Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1865
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Setembro - Notícias bibliográficas
Setembro
Notícias bibliográficas
O CÉU E O INFERNO, OU A JUSTIÇA DIVINA SEGUNDO O ESPIRITISMO
Conteúdo: Exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal à vida espiritual, as penas e recompensas futuras, os anjos e os demônios, as penas eternas, etc., seguido de numerosos exemplos sobre a situação real da alma durante e após a morte.
Por ALLAN KARDEC
Como não nos cabe fazer nem o elogio nem a crítica desta obra, limitamo-nos a dar a conhecer o seu objetivo, reproduzindo um resumo do prefácio.
“O título desta obra indica claramente o seu objetivo. Aí reunimos todos os elementos próprios para esclarecer o homem sobre o seu destino. Como nos nossos outros escritos sobre a Doutrina Espírita, aí nada introduzimos que seja produto de um sistema preconcebido ou de uma concepção pessoal que não teria nenhuma autoridade. Tudo ali é deduzido da observação e da concordância dos fatos.
“O Livro dos Espíritos contém as bases fundamentais do Espiritismo; é a pedra angular do edifício; todos os princípios da doutrina aí são apresentados, até os que devem constituir o seu coroamento; mas era necessário dar-lhe os desenvolvimentos, deduzir-lhe todas as consequências e todas as aplicações, à medida que se desenrolavam pelo ensino complementar dos Espíritos e por novas observações. Foi o que fizemos no Livro dos Médiuns e no Evangelho segundo o Espiritismo, sob pontos de vista especiais; é o que fazemos nesta obra sob um outro ponto de vista, e é o que faremos sucessivamente nas que nos resta publicar, e que virão a seu tempo.
“As ideias novas só frutificam quando o terreno está preparado para recebê-las. Ora, por este terreno preparado devem entender-se algumas inteligências precoces, que só dariam frutos isolados, mas um certo conjunto na predisposição geral, a fim de que, não só dê frutos mais abundantes, mas que a ideia, encontrando maior número de pontos de apoio, encontre menos oposição e seja mais forte, para resistir aos seus antagonistas. O Evangelho segundo o Espiritismo já era um passo à frente; O Céu e o Inferno é um passo a mais, cujo alcance será mais facilmente compreendido, porque trata vivamente certas questões; mas não devia vir mais cedo.
“Se considerarmos a época em que veio o Espiritismo, reconheceremos sem esforço que ele veio em tempo oportuno, nem muito cedo nem muito tarde. Mais cedo, teria abortado, porque, não sendo numerosas as simpatias, teria sucumbido aos golpes dos adversários; mais tarde, teria perdido a ocasião favorável de se produzir; as ideias poderiam ter tomado outro curso, do qual teria sido difícil desviá-las. Era necessário deixar às velhas ideias o tempo de se gastarem e provar sua insuficiência, antes de apresentar outras novas.
“As ideias prematuras abortam porque não se está maduro para compreendê-las e ainda não se faz sentir a necessidade de uma mudança de posição. Hoje é para todos evidente que se manifesta um imenso movimento de opinião; uma formidável reação se opera, no sentido progressivo, contra o espírito estacionário ou retrógrado da rotina; os satisfeitos da véspera são os impacientes do dia seguinte. A Humanidade está no trabalho de parto; há qualquer coisa no ar, uma força irresistível que a impele para a frente; ela está como um jovem saído da adolescência, que entrevê novos horizontes sem defini-los, e sacode os cueiros da infância. Vemos algo de melhor, alimento mais sólido para a razão. Mas esse melhor ainda está no vazio; nós o buscamos; todos trabalham nisto, do crente ao incrédulo, do operário ao cientista. O Universo é um vasto canteiro; uns destroem, outros reconstroem; cada um talha uma pedra para o novo edifício, do qual só o grande arquiteto possui o plano definitivo, e cuja economia só será compreendida quando suas formas começarem a se desenhar acima da superfície do solo. Foi este momento que a soberana sabedoria escolheu para o advento do Espiritismo.
