Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1866
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Agosto - Os profetas do passado
Agosto
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Os profetas do passado
Uma obra intitulada Les Prophètes du Passé, pelo Sr. Barbey d’Aurévilly, contém o elogio de Joseph de Maistre e de Bonald, porque eles ficaram ultramontanos durante toda a vida, ao passo que Chateaubriand aí é censurado e Lamennais insultado e apresentado sob aspecto odioso. A passagem seguinte mostra o espírito com que esse o livro é concebido.
“Neste mundo, onde o espírito e o corpo estão unidos por um mistério indissolúvel, o castigo corporal tem sua razão espiritual de existir, porque o homem não tem o encargo de desdobrar a criação. Ora, se em vez de queimar os escritos de Lutero, cujas cinzas caíram na Europa como uma semente, tivessem queimado o próprio Lutero, o mundo estaria salvo pelo menos por um século. Queimado Lutero, vão gritar, mas não me apego essencialmente à fogueira, desde que o erro seja suprimido em sua manifestação do momento e em sua manifestação contínua, isto é, o homem que o disse ou o escreveu e que a chama de verdade. É muito para os cordeiros da anarquia não balir senão a liberdade! Um homem de gênio, o mais positivo que existiu desde Maquiavel e que absolutamente não era católico, mas, ao contrário, um pouco liberal, dizia, com a brutalidade de uma decisão necessária: ‘Minha política é de matar dois homens, quando necessário, para salvar três.’ Ora, matando Lutero, não são três homens que se salvariam ao custo de dois; seriam milhares de homens ao preço de um só. Além disto, há mais do que a economia do sangue dos homens, há o respeito à consciência e à inteligência do gênero humano. Lutero falseava uma e outra. Depois, quando há um ensinamento e uma fé social, ─ era, então, o Catolicismo ─ é mesmo preciso protegê-los e defendê-los, sob pena de perecer, um dia ou outro, como Sociedade. Daí os tribunais e as instituições para identificar os delitos contra a fé e o ensino. A inquisição é, pois, uma necessidade lógica numa sociedade qualquer.”
Se os princípios que acabamos de citar não passassem de opinião pessoal do autor, não mereceriam mais preocupação do que muitas outras excentricidades, mas ele não fala apenas em seu nome, e o partido do qual se faz porta-voz, não os desaprovando, dá pelo menos uma adesão tácita. Aliás, não é a primeira vez que, em nossos dias, essas mesmas doutrinas são preconizadas publicamente e é bem certo que elas ainda hoje constituem a opinião de certa classe de pessoas. Se as pessoas não se comovem o bastante, é que a Sociedade tem muita consciência de sua força para amedrontar-se. Todos compreendem que tais anacronismos prejudicam, antes de tudo, aos que os praticam, porque cavam mais profundamente o abismo entre o passado e o presente; esclarecem as massas e as mantêm despertas.
Como se vê, o autor não disfarça o seu pensamento e não toma precauções oratórias; aqui ele vai direto ao ponto, sem rodeios : “Teria sido necessário queimar Lutero; teria sido preciso queimar todos os autores de heresias, para maior glória de Deus e para a salvação da religião.” Ele é claro e preciso. É triste para uma religião ter semelhantes expedientes como base de sua autoridade e de sua estabilidade; é mostrar pouca confiança em seu ascendente moral. Se a sua base é a verdade absoluta, ela deve desafiar todos os argumentos contrários; como o Sol, deve bastar-lhe mostrar-se para dissipar as trevas. Toda religião que vem de Deus nada tem a temer do capricho nem da malícia dos homens; ela haure a sua força no raciocínio, e se um homem tivesse o poder de derrubá-la, de duas, uma, ou ela não seria obra de Deus, ou esse homem seria mais lógico do que Deus, porquanto seus argumentos prevaleceriam sobre os de Deus.
