Luz do Mundo

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CAPÍTULO 24

NEM PRISÃO, NEM MORTE...

A casa de Felipe, em Cesareia, sorria júbilos e o canto puro da mensagem de vida eterna comovia o agrupamento familiar, repetindo-se dias e noites a-fio as incomparáveis bênçãos da comunhão com os Espíritos Sublimes.

O excelente ancião devotado a Jesus era genitor nobre de quatro virgens cujas vidas de renúncia e abnegação facultavam-lhes manter a pureza das admiráveis fortunas da mediunidade dignificada, a benefício dos neófitos do Evangelho nascente.

Pelos seus lábios insistentemente falavam as preciosas lições da esperança, fortalecendo os espíritos para as lutas valorosas do bem, pela dedicação total.

No silêncio que se fazia natural, ao término de cada exposição vitalizadora da Palavra, caíam em transe, abrindo as portas da Imortalidade radiante para ensejar aos que deambulavam nos estreitos limites das paredes orgânicas a Revelação, a fim de que pudessem agigantar-se pelas praias felizes da Espiritualidade...

Não fora esse sublime concurso vital facultado aos discípulos fiéis e aqueles seres, conquanto o espírito de abnegação e devotamento de que se revestiam, não suportariam as tenazes constringentes da impiedade e do desrespeito, da intolerância e da rebeldia indisfarçável, arremessados contra eles.

A Boa Nova, semelhante à madrugada que prenuncia bonança de luz em plena noite de dominação das trevas, não poderia encontrar guarida nos usurpadores nem tão-pouco compreensão no campo social em que a força representava verdadeiramente a conquista maior para o acesso fácil ao triunfo, conquanto transitório.

A hipocrisia religiosa multissecularmente mancomunada com o domínio temporal sufocava nos tecidos do abuso as expressões nascentes de qualquer movimento libertador, que visasse à iluminação e ao conforto da grande massa dos infelizes.

Com Jesus mudaram os quadros vigentes. Ele não se limitara a ajudar apenas aqueles que haviam ganho a Terra, não obstante os atendesse também; ligou-se, todavia, fortemente à dor e ao desalento do povo sofrido para soerguê-lo, acenando-lhe com as esperanças maiores do Reino dos Céus.

Esteve sempre ao lado do sofrimento e Seu coração, partilhando todas as aflições dos infelizes, franqueava-lhes a entrada de acesso ao Reino além do mundo, caso desejassem transformar as suas dores da Terra em futuras alegrias do Céu...

Depois de haver partido, com a natural ausência do Seu conforto direto, enquanto avançam os tempos e aumentam vigorosas as perseguições ultrizes, fazia-se necessário manter o divino elan de resistência e segurança nos corações receosos e nas vidas tímidas dos companheiros da retaguarda...

Não fossem as Vozes em incessante intercâmbio em Seu nome e não se teria alargado pela Terra a Mensagem Consoladora, tão rudes os golpes da criminalidade e de tão funestas consequências afrontosas e contínuas perseguições.

A morte, porém, na tradição do Evangelho, nunca produziu medo, por ser vida estuante, vigorosa, — porta para a felicidade, quando decorre do sacrifício nobre pelo ideal da Verdade... Isto porque aqueles mortos queridos, sempre vivos, retornavam ao convívio dos que haviam ficado para alentá-los e encorajá-los na luta, acenando-lhes promessas e alvíssaras de paz que conseguiam lobrigar logo lhes chegasse a vez.

As narrações evangélicas estão sempre odorificando os corações com o perfume da Revelação...

Profetizavam as filhas virgens e dignas de Filipe, em cuja casa Paulo, no ardor da sementeira da fé edificante, se hospedara em Cesareia, ao retornar da viagem a Tiro, Ptolemaida...


* * *

Naqueles dias chegou da Judeia um membro atuante e credenciado pelo Alto para o ministério, Ágabo, portador da mediunidade rutilante, já conhecido de Paulo.