“Os Espíritos que presidem ao grande movimento regenerador agem, pois, com mais sabedoria e previdência do que podem fazê-lo os homens, porque abarcam a marcha geral dos acontecimentos, ao passo que nós só vemos o círculo limitado do nosso horizonte. Estando chegados os tempos da renovação, conforme os desígnios divinos, era preciso que, em meio às ruínas do velho edifício e para não perder a coragem, o homem entrevisse as fiadas da nova ordem de coisas; era preciso que o marinheiro percebesse a estrela polar, que deve guiá-lo ao porto.
“A sabedoria dos Espíritos, que se mostrou no surgimento do Espiritismo, revelada quase que instantaneamente em toda a Terra na época mais propícia, não é menos evidente na ordem e na gradação lógica das revelações complementares sucessivas. Não cabe a ninguém constranger a vontade deles a tal respeito, porque eles não medem seus ensinos ao sabor da impaciência dos homens. Não nos basta dizer: “Gostaríamos de ter tal coisa” para que ela nos seja dada. Ainda menos nos convém dizer a Deus: “Julgamos chegado o momento para nos dardes tal coisa; nós nos julgamos bastante adiantados para recebê-la”, porque isto significaria dizer-lhe: “Sabemos melhor que vós o que convém fazer.” Aos impacientes, os Espíritos respondem: “Começai por bem saber, bem compreender e sobretudo bem praticar o que sabeis, a fim de que Deus vos julgue dignos de aprender mais; depois, quando chegar o momento, saberemos agir e escolher nossos instrumentos.”
“A primeira parte desta obra, intitulada Doutrina, contém o exame comparado das diversas crenças sobre o céu e o inferno, os anjos e os demônios, as penas e recompensas futuras; o dogma das penas eternas aí é encarado de maneira especial e refutado por argumentos tirados das próprias leis da Natureza e que lhes demonstram não só o lado ilógico, já centenas de vezes demonstrado, mas a sua impossibilidade material. Com as penas eternas, caem, naturalmente, as consequências que tinham acreditado delas poder tirar.
“A segunda parte encerra numerosos exemplos em apoio à teoria, ou melhor, que serviram ao estabelecimento da teoria. Eles fundamentam sua autoridade na diversidade dos tempos e lugares onde foram obtidos, porque se emanassem de uma única fonte, poderiam ser considerados como produto de uma mesma influência. Além disso, tiram-na da sua concordância com o que diariamente se obtém por toda parte onde se ocupam das manifestações espíritas de um ponto de vista sério e filosófico. Esses exemplos poderiam ter sido multiplicados ao infinito, porque não há Centro Espírita que não os possa fornecer em notável contingente. Para evitar repetições fastidiosas, tivemos que fazer uma escolha entre os mais instrutivos. Cada um desses exemplos é um estudo em que todas as palavras têm o seu alcance para quem quer que as medite com atenção, porque de cada ponto jorra uma luz sobre a situação da alma após a morte, e sobre a passagem, até então tão obscura e tão temida, da vida corporal à vida espiritual. É o guia do viajor, antes de entrar num país novo. A vida de além-túmulo aí se desenrola sob todos os seus aspectos, como um vasto panorama; cada um aí colherá novos motivos de esperança e de consolação e novos suportes para firmar sua fé no futuro e na justiça de Deus.
“Nesses exemplos, em sua maioria tomados de fatos contemporâneos, dissimulamos os nomes próprios, sempre que o julgamos útil, por motivos de conveniência fáceis de apreciar. Aqueles a quem tais exemplos podem interessar reconhecê-los-ão facilmente. Para o público, nomes mais ou menos conhecidos e por vezes muito obscuros, nada teriam acrescentado à instrução que dos mesmos se pode colher.
Eis os títulos dos capítulos:
PRIMEIRA PARTE. Doutrina. I O porvir e o nada. ─ II Da apreensão da morte. ─ III O céu. ─ IV O inferno. ─ V Quadro comparativo do inferno pagão e do inferno cristão. ─ VI O purgatório. ─ VII Da doutrina das penas eternas. ─ VIII Das penas futuras, segundo o Espiritismo. ─ IX Os anjos. ─ X Os demônios. ─ XI Intervenção dos demônios nas manifestações modernas. ─ XII Da proibição de evocar os mortos.