O autor teria preferido antes queimar Lutero do que os seus livros, porque, diz ele, as cinzas destes caíram sobre a Europa como uma semente. Ele concorda, portanto, que os autos de fé dos livros beneficiam mais à ideia que se quer destruir do que a prejudicam. Eis uma grande e profunda verdade constatada pela experiência. Assim, queimar o homem lhe parece mais eficaz porque, em sua opinião, é parar o mal na fonte. Mas acredita ele que as cinzas do homem sejam menos fecundas que as dos livros? Refletiu ele em todos os rebentos que produziram as de quatrocentos mil heréticos queimados pela Inquisição, sem contar o número imensamente grande dos que pereceram em outros suplícios? Os livros queimados apenas dão cinzas, mas as vítimas humanas dão sangue que produz marcas indeléveis e cai sobre os que o derramam. Foi desse sangue que saiu a febre de incredulidade que atormenta o nosso século, e se a fé se extingue, é que quiseram cimentá-la pelo sangue e não pelo amor a Deus. Como amar um Deus que manda queimar os seus filhos? Como crer em sua bondade, se a fumaça das vítimas é um incenso que lhe é agradável? Como crer em seu poder infinito, se ele necessita do braço do homem para fazer prevalecer a sua autoridade pela destruição?
Dirão que isto não é a religião, mas o abuso. Com efeito, se fosse essa a essência do Cristianismo, nada haveria a invejar ao paganismo, mesmo quanto aos sacrifícios humanos, e o mundo pouco teria ganho com a troca. Sim, certamente é abuso; mas quando o abuso é obra de chefes que têm autoridade, que dela fazem uma lei e a apresentam como a mais santa ortodoxia, não é de admirar que mais tarde as massas pouco esclarecidas confundam tudo na mesma reprovação. Ora, foram precisamente os abusos que engendraram as reformas, e aqueles que as preconizaram colhem o que semearam.
É notável que 90% das trezentas e sessenta e tantas seitas que dividiram o Cristianismo desde a sua origem tiveram por objetivo aproximar-se dos princípios evangélicos, de onde é racional concluir que, se não tivessem dele se afastado, essas seitas não se teriam formado. E com que armas as combateram? Sempre pelo ferro, pelo fogo, pelas proscrições e pelas perseguições. Tristes e pobres meios de convencer! Foi no sangue que quiseram sufocá-las. Na falta de raciocínio, a força pôde triunfar sobre indivíduos, destruí-los, dispersá-los, mas não pôde aniquilar a ideia. É por isto que, com algumas variantes, nós as vemos reaparecerem incessantemente, sob outros nomes ou sob novos chefes.
O autor desse livro, como vimos, é a favor dos remédios heróicos. Contudo, como ele teme que a ideia de queimar faça gritar no século em que estamos, declara “não se ater essencialmente à fogueira, desde que o erro seja suprimido na sua manifestação do momento e na sua manifestação contínua, isto é, o homem que o disse ou o escreveu, e que o chama de verdade”. Assim, desde que o homem desapareça, pouco lhe importa a maneira. Sabe-se que os recursos não faltam, pois o fim justifica os meios. Eis para a manifestação do momento; mas, para que o erro seja destruído na sua manifestação contínua, é necessário fazer desaparecer todos os adeptos que não quiserem render-se de boa vontade. Vê-se que isto nos leva longe. Além do mais, se o meio é duro, é infalível para desembaraçar-se de qualquer oposição.
