Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1865

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Capítulo XIII

Fevereiro - Poesia Espírita

Fevereiro
Poesia Espírita

Inspiração de um ex incrédulo a propósito do Livro dos Espíritos pelo Dr. Niéger

27 de dezembro de 1864


Como aquele infeliz, vítima de um naufrágio,

Em meio dos destroços a nado se salvando.

Quebrado de fadiga e perdida a esperança,

Dirigindo à terra que não deve mais ver a última lembrança, orando por su’alma;

Quando, súbito, na vaga aparece o clarão

De uma terra ignota indicando os rebordos,

O pobre semimorto os esforços redobra,

E logo abordando a riba tutelar,

Ao Senhor se apressa em mandar uma prece,

E sentindo, a seguir, renascer sua fé

Promete ao Salvador sua lei respeitar!

Tal eu senti um dia, ao ler a vossa obra,

No peito desolado renascer a coragem.

Sempre preocupado em buscar os segredos

Do humano organismo via só os efeitos,

Mas nada de atingir a ignota causa

Que para sempre, sempre à vista me escapava.

Vosso livro ao me abrir os novos horizontes

De repente ao meu trabalho deu novo objetivo.

Aí me vi, de repente, seguindo errada via,

E a fé no coração a dúvida expulsou.

O homem, ao sair das mãos do Criador,

Não pode ser lançado para sua desgraça,

Pois uma santa lei, dada mesmo por Deus,

De todo o Universo o destino regula!

Seu nome é progresso e é para o impelir

Que os homens entre si devem reunir-se.

Que quadro encantador, que páginas brilhantes

Neste livro que segue o homem nas idades,

Que mostra, de saída, os primeiros humanos,

Buscando o bem-estar no trabalho das mãos!

Só o instinto, dirão, a guiá-lo na vida!

Sim, mas o instinto transforma-se no gênio.

Ele verá nascer em si o fogo sagrado.

O espírito inspira e, melhor inspirado,

Quebrando as cadeias do diabo vencido,

Andará pela arena em passos de gigante.

Lá, em frágil barco, os bravos marinheiros

Do mar enfurecido as ondas desafiam. Atiram-se!...

E a vaga destemida

Ante tal desafio recua espavorida.

Ali, da águia imitando o voo audacioso,

Vê-se o homem tentar o domínio do céu!

Além, sobre um rochedo, com máxima coragem

Do profundo do céu ousa sondar o espaço;

Do imenso Universo a lei já descobriu,

E em breve do mundo, sozinho será o rei!

Aí ainda não para o seu ardor incrível:

Encerrando num tubo o vapor indomável,

Ele avança montando esse dragão de fogo;

O mais duro trabalho se muda num brinquedo;

Marcando em toda parte o traço de seu gênio,

Ou dominando a morte, faz renascer a vida.

Parece que aqui seu avanço termina,

Mas uma eterna lei lhe pede ainda mais,

E logo mais veremos esse dono da Terra

Arrancar o trovão à nuvem inflamada,

Transformando o furor em dócil instrumento

E fazendo do poste humilde servidor!

Limites não há para o saber humano.

Do homem o Universo fez Deus o seu domínio;

Cabe-lhe encontrar, num esforço constante,

Entre o corpo e a alma as belas relações.

E assim abandonando o caminho batido

Separar, finalmente, esta desconhecida,

Que esteve desde sempre aos seus olhos velada.

Ergamos, pois, do progresso o lábaro brilhante,

E sem tardança abordemos a grande e vasta mina

Aberta ao nosso esforço...

O amor e a prece:

As sagradas palavras sobre nossa bandeira!

Por elas protegidos, levemos os trabalhos.

Se um dia for preciso em luta sucumbir,

Nós pedimos, Senhor, que ao menos na queda,

Aos filhos inspirando a coragem e a fé,

Eles, por fim, garantam o reino de tua lei.


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