SEGUNDA PARTE. Exemplos. I A passagem. ─ II Espíritos felizes. ─ III Espíritos em condição média. ─ IV Espíritos sofredores. ─ V Suicidas. ─ VI Criminosos arrependidos. ─ VII Espíritos endurecidos. ─ VIII Expiações terrestres
Conteúdo: Exame comparado das doutrinas sobre a passagem da vida corporal à vida espiritual, as penas e recompensas futuras, os anjos e os demônios, as penas eternas, etc., seguido de numerosos exemplos sobre a situação real da alma durante e após a morte.
Por ALLAN KARDEC
Como não nos cabe fazer nem o elogio nem a crítica desta obra, limitamo-nos a dar a conhecer o seu objetivo, reproduzindo um resumo do prefácio.
“O título desta obra indica claramente o seu objetivo. Aí reunimos todos os elementos próprios para esclarecer o homem sobre o seu destino. Como nos nossos outros escritos sobre a Doutrina Espírita, aí nada introduzimos que seja produto de um sistema preconcebido ou de uma concepção pessoal que não teria nenhuma autoridade. Tudo ali é deduzido da observação e da concordância dos fatos.
“O Livro dos Espíritos contém as bases fundamentais do Espiritismo; é a pedra angular do edifício; todos os princípios da doutrina aí são apresentados, até os que devem constituir o seu coroamento; mas era necessário dar-lhe os desenvolvimentos, deduzir-lhe todas as consequências e todas as aplicações, à medida que se desenrolavam pelo ensino complementar dos Espíritos e por novas observações. Foi o que fizemos no Livro dos Médiuns e no Evangelho segundo o Espiritismo, sob pontos de vista especiais; é o que fazemos nesta obra sob um outro ponto de vista, e é o que faremos sucessivamente nas que nos resta publicar, e que virão a seu tempo.
“As ideias novas só frutificam quando o terreno está preparado para recebê-las. Ora, por este terreno preparado devem entender-se algumas inteligências precoces, que só dariam frutos isolados, mas um certo conjunto na predisposição geral, a fim de que, não só dê frutos mais abundantes, mas que a ideia, encontrando maior número de pontos de apoio, encontre menos oposição e seja mais forte, para resistir aos seus antagonistas. O Evangelho segundo o Espiritismo já era um passo à frente; O Céu e o Inferno é um passo a mais, cujo alcance será mais facilmente compreendido, porque trata vivamente certas questões; mas não devia vir mais cedo.
“Se considerarmos a época em que veio o Espiritismo, reconheceremos sem esforço que ele veio em tempo oportuno, nem muito cedo nem muito tarde. Mais cedo, teria abortado, porque, não sendo numerosas as simpatias, teria sucumbido aos golpes dos adversários; mais tarde, teria perdido a ocasião favorável de se produzir; as ideias poderiam ter tomado outro curso, do qual teria sido difícil desviá-las. Era necessário deixar às velhas ideias o tempo de se gastarem e provar sua insuficiência, antes de apresentar outras novas.
“As ideias prematuras abortam porque não se está maduro para compreendê-las e ainda não se faz sentir a necessidade de uma mudança de posição. Hoje é para todos evidente que se manifesta um imenso movimento de opinião; uma formidável reação se opera, no sentido progressivo, contra o espírito estacionário ou retrógrado da rotina; os satisfeitos da véspera são os impacientes do dia seguinte. A Humanidade está no trabalho de parto; há qualquer coisa no ar, uma força irresistível que a impele para a frente; ela está como um jovem saído da adolescência, que entrevê novos horizontes sem defini-los, e sacode os cueiros da infância. Vemos algo de melhor, alimento mais sólido para a razão. Mas esse melhor ainda está no vazio; nós o buscamos; todos trabalham nisto, do crente ao incrédulo, do operário ao cientista. O Universo é um vasto canteiro; uns destroem, outros reconstroem; cada um talha uma pedra para o novo edifício, do qual só o grande arquiteto possui o plano definitivo, e cuja economia só será compreendida quando suas formas começarem a se desenhar acima da superfície do solo. Foi este momento que a soberana sabedoria escolheu para o advento do Espiritismo.
“Os Espíritos que presidem ao grande movimento regenerador agem, pois, com mais sabedoria e previdência do que podem fazê-lo os homens, porque abarcam a marcha geral dos acontecimentos, ao passo que nós só vemos o círculo limitado do nosso horizonte. Estando chegados os tempos da renovação, conforme os desígnios divinos, era preciso que, em meio às ruínas do velho edifício e para não perder a coragem, o homem entrevisse as fiadas da nova ordem de coisas; era preciso que o marinheiro percebesse a estrela polar, que deve guiá-lo ao porto.