Tais ideias, no século em que vivemos, não podem deixar de ser importações e reminiscências de existências precedentes. Quanto aos cordeiros que balem a liberdade, aí ainda está um anacronismo, uma lembrança do passado. Realmente, outrora não podiam senão balir, mas hoje os cordeiros tornaram-se aríetes: não balem mais a liberdade; eles a tomam.[1]
Entretanto, vejamos se queimando Lutero teriam detido o movimento, do qual ele foi o instigador. O autor não parece muito certo disto, pois que diz: “O mundo estaria salvo, pelo menos por um século.” Um século de espera, eis tudo o que teriam ganho! E por quê? Eis a razão:
Se os reformadores só exprimissem as suas ideias pessoais, não reformariam absolutamente nada, porque não encontrariam eco. Um homem sozinho é impotente para agitar as massas se as massas estiverem inertes e não sentirem nelas vibrar alguma fibra. É de notar que as grandes renovações sociais jamais chegam bruscamente; como as erupções vulcânicas, elas são precedidas por sintomas precursores. As ideias novas germinam, fervem em muitas cabeças; a Sociedade é agitada por uma espécie de frêmito, que a põe à espera de alguma coisa.
É nesses momentos que surgem os verdadeiros reformadores, que assim se veem como representantes, não de uma ideia individual, mas de uma ideia coletiva, vaga, à qual o reformador dá forma precisa e concreta, e ele só triunfa porque encontra os espíritos prontos a recebê-la. Tal era a posição de Lutero. Mas Lutero nem foi o primeiro nem o único promotor da reforma. Antes dele, houve apóstolos como Wicklef, João Huss, Jerônimo de Praga. Estes dois últimos foram queimados por ordem do concílio de Constança; os hussitas, perseguidos tenazmente, após uma guerra encarniçada, foram vencidos e massacrados. Os homens foram destruídos, mas não a ideia, que foi retomada mais tarde sob outra forma e modificada nalguns detalhes por Lutero, Calvino, Zwingle e outros, de onde é permitido concluir que, se tivessem queimado Lutero, isto para nada teria servido, e nem mesmo dado um século de espera, porque a ideia da reforma não estava só na cabeça de Lutero, mas em milhares de outras, de onde deveriam sair homens capazes de sustentá-la. Não teria sido senão um crime a mais, sem proveito para a causa que o tivesse provocado. Tanto é certo que, quando uma corrente de ideias novas atravessa o mundo, nada poderá detê-la.
Lendo tais palavras, julgar-se-iam escritas durante a febre das guerras religiosas, e não nos tempos em que se julgam as doutrinas com a calma da razão.
[1] Aqui Kardec faz um trocadilho: Bélier ou belier significa carneiro e aríete. (N. Revisor.)
“Neste mundo, onde o espírito e o corpo estão unidos por um mistério indissolúvel, o castigo corporal tem sua razão espiritual de existir, porque o homem não tem o encargo de desdobrar a criação. Ora, se em vez de queimar os escritos de Lutero, cujas cinzas caíram na Europa como uma semente, tivessem queimado o próprio Lutero, o mundo estaria salvo pelo menos por um século. Queimado Lutero, vão gritar, mas não me apego essencialmente à fogueira, desde que o erro seja suprimido em sua manifestação do momento e em sua manifestação contínua, isto é, o homem que o disse ou o escreveu e que a chama de verdade. É muito para os cordeiros da anarquia não balir senão a liberdade! Um homem de gênio, o mais positivo que existiu desde Maquiavel e que absolutamente não era católico, mas, ao contrário, um pouco liberal, dizia, com a brutalidade de uma decisão necessária: ‘Minha política é de matar dois homens, quando necessário, para salvar três.’ Ora, matando Lutero, não são três homens que se salvariam ao custo de dois; seriam milhares de homens ao preço de um só. Além disto, há mais do que a economia do sangue dos homens, há o respeito à consciência e à inteligência do gênero humano. Lutero falseava uma e outra. Depois, quando há um ensinamento e uma fé social, ─ era, então, o Catolicismo ─ é mesmo preciso protegê-los e defendê-los, sob pena de perecer, um dia ou outro, como Sociedade. Daí os tribunais e as instituições para identificar os delitos contra a fé e o ensino. A inquisição é, pois, uma necessidade lógica numa sociedade qualquer.”
