Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1862

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Capítulo 13

Agosto DISSERTAÇÕES ESPÍRITAS

Agosto

Como se pode achar em si a força para perdoar? A sublimidade do perdão é a morte do Cristo no Gólgota! Ora, já vos disse que o Cristo tinha resumido em sua vida todas as angústias e lutas humanas. Todos os que mereciam o nome de cristãos antes de Jesus-Cristo morreram com o perdão nos lábios: os defensores das liberdades oprimidas, os mártires das verdades e das grandes causas de tal modo compreenderam a elevação e a sublimidade de sua vida que não faliram no último instante e perdoaram. Se o perdão de Augusto não é inteiramente sublime do ponto de vista histórico, o Augusto de Corneille, o grande trágico, é senhor de si como do Universo, porque perdoa. Ah! como são mesquinhos e miseráveis os que possuíam o mundo e não perdoavam! Como é grande aquele que continha, no futuro dos séculos, todas as humanidades espirituais e perdoava! O perdão é uma inspiração e, muitas vezes, um conselho dos Espíritos. Infelizes os que fecham o coração a essa voz: serão punidos, como diz a Escritura, porquanto tinham ouvidos e não escutavam. Pois bem! se quereis perdoar, se vos sentis fracos perante vós mesmos, contemplai a morte do Cristo. Aquele que se conhece a si próprio triunfa facilmente de si mesmo. Eis por que o grande princípio da sabedoria antiga era, antes de tudo, conhecer-se a si próprio. Antes de se lançar na luta ensinava-se aos atletas, para os jogos e pelejas grandiosas, os meios seguros de vencer. Ao lado disso, nos liceus, Sócrates ensinava que havia um Ser Supremo e, algum tempo depois, séculos antes do Cristo, ensinava a toda a nação grega a morrer e perdoar. O homem vicioso, desprezível e fraco, não perdoa; o homem habituado às lutas pessoais, às reflexões justas e sãs, perdoa facilmente.


Lamennais.





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