Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1863

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Capítulo XLIII

Maio - Prece pelas pessoas que foram estimadas

Maio
Prefácio

─ Como é horrível a ideia do nada! Como são lamentáveis os que acreditam que a voz do amigo que chora seu amigo se perde no vácuo e não acha eco que a responda! Jamais conheceram as puras e santas afeições, esses que pensam que tudo morre com o corpo; que o gênio que iluminou o mundo com sua vasta inteligência é um jogo da matéria, que se extingue para todo o sempre, como um sopro; que do mais caro ser, de um pai, de uma mãe, ou de um filho adorado, não resta mais que um punhado de pó que o tempo dissipa para sempre!

Como pode um homem de coração manter-se frio ante tal pensamento? Como a ideia do aniquilamento absoluto não o gela de terror e, ao menos, não lhe faz desejar que assim não seja?

Se até hoje não bastou a razão para nos arrancar das dúvidas, eis que o Espiritismo vem dissipar toda incerteza sobre o futuro, pelas provas materiais da sobrevivência da alma e da existência dos seres de além-túmulo que ele nos dá.

Assim, por toda parte essas provas são acolhidas com alegria, e a confiança renasce, porque daí em diante, o homem sabe que a vida terrestre é apenas curta passagem conducente a uma vida melhor; que seus trabalhos aqui em baixo não lhe são perdidos; e que as mais santas afeições não são quebradas sem esperança.

Prece

─ Deus Todo-Poderoso, dignai-vos acolher favoravelmente a prece que vos dirijo pelo Espírito de N... Fazei-o entrever vossas divinas claridades e tornai-lhe fácil o caminho da felicidade eterna. Permiti que bons Espíritos lhe levem minhas palavras e meu pensamento.

Tu, que me eras caro neste mundo, ouve minha voz que te chama para te dar novo penhor da minha afeição. Deus quis que fosses libertado primeiro. Eu não me poderia lamentar sem egoísmo, porque seria lamentar para ti as penas e os sofrimentos da vida. Espero, pois, com resignação, o momento de nossa reunião no mundo mais feliz onde me precedeste.

Sei que nossa separação é apenas momentânea, e que, por mais longa que me possa parecer, a duração se apaga ante a eternidade da felicidade que Deus promete aos seus eleitos. Que sua bondade me preserve de fazer que possa retardar esse instante desejado e que ele me poupe, assim, a dor de te não encontrar ao sair do meu cativeiro terreno.

Oh! Como é doce e consoladora a certeza de que entre nós há apenas um véu material que te subtrai à minha vista! Que podes estar aqui ao meu lado, ver-me e ouvir-me como outrora, e melhor ainda que outrora; que não me esqueces, assim como eu não te esqueço; que nossos pensamentos não cessam de confundir-se, e que o teu me segue e me sustenta sempre!



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