Se os princípios que acabamos de citar não passassem de opinião pessoal do autor, não mereceriam mais preocupação do que muitas outras excentricidades, mas ele não fala apenas em seu nome, e o partido do qual se faz porta-voz, não os desaprovando, dá pelo menos uma adesão tácita. Aliás, não é a primeira vez que, em nossos dias, essas mesmas doutrinas são preconizadas publicamente e é bem certo que elas ainda hoje constituem a opinião de certa classe de pessoas. Se as pessoas não se comovem o bastante, é que a Sociedade tem muita consciência de sua força para amedrontar-se. Todos compreendem que tais anacronismos prejudicam, antes de tudo, aos que os praticam, porque cavam mais profundamente o abismo entre o passado e o presente; esclarecem as massas e as mantêm despertas.
Como se vê, o autor não disfarça o seu pensamento e não toma precauções oratórias; aqui ele vai direto ao ponto, sem rodeios : “Teria sido necessário queimar Lutero; teria sido preciso queimar todos os autores de heresias, para maior glória de Deus e para a salvação da religião.” Ele é claro e preciso. É triste para uma religião ter semelhantes expedientes como base de sua autoridade e de sua estabilidade; é mostrar pouca confiança em seu ascendente moral. Se a sua base é a verdade absoluta, ela deve desafiar todos os argumentos contrários; como o Sol, deve bastar-lhe mostrar-se para dissipar as trevas. Toda religião que vem de Deus nada tem a temer do capricho nem da malícia dos homens; ela haure a sua força no raciocínio, e se um homem tivesse o poder de derrubá-la, de duas, uma, ou ela não seria obra de Deus, ou esse homem seria mais lógico do que Deus, porquanto seus argumentos prevaleceriam sobre os de Deus.
O autor teria preferido antes queimar Lutero do que os seus livros, porque, diz ele, as cinzas destes caíram sobre a Europa como uma semente. Ele concorda, portanto, que os autos de fé dos livros beneficiam mais à ideia que se quer destruir do que a prejudicam. Eis uma grande e profunda verdade constatada pela experiência. Assim, queimar o homem lhe parece mais eficaz porque, em sua opinião, é parar o mal na fonte. Mas acredita ele que as cinzas do homem sejam menos fecundas que as dos livros? Refletiu ele em todos os rebentos que produziram as de quatrocentos mil heréticos queimados pela Inquisição, sem contar o número imensamente grande dos que pereceram em outros suplícios? Os livros queimados apenas dão cinzas, mas as vítimas humanas dão sangue que produz marcas indeléveis e cai sobre os que o derramam. Foi desse sangue que saiu a febre de incredulidade que atormenta o nosso século, e se a fé se extingue, é que quiseram cimentá-la pelo sangue e não pelo amor a Deus. Como amar um Deus que manda queimar os seus filhos? Como crer em sua bondade, se a fumaça das vítimas é um incenso que lhe é agradável? Como crer em seu poder infinito, se ele necessita do braço do homem para fazer prevalecer a sua autoridade pela destruição?
Dirão que isto não é a religião, mas o abuso. Com efeito, se fosse essa a essência do Cristianismo, nada haveria a invejar ao paganismo, mesmo quanto aos sacrifícios humanos, e o mundo pouco teria ganho com a troca. Sim, certamente é abuso; mas quando o abuso é obra de chefes que têm autoridade, que dela fazem uma lei e a apresentam como a mais santa ortodoxia, não é de admirar que mais tarde as massas pouco esclarecidas confundam tudo na mesma reprovação. Ora, foram precisamente os abusos que engendraram as reformas, e aqueles que as preconizaram colhem o que semearam.
É notável que 90% das trezentas e sessenta e tantas seitas que dividiram o Cristianismo desde a sua origem tiveram por objetivo aproximar-se dos princípios evangélicos, de onde é racional concluir que, se não tivessem dele se afastado, essas seitas não se teriam formado. E com que armas as combateram? Sempre pelo ferro, pelo fogo, pelas proscrições e pelas perseguições. Tristes e pobres meios de convencer! Foi no sangue que quiseram sufocá-las. Na falta de raciocínio, a força pôde triunfar sobre indivíduos, destruí-los, dispersá-los, mas não pôde aniquilar a ideia. É por isto que, com algumas variantes, nós as vemos reaparecerem incessantemente, sob outros nomes ou sob novos chefes.