A alegria festiva espontânea e o convívio vitalizador com o embaixador do Mundo Espiritual assinalariam o assentimento do Cristo ao programa em pauta e trariam a diretriz segura quanto aos destinos futuros do labor apostólico.

Pairavam, também, no ar, graves preocupações. A Igreja de Jerusalém sofria aguerridos combates e infâmias sórdidas.

Ágabo, tomando a cinta de Paulo, na primeira reunião a que se fez presente, atou pés e mãos e disse: — "Assim ligarão os judeus, em Jerusalém, o varão a quem pertence esta cinta, e o entregarão nas mãos dos gentios. " (Atos 21:11) A aflição flechou as almas humildes dos que compunham o grupo fiel. Imediatamente foram tomadas providências para que o Apóstolo dos Gentios não descesse à Capital, a fim de poupar-se à ação nefanda dos inimigos do Mestre.

O caminho e o zelo dos amigos, o medo e a devoção dos irmãos receosos tentaram dissuadir o Pregador de realizar a viagem, de modo a evitar as injunções decorrentes do apostolado, como se isto dependesse dos esforços débeis da amizade terrena, em detrimento dos programas divinos nos seus objetivos elevados, transcendentes.

Lucas, que o acompanhava e os demais choram, tentando dissuadi-lo.

Paulo se recusa atender às medidas de precaução e coloca a vida, que de nada lhe serviria se recuasse, nas mãos do Rabi e exclama: —" Que fazeis, chorando e magoando-me o coração? Pois eu estou pronto não só para ser ligado, mas até para morrer em Jerusalém, pelo nome do Senhor Jesus" e ruma na direção do sacrifício que o engrandece e respalda a palavra da Sua boca, vitalizando a pregação do Cristo nas luminosas e combativas mensagens ainda insuperáveis.

O Mundo Espiritual sempre esteve presente na igreja Primitiva atendendo seus membros e comunicando-se com os lidadores das tarefas espirituais. Fonte inexaurível da misericórdia divina, a revelação se fazia espontânea e nutriente, sustentando os servidores do bem na indimensional realização do ministério abraçado, através da mediunidade.


* * *

Hoje, evocando aqueles dias da Igreja ativa e dinâmica dos primeiros séculos do Cristianismo, a Doutrina Espírita revive a mensagem de vida eterna, e os imortais que venceram o umbral da decomposição celular retornam para prosseguir norteando e conduzindo o pensamento moderno para além das fronteiras da Terra, na direção dos rumos ilimitados do Reino de Deus.

Conquanto os óbices que ainda são levantados e as prisões morais, as limitações domésticas e os inimigos do homem enjaulados no próprio eu, os trabalhadores intimoratos de Jesus prosseguem fiéis, incorruptíveis até a morte, que é a antemanhã da vida em que creem, que divulgam e aguardam, corajosa, jubilosamente...

Narram os At que Paulo estava hospedado em Cesareia, na residência de Filipe que tinha quatro filhas virgens que se comunicavam com os Espíritos e que ali chegara Ágabo...

... Sofrimentos pela causa da Verdade.

Perseguições no culto do dever.

Dever acima de tudo com Jesus até a morte se necessário, já que a vida que possam tomar aos lidadores da fé, a Ele, que é o Senhor, já pertence, desde antes...




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Atos 21:11

E, vindo ter conosco, tomou a cinta de Paulo, e ligando-se os seus próprios pés e mãos, disse: Isto diz o Espírito Santo: Assim ligarão os judeus em Jerusalém o varão de quem é esta cinta, e o entregarão nas mãos dos gentios.

at 21:11
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Atos 21:13

Mas Paulo respondeu: Que fazeis vós, chorando e magoando-me o coração? porque eu estou pronto não só a ser ligado, mas ainda a morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus.

at 21:13
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Atos 21:8

E no dia seguinte, partindo dali Paulo, e nós que com ele estávamos, chegamos a Cesareia: e, entrando em casa de Filipe, o evangelista, que era um dos sete, ficamos com ele.

at 21:8
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