Luz do Mundo

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ANTELÓGIO

Hoje como nos dias do passado o homem sofre as mesmas necessidades, diferenciadas pelas circunstâncias de tempo e condicionamentos de técnica.

Toda vez que se tenta, porém, uma atualização das palavras augustas de Jesus surgem, naturalmente, críticos apressados que se referem ao Cristianismo como uma Doutrina passadista, que esteve a serviço das religiões e foi superado pelas realidades da cultura hodierna. Jesus para eles "pode ter existido" não tendo, porém, outra significação senão aquela que se atribui aos agitadores de todos os tempos, que buscaram "fermentar as massas humanas", tentando o ideal da fraternidade entre as criaturas.

Seus feitos e Suas palavras são considerados exclusivamente do ponto de vista sociológico, negando-se-lhes quaisquer outras decorrências que ressumbrem odores e realidades transcendentes.

Reacionários do dogmatismo religioso anatematizam, igualmente dogmáticos, todo esforço que objetive um estudo consolador, resultante da mensagem do Galileu Incomparável que inaugurou oprimado do Espírito, falando uma linguagem sempre nova e atuante em todos os tempos.

Lamentavelmente não são tais pensadores o resultado das experiências tecnicistas ou consequência da filosofia cínica destes dias. Sempre estiveram presentes na História, deixando pegadas bem expressivas do ceticismo a que se aferraram, amargos e amargantes.

Diz-se que o papa Urbano VIII, cientificado da desencarnação do cardeal Richelieu, após alguma reflexão, exclamara: — "Se existe um Deus, o cardeal terá de responder por muitas coisas. Se não existe, safou-se de boa. "

No entanto, foi Urbano VIII o responsável pela guerra dos 30 anos, consequência natural da Contra-Reforma...



* * *

 

O homem dos nossos dias, no entanto, à semelhança dos homens de Israel do pretérito, têm necessidade de Deus e por isso Jesus é inadiável questão de encontro ou reencontro individual.

Transitam em roupas juvenis os espíritos novos e dizem-se decepcionados com os ancestrais, procurando formar comunidades onde o amor deixe de ser comércio e a esperança se transforme em paz.

Amargurados e inexperientes, porém, enveredam pelos caminhos das emoções e sensações inusitadas, tentando experiências paranormais por processos da ilicitude, derrapando consequentemente em lamentáveis conúbios com obsessões aparvalhantes que os dilaceram, afastando-os do amor e da paz —eles que somente experimentaram opróbrio e desprezo dos outros, desprezando-se a si mesmos, assim retornando às condições do primarismo humano, com mais instinto do que cerebração...

Os adultos super confortados transformaram-se em observadores inconscientes dos dramas gerais, negligentes quanto ao próprio destino, esperando ensejo de refocilarem e apagar-se num nada que lhes seria o tudo, o aniquilamento da forma e da consciência.

Os mais velhos, aferrados às convicções hereditárias, acreditam seja tarde demais para uma revisão espiritual da vida, como se nunca fosse tarde para aprender ou recomeçar...

Os que se acreditam melhor aquinhoados intelectual e culturalmente apreciam o impacto decorrente do choque das gerações e sorriem como se se encontrassem num campo de batalha em que sobreviverá o mais forte e o mais apto, a quem, vencedor, pretendem aliar-se...

E a convulsão prossegue.

Tudo porque Jesus continua desconhecido.



* * *

 

Os problemas sociais, morais e políticos de hoje diferem pouco daqueles que agitavam os dias em que viveu Jesus conosco. A super-densidade da população, as técnicas de comunicação esmagando o espírito humano por acúmulo de informações, produzem exaustão. Busca-se tudo para solucionar a problemática externa, enquanto o homem prossegue sozinho, em incógnita ainda.

E Jesus continua ignorado.

Israel soberba do pretérito está hoje simbolicamente com dimensões gigantescas, fazendo-se representar pelas grandes Nações adoradoras do deus Moloch e do bezerro de ouro.

Rabinos odientos e fariseus impiedosos, saduceus astutos e samaritanos detestados, galileus humildes, e levitas arbitrários multiplicam-se nestas horas, envergando roupagem diversa e ocultos sob nomenclatura estranha...

O homem chegou à lua, mas não penetrou o âmago do próprio ser. Sempre é mais fácil a incursão para fora e a solução simplista de conquistar os outros por mais confortadora e de melhor retribuição externa, do que a ingente conquista interior sobre si mesmo.

Solucionam-se na atualidade intrincadas questões da técnica; a alucinação em torno do infinitamente pequeno como do infinitamente grande, gerou a necessidade da criação de cérebros eletrônicos para a fixação de dados e a operação de cálculos mecânicos quase impossíveis de realizados pela mente humana, no tempo necessário ao acionamento dos reatores agentes das supervelocidades ou cuja vigência de respostas indispensáveis à agitação e celeridade destes dias em que se desenvolvem as atuais conjunturas conquanto transitórias com as suas perspectivas sombrias, quanto nefastas, não poderiam ser atendidas com precisão.

