ESCALADA DE LUZ

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CAPÍTULO 15

Estranho diálogo

Num ponto da estrada, dois estranhos vultos se encontraram. O primeiro, de olhos inquietos, cabelos em desalinho, rosto triste e magro, segurando, na mão esquelética e ossuda, um martelo, dizia à outra personagem que se mostrava quase despida, com os olhos iluminados pela compaixão:
—Eu sou a Dor. Sempre sou recebida com desagrado. Carrego comigo o martelo que aperfeiçoa. Tentando diminuir a minha força, inventaram a anestesia. Mas só compareço onde sou chamada. Sem o meu concurso os homens mofariam na inutilidade. Vendo a Dor que sua amiga chorava, perguntou-Ihe:

—E tu, quem és?

—Ah! Eu... - retrucou a amiga timidamente - não tenho morada certa, bato à porta de todos os corações, desde o órfão ao rei, desde o lar ao prostíbulo, faço minha ronda permanente e o meu trabalho quase nada renderia se não fosse teu precioso concurso, amiga Dor.

Servindo-se do intervalo, a Dor, que ainda mantinha o seu martelo nas mãos, indagou comovida: - Então crês que eu sou importante? Somente um anjo poderia me falar assim. Mas quem és?


Aquele vulto estranho, tomando-lhe as mãos, beijou-as e lhe disse:

—Eu... Eu sou a Caridade!




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