Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1865
Versão para cópiaCapítulo LXXV
Outubro - Exéquias de um Espírita
Outubro
Exéquias de um Espírita
A alocução seguinte foi por nós pronunciada nas exéquias do Sr. Nant, um dos nossos colegas da Sociedade de Paris, a 23 de setembro de 1865. Publicamo-la a pedido da família e porque, nas circunstâncias relatadas no artigo precedente, ela mostra onde está a verdadeira doutrina.
“Senhores e caros colegas da Sociedade de Paris, e vós todos, nossos irmãos em crença, aqui presentes:
“Há apenas um mês, vínhamos a este mesmo lugar, render as nossas últimas homenagens a um dos nossos antigos colegas, o Sr. Dozon[1]. A partida de outro irmão aqui nos traz hoje. O Sr. Nant, membro da Sociedade, acaba, também ele, de entregar à terra seus despojos mortais, para revestir o brilhante envoltório dos Espíritos. Vimos, conforme a expressão consagrada, dizer-lhe o último adeus? Não, pois sabemos que a morte não é apenas a entrada na verdadeira vida, mas que não passa de uma separação corporal de alguns instantes, e que o vazio que deixa no lar é apenas aparente.
“Ó doce e santa crença, que incessantemente nos mostra ao nosso lado os seres que nos são caros! Se ele fosse uma ilusão, deveria ser abençoada, porque enche o coração de inefável consolação! Mas não, não é uma esperança vã; é uma realidade, diariamente atestada pelas relações que se estabelecem entre os mortos e os vivos segundo a carne. Abençoada seja, pois, a ciência que nos mostra a tumba como o sólio da libertação, e nos ensina a olhar a morte de frente e sem terror!
“Oh! Meus irmãos! Lamentemos aqueles que o véu da incredulidade ainda cega. É para eles que a morte representa terríveis apreensões! Para os sobreviventes, ela é mais que uma separação; é a destruição, para todo o sempre, dos seres mais queridos. Para aquele que vê aproximar-se a sua última hora, é o abismo do nada, que se abre à sua frente, pensamento horrível que legitima as angústias e os desesperos.
“Que diferença para aquele que não só crê na vida futura, mas que a compreende e com ela se identificou! Ele já não marcha com ansiedade para o desconhecido, mas com confiança para os novos caminhos que se abrem à sua frente. Ele já os entrevê, e conta com sangue frio os minutos que deles ainda o separam, como o viajante que se aproxima do termo da viagem e sabe que à sua chegada vai encontrar repouso e receber os abraços dos amigos.
“Assim foi o Sr. Nant: Sua vida tinha sido a de um homem de bem por excelência; sua morte foi a do justo e do verdadeiro espírita. Sua fé nos ensinos de nossa doutrina era sincera e esclarecida; nela bebeu imensas consolações durante a vida, a resignação nos sofrimentos que o levaram ao seu término, e uma calma radiosa nos últimos instantes. Ele nos ofereceu um tocante exemplo da morte consciente; seguiu com lucidez os progressos da separação, que se operou sem abalos, e quando sentiu partir-se o último elo, abençoou os assistentes; depois, tomando as mãos de seu neto de dez anos, colocou-as sobre os olhos, para que ele próprio os fechasse. Alguns segundos depois soltou o último suspiro, exclamando: Oh! Eu o vejo!
“Nesse momento, seu neto, tomado de violenta emoção, foi subitamente adormecido pelos Espíritos. Em seu êxtase, viu a alma de seu avô, acompanhada por uma porção de outros Espíritos, elevar-se no espaço, mas preso ainda ao envoltório corporal pelo cordão fluídico.
“Assim, à medida que se fechavam sobre ele as portas da vida terrena, abriamse-lhe as do mundo espiritual, cujos esplendores ele entrevia.
“Ó sublime e tocante espetáculo! Por que não tinha ele por testemunhas aqueles que a esta hora troçam da ciência que nos revela tão consoladores mistérios?! Eles a teriam saudado com respeito, em vez de ridicularizá-la. Se lhe atiram a ironia e a injúria, perdoemo-los: é que eles não a conhecem e vão procurá-la onde não está.
“De nossa parte, rendamos graças ao Senhor, que quis retirar de nossos olhos o véu que nos separa da vida futura, porque a morte só parece terrível aos que nada entreveem no Além. Ensinando ao homem de onde vem, para onde vai e por que está na Terra, o Espiritismo dotou-o de um imenso benefício, pois lhe dá coragem, resignação e esperança.
“Caro Sr. Nant, nós vos acompanhamos em pensamento no mundo dos Espíritos, onde ides recolher o fruto de vossas provações terrestres e das virtudes de que destes exemplo. Recebei nosso adeus, até o momento em que nos será permitido aí nos reunirmos.
“Sem dúvida revistes o nosso irmão que vos precedeu há pouco, o Sr. Dozon, que certamente vos acompanha neste momento. Juntamo-nos a ele, em pensamento, na prece que por vós vamos dirigir a Deus”
(Aqui é dita a prece pelos que acabam de deixar a Terra, que se acha no Evangelho segundo o Espiritismo).