Porque Jesus prossegue desconhecido.

Ele, no entanto, é a solução, a melhor solução para os intricados quesitos da angústia universal.

Retorna à esfera humana, exatamente no momento ciclópico das necessidades, conforme prometera.

Antes fora precedido por uma plêiade de pensadores e artistas que embelezaram a Terra, e, então, inaugurou um período de paz e fraternidade, dobrando a cerviz do Império Romano à tolerância e ao martírio, retificando os conceitos éticos vigentes.

Nestes dias, volta sob a mesma augusta companhia daqueles que lhe prepararam a senda, ampliando enormemente os conceitos de liberdade, de paz, de justiça e de amor — conquanto ainda não vividos por todos — para que na condição de Consolador atenda a todas as necessidades e faça secar as nascentes de todas as dores que teimam em perdurar.

Ontem cantava a Verdade e a vivia no bucolismo de uma doce Galileia afável, verde, e a Natureza fez-se-lhe um outro Evangelho — o da beleza e da poesia que vertiam da paisagem que emoldurava Suas palavras e Seus seguidores.

Hoje penetra as mentes e os corações transformando-se no Amigo Divino que mantém colóquio com os que O amam e desejam reencontrá-Lo, não obstante o longínquo caminho por onde seguem...



* * *

 

Este livro, narrando e repetindo as mensagens do Senhor às Suas gentes simples e sofridas do passado, é um convite, uma tentativa de entretecer um colóquio com os que sofrem, apresentando-lhes Jesus, o Incondicional Benfeitor, que permanece aguardando por nós.

Nada traz de novo que já não se haja dito. Recorda, revive, atualiza feitos e palavras, cicia em E Jesus continua ignorado.

Israel soberba do pretérito está hoje simbolicamente com dimensões gigantescas, fazendo-se representar pelas grandes Nações adoradoras do deus Moloch e do bezerro de ouro.

Rabinos odientos e fariseus impiedosos, saduceus astutos e samaritanos detestados, galileus humildes, e levitas arbitrários multiplicam-se nestas horas, envergando roupagem diversa e ocultos sob nomenclatura estranha...

O homem chegou à lua mas não penetrou o âmago do próprio ser. Sempre é mais fácil a incursão para fora e a solução simplista de conquistar os outros por mais confortadora e de melhor retribuição externa, do que a ingente conquista interior sobre si mesmo.

Solucionam-se na atualidade intrincadas questões da técnica; a alucinação em torno do infinitamente pequeno como do infinitamente grande, gerou a necessidade da criação de cérebros eletrônicos para a fixação de dados e a operação de cálculos mecânicos quase impossíveis de realizados pela mente humana, no tempo necessário ao acionamento dos reatores agentes das supervelocidades ou cuja vigência de respostas indispensáveis à agitação e celeridade destes dias em que se desenvolvem as atuais conjunturas conquanto transitórias com as suas perspectivas sombrias, quanto nefastas, não poderiam ser atendidas com precisão.

Porque Jesus prossegue desconhecido.

Ele, no entanto, é a solução, a melhor solução para os intricados quesitos da angústia universal.

Retorna à esfera humana, exatamente no momento ciclópico das necessidades, conforme prometera.

Antes fora precedido por uma plêiade de pensadores e artistas que embelezaram a Terra, e, então, inaugurou um período de paz e fraternidade, dobrando a cerviz do Império Romano à tolerância e ao martírio, retificando os conceitos éticos vigentes.

Nestes dias, volta sob a mesma augusta companhia daqueles que lhe prepararam a senda, ampliando enormemente os conceitos de liberdade, de paz, de justiça e de amor — conquanto ainda não vividos por todos — para que na condição de Consolador atenda a todas as necessidades e faça secar as nascentes de todas as dores que teimam em perdurar.

Ontem cantava a Verdade e a vivia no bucolismo de uma doce Galileia afável, verde, e a Natureza fez-se-lhe um outro Evangelho — o da beleza e da poesia que vertiam da paisagem que emoldurava Suas palavras e Seus seguidores.

Hoje penetra as mentes e os corações transformando-se no Amigo Divino que mantém colóquio com os que O amam e desejam reencontrá-Lo, não obstante o longínquo caminho por onde seguem...

Este livro, narrando e repetindo as mensagens do Senhor às Suas gentes simples e sofridas do passado, é um convite, uma tentativa de entretecer um colóquio com os que sofrem, apresentando-lhes Jesus, o Incondicional Benfeitor, que permanece aguardando por nós.

Nada traz de novo que já não se haja dito. Recorda, revive, atualiza feitos e palavras, cicia em musicalidade fraterna as expressões que conseguiram impregnar os séculos e não desapareceram, ora reapresentadas pelo pensamento kardequiano, encarregado de erigir o templo novo da fraternidade universal, delimitando as fronteiras do Reino de Deus, indimensionais como o próprio universo, que, no entanto, começa no coração, na alma do homem atribulado de todos os tempos.

Amélia Rodrigues

Salvador, 25 de janeiro de 1971.


Amélia Rodrigues
Divaldo Pereira Franco


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