contra eles, os fomentadores da miséria moral, social e econômica. . .
Jesus os conhecia e não os temia.
Eles conheciam a Jesus e O temiam.
A sombra se dissipa com a luz.
A fraude receia a sua evidência.
O engodo se atemoriza ante o fato.
Assim, prossegue nestes dias. Por enquanto, se demorará em tais condições.
Os homens aparentam querer a verdade, que disfarçam.
Dizem ansiá-la e adiam o momento de se identificarem com ela, porque a temem.
A verdade impõe mudança de comportamento moral. Mata a ilusão.
Os que estão distraídos têm dificuldade em adaptar-se à vida nova.
Muitos gostariam de conciliar as situações que são opostas. Por não lograrem o intento, combatem os que são instrumentos da mensagem.
Detêm-se realizados.
Fecham os olhos e creem que é noite.
Confundem-se e pensam que lhe impedem o avanço, que lhes parece ameaçar a posição que reconhecem falsa.
Demorada a tarefa de revelá-la ao mundo e sabê-la triunfante.
Jesus não se afadigava.
Cumpria com o seu dever.
Confiava no tempo e na terapia renovadora do sofrimento.
"Em Jerusalém havia a festa da Dedicação e era inverno. " (João
Ali, as opiniões comentavam os acontecimentos gerais, a censura rilhava os dentes das acusações descabidas e as traições espiavam suas possíveis vítimas. . .
Jesus passeava, quando Lhe interrogaram os intrigantes, provocando reações.
— Até quando terás a nossa alma suspensa? Se Tu és o Cristo, dize-nos abertamente.
O Mestre penetrou-os com o olhar. Sabia o que desejavam, todavia respondeu:
— Já vô-lo tenho dito e não o credes. As obras que eu faço, em nome de meu Pai, essas testificam de mim. "Mas vós não credes, porque não sois das minhas ovelhas, como já volo tenho dito. "As minhas ovelhas ouvem a minha voz, eu conheço-as e elas me seguem. "Dou-lhes a vida eterna e nunca hão de perecer. Ninguém as arrebatará de minha mão. "Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. " Houve um silêncio de choque.
O momento chegava.
Não há maior demonstração nem provas, por mais queiram ignorá-las os homens, naquele instante.
Os atos O anunciam, não somente as palavras. Entretanto, num espocar de cores no céu invernoso, proferiu as palavras que não mais deixarão dúvidas: "Eu e o Pai somos um. " A gritaria infrene e a fúria falsa irromperam em reação, tentando calálO a pedradas.
Não criam na coragem da verdade. Agora detestavam-na.
Já não á ignoravam e não poderiam fugir-lhe à presença, que lhes fustigaria a consciência a partir de então.
O Filho representava o Pai que está nEle.
Esta identificação não pode ser tomada como pessoas distintas, fundidas numa só, tida por verdadeira.
Ambos são verdadeiros.
O Filho depende do Pai que O nutre e O vigora.
A recíproca, porém, não é legítima.
Vinha em nome do Pai, à Terra, para a unidade em amor com todas as criaturas.
Ele penetrou a ira com o punhal da serenidade e, inquestionável, prosseguiu:
— Tenho-vos mostrado muitas obras boas em nome de meu Pai; por qual destas obras me apedrejais?
— Não te apedrejamos — responderam — por alguma obra boa, mas pela blasfêmia; porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo.
— Pois se a lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (e a Escritura não pode ser anulada), àquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo, vós dizeis: blasfemas!, porque disse — Sou Filho de Deus?! "Se não faço as obras de meu Pai, não me acreditais, mas se as faço, e não credes em mim, crede nas obras; para que conheçais e acrediteis que o Pai está em mim e eu nEle. "
. . . E como não havia entre os antagonistas a sinceridade que busca, senão a burla que aturde, Ele os deixou e partiu. . .
Em pleno inverno de Jerusalém e dos corações a primavera de bênçãos para todo o sempre.
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João 10:24
Rodearam-no pois os judeus, e disseram-lhe: Até quando terás a nossa alma suspensa? Se tu és o Cristo, dize-no-lo abertamente.
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João 10:25
Respondeu-lhes Jesus: Já vo-lo tenho dito, e não o credes. As obras que eu faço, em nome de meu Pai, essas testificam de mim.
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João 10:22
E em Jerusalém havia a festa da dedicação, e era inverno.
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João 10:23
E Jesus andava passeando no templo, no alpendre de Salomão.
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João 10:26
Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho dito.
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João 10:27
As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem;
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João 10:28
E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão.
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João 10:29
Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai.
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João 10:30
Eu e o Pai somos um.
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João 10:31
Os judeus pegaram então outra vez em pedras para o apedrejar.
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João 10:32
Respondeu-lhes Jesus: Tenho-vos mostrado muitas obras boas procedentes de meu Pai; por qual destas obras me apedrejais?
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João 10:33
Os judeus responderam, dizendo-lhe: Não te apedrejamos por alguma obra boa, mas pela blasfêmia; porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo.
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João 10:34
Respondeu-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei: Eu disse: Sois deuses?
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João 10:35
Pois, se a lei chamou deuses àqueles a quem a palavra de Deus foi dirigida (e a Escritura não pode ser anulada),
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João 10:36
Àquele a quem o Pai santificou, e enviou ao mundo, vós dizeis: Blasfemas, porque disse: Sou Filho de Deus?
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João 10:37
Se não faço as obras de meu Pai, não me acrediteis.
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João 10:38
Mas, se as faço e não credes em mim, crede nas obras: para que conheçais e acrediteis que o Pai está em mim e eu nele.
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João 10:39
Procuravam pois prendê-lo outra vez, mas ele escapou-se de suas mãos,
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João 10:40
E retirou-se outra vez para além do Jordão, para o lugar onde João tinha primeiramente batizado; e ali ficou.
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João 10:41
E muitos iam ter com ele, e diziam: Na verdade João não fez sinal algum, mas tudo quanto João disse deste era verdade.
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João 10:42
E muitos ali creram nele.
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