Pelos Caminhos de Jesus

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CAPÍTULO 16

A ARTE DE ORAR

As emoções de felicidade ainda não haviam passado totalmente.

Permanecia nas mentes e nos corações a empatia que a todos tomara desde a manhã, quando o Rabi, atendendo à solicitação dos amigos afeiçoados, lhes ensinara a orar.

As dúlcidas vibrações da prece sintética, que apresentava todos os anseios e necessidades do homem perante o Pai Criador, ofereciam-lhes um clima psíquico de renovação e de entusiasmo que jamais desapareceria daqueles sentimentos afetuosos.

Foi com essa estesia interior que, à noite, sob um céu coroado de estrelas aurifulgentes, os discípulos se acercaram do Mestre, em meditação, e porque o silêncio entrecortado pelas harmonias da Natureza permitisse, pediram-Lhe que se adentrasse em mais amplas explicações acerca da oração dominical que Ele estabelecera como um código de ternura e respeito para com Deus, a fim de que melhor pudessem penetrar nas realidades transcendentes da vida.


O Amigo Divino escutou o requerimento do afeto e, sem maior delonga, referiu-se:

— A prece é, antes de tudo, uma atitude mental da criatura para com o seu Criador. Nela devem ser propostas as reais necessidades da alma, numa expressão de confiança e carinho, abrindo-se e desnudando-se, ao mesmo tempo permanecendo receptiva às respostas da Sabedoria Excelsa.

Assim, a oração divide-se em três etapas, nas quais o ser dilata as suas percepções e amplia a capacidade de entendimento em relação a si próprio, ao próximo e a Deus.

Antes de mais nada, a oração é um ato de louvor ao Pai, o Doador de todas as horas, Fonte Augusta de todas as coisas, o Genitor Soberano do qual tudo procede e para cuja grandeza tudo marcha... "O louvor é uma expressão de carinho e reconhecimento que deve fluir do ser, de modo a produzir uma sintonia, mediante a qual transitem os sentimentos de exaltação do bem, para se abrir na rogativa em favor das legítimas necessidades, aquelas que se fazem indispensáveis para uma existência feliz e correta no mundo cuja transitoriedade constitui, por si mesma, uma advertência e um convite à humildade. "Não sendo o corpo mais do que uma veste, facilmente o uso lhe gasta a estrutura, e o término mui inesperadamente lhe assinala a conclusão da etapa para cuja finalidade foi elaborado. "Saber pedir é uma arte, de modo que a solicitação não constitua uma imposição apaixonada ou um capricho que não merece consideração. "Por fim, a prece deve revestir-se da emoção de confiança e reconhecimento, numa postura, através da qual, encaminhada a petição, o seu deferimento dependerá dos valores que não podem ser conhecidos do requerente e cuja resposta, qualquer que seja, será aceita com alegria... "Não adestrado para saber o que lhe é de melhor para o crescimento espiritual, a felicidade real, o homem solicita o que lhe parece mais importante, no entanto, só o Pai sabe o que é de mais valioso para o filho em aquisição de experiências, "Em face dessa realidade, nem sempre Ele concede o que se Lhe pede, conforme se quer, todavia, aquilo que pode contribuir para o bem legítimo do ser. " Fez um silêncio significativo, enquanto vibravam as melodias sidéreas nos ouvintes atentos.

Jerusalém, lentamente, apagava suas lâmpadas, vistas do alto do monte onde Ele e os Seus se encontravam, anunciando o repouso da cidade, graças ao avanço das horas.


Procurando, porém, fixar indelevelmente nos discípulos humildes a sabedoria em torno da arte de orar, Jesus encerrou: — A oração deve revestir-se, portanto, dos três atos consecutivos: louvar, pedir e confiar, agradecendo. "Não será pelo muito falar, pelo rol da requisição ou pelas palavras que vistam as ideias, que a oração adquire valor; antes, pela inteireza do conteúdo e pelo sentimento de que se reveste, é que mais facilmente alcança os divinos ouvidos, ao mesmo tempo conduzindo de retorno a resposta celeste. " Porque um recolhimento, feito de unção e emotividade, a todos tomasse, o Mestre, sentindo as pulsações do rebanho submisso, convidou, gentil:

— Sigamos a Betânia. Nossos amigos, Lázaro, Maria e Marta contam conosco logo mais, e agora deveremos partir.




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