NOTA: No momento de imprimir este número da Revista, soubemos que o Sr. Nant, por disposição testamentária, legou 2.000 francos para serem aplicados na propagação do Espiritismo
[1] Sr. Dozon, autor das Revelações de Além-túmulo, 4 vol. Falecido em Passy (Paris), a 1º de agosto de 1865.
“Senhores e caros colegas da Sociedade de Paris, e vós todos, nossos irmãos em crença, aqui presentes:
“Há apenas um mês, vínhamos a este mesmo lugar, render as nossas últimas homenagens a um dos nossos antigos colegas, o Sr. Dozon[1]. A partida de outro irmão aqui nos traz hoje. O Sr. Nant, membro da Sociedade, acaba, também ele, de entregar à terra seus despojos mortais, para revestir o brilhante envoltório dos Espíritos. Vimos, conforme a expressão consagrada, dizer-lhe o último adeus? Não, pois sabemos que a morte não é apenas a entrada na verdadeira vida, mas que não passa de uma separação corporal de alguns instantes, e que o vazio que deixa no lar é apenas aparente.
“Ó doce e santa crença, que incessantemente nos mostra ao nosso lado os seres que nos são caros! Se ele fosse uma ilusão, deveria ser abençoada, porque enche o coração de inefável consolação! Mas não, não é uma esperança vã; é uma realidade, diariamente atestada pelas relações que se estabelecem entre os mortos e os vivos segundo a carne. Abençoada seja, pois, a ciência que nos mostra a tumba como o sólio da libertação, e nos ensina a olhar a morte de frente e sem terror!
“Oh! Meus irmãos! Lamentemos aqueles que o véu da incredulidade ainda cega. É para eles que a morte representa terríveis apreensões! Para os sobreviventes, ela é mais que uma separação; é a destruição, para todo o sempre, dos seres mais queridos. Para aquele que vê aproximar-se a sua última hora, é o abismo do nada, que se abre à sua frente, pensamento horrível que legitima as angústias e os desesperos.
“Que diferença para aquele que não só crê na vida futura, mas que a compreende e com ela se identificou! Ele já não marcha com ansiedade para o desconhecido, mas com confiança para os novos caminhos que se abrem à sua frente. Ele já os entrevê, e conta com sangue frio os minutos que deles ainda o separam, como o viajante que se aproxima do termo da viagem e sabe que à sua chegada vai encontrar repouso e receber os abraços dos amigos.
“Assim foi o Sr. Nant: Sua vida tinha sido a de um homem de bem por excelência; sua morte foi a do justo e do verdadeiro espírita. Sua fé nos ensinos de nossa doutrina era sincera e esclarecida; nela bebeu imensas consolações durante a vida, a resignação nos sofrimentos que o levaram ao seu término, e uma calma radiosa nos últimos instantes. Ele nos ofereceu um tocante exemplo da morte consciente; seguiu com lucidez os progressos da separação, que se operou sem abalos, e quando sentiu partir-se o último elo, abençoou os assistentes; depois, tomando as mãos de seu neto de dez anos, colocou-as sobre os olhos, para que ele próprio os fechasse. Alguns segundos depois soltou o último suspiro, exclamando: Oh! Eu o vejo!
“Nesse momento, seu neto, tomado de violenta emoção, foi subitamente adormecido pelos Espíritos. Em seu êxtase, viu a alma de seu avô, acompanhada por uma porção de outros Espíritos, elevar-se no espaço, mas preso ainda ao envoltório corporal pelo cordão fluídico.
“Assim, à medida que se fechavam sobre ele as portas da vida terrena, abriamse-lhe as do mundo espiritual, cujos esplendores ele entrevia.
“Ó sublime e tocante espetáculo! Por que não tinha ele por testemunhas aqueles que a esta hora troçam da ciência que nos revela tão consoladores mistérios?! Eles a teriam saudado com respeito, em vez de ridicularizá-la. Se lhe atiram a ironia e a injúria, perdoemo-los: é que eles não a conhecem e vão procurá-la onde não está.
“De nossa parte, rendamos graças ao Senhor, que quis retirar de nossos olhos o véu que nos separa da vida futura, porque a morte só parece terrível aos que nada entreveem no Além. Ensinando ao homem de onde vem, para onde vai e por que está na Terra, o Espiritismo dotou-o de um imenso benefício, pois lhe dá coragem, resignação e esperança.
“Caro Sr. Nant, nós vos acompanhamos em pensamento no mundo dos Espíritos, onde ides recolher o fruto de vossas provações terrestres e das virtudes de que destes exemplo. Recebei nosso adeus, até o momento em que nos será permitido aí nos reunirmos.
“Sem dúvida revistes o nosso irmão que vos precedeu há pouco, o Sr. Dozon, que certamente vos acompanha neste momento. Juntamo-nos a ele, em pensamento, na prece que por vós vamos dirigir a Deus”
(Aqui é dita a prece pelos que acabam de deixar a Terra, que se acha no Evangelho segundo o Espiritismo).
NOTA: No momento de imprimir este número da Revista, soubemos que o Sr. Nant, por disposição testamentária, legou 2.000 francos para serem aplicados na propagação do Espiritismo
[1] Sr. Dozon, autor das Revelações de Além-túmulo, 4 vol. Falecido em Passy (Paris), a 1º de agosto de 1865.
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