“A sabedoria dos Espíritos, que se mostrou no surgimento do Espiritismo, revelada quase que instantaneamente em toda a Terra na época mais propícia, não é menos evidente na ordem e na gradação lógica das revelações complementares sucessivas. Não cabe a ninguém constranger a vontade deles a tal respeito, porque eles não medem seus ensinos ao sabor da impaciência dos homens. Não nos basta dizer: “Gostaríamos de ter tal coisa” para que ela nos seja dada. Ainda menos nos convém dizer a Deus: “Julgamos chegado o momento para nos dardes tal coisa; nós nos julgamos bastante adiantados para recebê-la”, porque isto significaria dizer-lhe: “Sabemos melhor que vós o que convém fazer.” Aos impacientes, os Espíritos respondem: “Começai por bem saber, bem compreender e sobretudo bem praticar o que sabeis, a fim de que Deus vos julgue dignos de aprender mais; depois, quando chegar o momento, saberemos agir e escolher nossos instrumentos.”
“A primeira parte desta obra, intitulada Doutrina, contém o exame comparado das diversas crenças sobre o céu e o inferno, os anjos e os demônios, as penas e recompensas futuras; o dogma das penas eternas aí é encarado de maneira especial e refutado por argumentos tirados das próprias leis da Natureza e que lhes demonstram não só o lado ilógico, já centenas de vezes demonstrado, mas a sua impossibilidade material. Com as penas eternas, caem, naturalmente, as consequências que tinham acreditado delas poder tirar.
“A segunda parte encerra numerosos exemplos em apoio à teoria, ou melhor, que serviram ao estabelecimento da teoria. Eles fundamentam sua autoridade na diversidade dos tempos e lugares onde foram obtidos, porque se emanassem de uma única fonte, poderiam ser considerados como produto de uma mesma influência. Além disso, tiram-na da sua concordância com o que diariamente se obtém por toda parte onde se ocupam das manifestações espíritas de um ponto de vista sério e filosófico. Esses exemplos poderiam ter sido multiplicados ao infinito, porque não há Centro Espírita que não os possa fornecer em notável contingente. Para evitar repetições fastidiosas, tivemos que fazer uma escolha entre os mais instrutivos. Cada um desses exemplos é um estudo em que todas as palavras têm o seu alcance para quem quer que as medite com atenção, porque de cada ponto jorra uma luz sobre a situação da alma após a morte, e sobre a passagem, até então tão obscura e tão temida, da vida corporal à vida espiritual. É o guia do viajor, antes de entrar num país novo. A vida de além-túmulo aí se desenrola sob todos os seus aspectos, como um vasto panorama; cada um aí colherá novos motivos de esperança e de consolação e novos suportes para firmar sua fé no futuro e na justiça de Deus.
“Nesses exemplos, em sua maioria tomados de fatos contemporâneos, dissimulamos os nomes próprios, sempre que o julgamos útil, por motivos de conveniência fáceis de apreciar. Aqueles a quem tais exemplos podem interessar reconhecê-los-ão facilmente. Para o público, nomes mais ou menos conhecidos e por vezes muito obscuros, nada teriam acrescentado à instrução que dos mesmos se pode colher.
Eis os títulos dos capítulos:
PRIMEIRA PARTE. Doutrina. I O porvir e o nada. ─ II Da apreensão da morte. ─ III O céu. ─ IV O inferno. ─ V Quadro comparativo do inferno pagão e do inferno cristão. ─ VI O purgatório. ─ VII Da doutrina das penas eternas. ─ VIII Das penas futuras, segundo o Espiritismo. ─ IX Os anjos. ─ X Os demônios. ─ XI Intervenção dos demônios nas manifestações modernas. ─ XII Da proibição de evocar os mortos.
SEGUNDA PARTE. Exemplos. I A passagem. ─ II Espíritos felizes. ─ III Espíritos em condição média. ─ IV Espíritos sofredores. ─ V Suicidas. ─ VI Criminosos arrependidos. ─ VII Espíritos endurecidos. ─ VIII Expiações terrestres
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