Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1865
Versão para cópiaCapítulo XXIX
Abril - Enterro espírita
Abril
Enterro espírita
Sob este título, o Monde musical de Bruxelas, de 5 de março de 1865, dá conta, nos seguintes termos, das exéquias da Sra. Vauchez, mãe de um dos nossos excelentes irmãos em Espiritismo:
“Nossos amigos e colaboradores, os irmãos 5auchez, perderam sua mãe há alguns dias. Os cuidados com que, nos últimos tempos, um e outro cercaram essa dama respeitável eram o sinal e o efeito de uma ternura que não nos propomos descrever.
“Os dois irmãos são espíritas. Reunidos a amigos da mesma crença, acompanharam o corpo de sua mãe até o túmulo. Ali, o Vauchez mais velho exprimiu, em palavras tão simples quão justas, ao Espírito de sua mãe, que, segundo a fé dos espíritas, estava presente e os escutava. Essa separação produzia tristeza, ainda que ele devesse estar persuadido que ela entrava numa vida melhor, e que não deixaria de manter comunicação com eles e de inspirá-los, fortalecendo-os sem esmorecimento na senda do bem. Ele ratificou a certeza de que seus últimos votos seriam realizados pela consagração a duas boas obras, entre outros, os gastos economizados no enterro puramente civil e sem qualquer cerimonial. Esses votos são: que seja feita uma fundação em favor da creche de Saint-Josse-ten-Noode, e uma contribuição em favor dos velhos pobres.
“Depois desta espécie de conversa entre o filho e a alma de sua mãe, o Sr. Herezka, um dos amigos espíritas da família, exprimiu em versos, com a mesma simplicidade, sentimentos cuja reprodução vai dar a conhecer uma parte do que há de bom e de bem numa crença que diariamente e por toda parte se torna a de um maior número de homens que se contam entre gente instruída. Eis as palavras do Sr.
Herezka à alma da morta:
“Nossos amigos e colaboradores, os irmãos 5auchez, perderam sua mãe há alguns dias. Os cuidados com que, nos últimos tempos, um e outro cercaram essa dama respeitável eram o sinal e o efeito de uma ternura que não nos propomos descrever.
“Os dois irmãos são espíritas. Reunidos a amigos da mesma crença, acompanharam o corpo de sua mãe até o túmulo. Ali, o Vauchez mais velho exprimiu, em palavras tão simples quão justas, ao Espírito de sua mãe, que, segundo a fé dos espíritas, estava presente e os escutava. Essa separação produzia tristeza, ainda que ele devesse estar persuadido que ela entrava numa vida melhor, e que não deixaria de manter comunicação com eles e de inspirá-los, fortalecendo-os sem esmorecimento na senda do bem. Ele ratificou a certeza de que seus últimos votos seriam realizados pela consagração a duas boas obras, entre outros, os gastos economizados no enterro puramente civil e sem qualquer cerimonial. Esses votos são: que seja feita uma fundação em favor da creche de Saint-Josse-ten-Noode, e uma contribuição em favor dos velhos pobres.
“Depois desta espécie de conversa entre o filho e a alma de sua mãe, o Sr. Herezka, um dos amigos espíritas da família, exprimiu em versos, com a mesma simplicidade, sentimentos cuja reprodução vai dar a conhecer uma parte do que há de bom e de bem numa crença que diariamente e por toda parte se torna a de um maior número de homens que se contam entre gente instruída. Eis as palavras do Sr.
Herezka à alma da morta:
A fossa está largamente aberta;
Breve ao túmulo escancarado
Descerão teus despojos;
Mas, livre do fardo vil,
Tu te vais, no espaço planando,
Seguir a senda do progresso.
Não mais dúvida nem dor!
A corrente do mal está quebrada,
Só o bem mora em teu coração,
Com o corpo morto está o ódio.
Que o amor e a caridade
Te guiem à eternidade!
Para os nossos irmãos dos outros mundos
Vai levar nossos votos fraternais.
Dize-lhes que aqui almas fecundas,
Eternos frutos amadurecendo,
Aqui, nesta Terra revelaram
O suave mistério da morte.
Dize-lhes: “Vossos amigos de lá
“Contra a orgulhosa ignorância
“Vão travar os combates mortais;
“Para esta tarefa gloriosa
“Vosso concurso invocam,
“Espíritos! Vamos em seu auxílio!”
Vem sempre acalmar as nossas dores;
Oh! Vem! Vem falar-nos desses céus
Em nossos momentos de desfalecimento,
E faze aos nossos olhos resplender
Aquela centelha luminosa
Que vem da fonte imortal.
Após estas palavras, os irmãos 5auchez e seus amigos se retiraram sem ruído, sem ostentação, sem emoção dolorosa, como se tivessem vindo acompanhar alguém que empreendesse uma longa viagem, em todas as condições desejáveis de bemestar e segurança. Mesmo sem sermos espírita, tínhamos participado do cortejo. Aqui somos apenas o narrador de um fato: a cerimônia tão tocante quanto notável pela simplicidade e pela sinceridade da crença e das intenções.
ROSELLI
ROSELLI
A Sra. Vauchez sucumbiu após trinta e dois anos de uma moléstia que há vinte anos a retinha no leito. Ela havia aceito com alegria as crenças espíritas e nelas tinha colhido grandes consolações em seus longos e cruéis sofrimentos. Vimo-la quando de nossa última viagem a Bruxelas e ficamos edificado com sua coragem, sua resignação e sua confiança na misericórdia de Deus. Eis as primeiras palavras por ela ditadas aos filhos, pouco depois de seu último suspiro:
“O véu que ainda nos encobre o mundo extraterrestre acaba de ser levantado para mim. Vejo, sinto, vivo! Deus todo-poderoso, obrigado! A vós, meus guias, meus anjos de guarda e protetores, obrigado! Vós, meus filhos, tu, minha filha, resignação, pois sois espíritas. Não choreis por mim. Eu vivo a vida eterna, vivo na luz etérea; vivo e não sofro mais; minhas dores cessaram, minha prova terminou. Obrigado a vós, meus amigos, por terdes pensado em evocar-me logo. Fazei-o muitas vezes. Eu vos assistirei, estarei convosco.
“Deus teve piedade de meus sofrimentos. Oh! Meus amigos, como é bela a vida da alma, quando desprendida da matéria! Bons Espíritos velam sobre vós. Tornaivos dignos de sua proteção. Neste momento estou assistida por vosso protetor, o bom São Vicente de Paulo.
“MARGUERITE VAUCHEZ”.
“O véu que ainda nos encobre o mundo extraterrestre acaba de ser levantado para mim. Vejo, sinto, vivo! Deus todo-poderoso, obrigado! A vós, meus guias, meus anjos de guarda e protetores, obrigado! Vós, meus filhos, tu, minha filha, resignação, pois sois espíritas. Não choreis por mim. Eu vivo a vida eterna, vivo na luz etérea; vivo e não sofro mais; minhas dores cessaram, minha prova terminou. Obrigado a vós, meus amigos, por terdes pensado em evocar-me logo. Fazei-o muitas vezes. Eu vos assistirei, estarei convosco.
“Deus teve piedade de meus sofrimentos. Oh! Meus amigos, como é bela a vida da alma, quando desprendida da matéria! Bons Espíritos velam sobre vós. Tornaivos dignos de sua proteção. Neste momento estou assistida por vosso protetor, o bom São Vicente de Paulo.
“MARGUERITE VAUCHEZ”.
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