O autor desse livro, como vimos, é a favor dos remédios heróicos. Contudo, como ele teme que a ideia de queimar faça gritar no século em que estamos, declara “não se ater essencialmente à fogueira, desde que o erro seja suprimido na sua manifestação do momento e na sua manifestação contínua, isto é, o homem que o disse ou o escreveu, e que o chama de verdade”. Assim, desde que o homem desapareça, pouco lhe importa a maneira. Sabe-se que os recursos não faltam, pois o fim justifica os meios. Eis para a manifestação do momento; mas, para que o erro seja destruído na sua manifestação contínua, é necessário fazer desaparecer todos os adeptos que não quiserem render-se de boa vontade. Vê-se que isto nos leva longe. Além do mais, se o meio é duro, é infalível para desembaraçar-se de qualquer oposição.
Tais ideias, no século em que vivemos, não podem deixar de ser importações e reminiscências de existências precedentes. Quanto aos cordeiros que balem a liberdade, aí ainda está um anacronismo, uma lembrança do passado. Realmente, outrora não podiam senão balir, mas hoje os cordeiros tornaram-se aríetes: não balem mais a liberdade; eles a tomam.[1]
Entretanto, vejamos se queimando Lutero teriam detido o movimento, do qual ele foi o instigador. O autor não parece muito certo disto, pois que diz: “O mundo estaria salvo, pelo menos por um século.” Um século de espera, eis tudo o que teriam ganho! E por quê? Eis a razão:
Se os reformadores só exprimissem as suas ideias pessoais, não reformariam absolutamente nada, porque não encontrariam eco. Um homem sozinho é impotente para agitar as massas se as massas estiverem inertes e não sentirem nelas vibrar alguma fibra. É de notar que as grandes renovações sociais jamais chegam bruscamente; como as erupções vulcânicas, elas são precedidas por sintomas precursores. As ideias novas germinam, fervem em muitas cabeças; a Sociedade é agitada por uma espécie de frêmito, que a põe à espera de alguma coisa.
É nesses momentos que surgem os verdadeiros reformadores, que assim se veem como representantes, não de uma ideia individual, mas de uma ideia coletiva, vaga, à qual o reformador dá forma precisa e concreta, e ele só triunfa porque encontra os espíritos prontos a recebê-la. Tal era a posição de Lutero. Mas Lutero nem foi o primeiro nem o único promotor da reforma. Antes dele, houve apóstolos como Wicklef, João Huss, Jerônimo de Praga. Estes dois últimos foram queimados por ordem do concílio de Constança; os hussitas, perseguidos tenazmente, após uma guerra encarniçada, foram vencidos e massacrados. Os homens foram destruídos, mas não a ideia, que foi retomada mais tarde sob outra forma e modificada nalguns detalhes por Lutero, Calvino, Zwingle e outros, de onde é permitido concluir que, se tivessem queimado Lutero, isto para nada teria servido, e nem mesmo dado um século de espera, porque a ideia da reforma não estava só na cabeça de Lutero, mas em milhares de outras, de onde deveriam sair homens capazes de sustentá-la. Não teria sido senão um crime a mais, sem proveito para a causa que o tivesse provocado. Tanto é certo que, quando uma corrente de ideias novas atravessa o mundo, nada poderá detê-la.
Lendo tais palavras, julgar-se-iam escritas durante a febre das guerras religiosas, e não nos tempos em que se julgam as doutrinas com a calma da razão.
[1] Aqui Kardec faz um trocadilho: Bélier ou belier significa carneiro e aríete. (N. Revisor.)
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